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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Mosteiro cisterciense do século XII renasce na Califórnia

Abadia de New Clairvaux, Califórnia
Abadia de New Clairvaux, Califórnia
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




No norte da Califórnia renasceu um mosteiro medieval cisterciense.

A notícia caiu como um raio em céu sereno, pois nunca se diria que o progressista estado californiano acolheria um dos símbolos mais opostos à modernidade.

Além do mais, trata-se de um autêntico mosteiro medieval espanhol do século XII.

Como?

O magnata William Randolph Hearst havia comprado e levado para a Califórnia no início do século XX as ruínas do mosteiro de Santa Maria de Óvila, da Espanha, desmontou-o, mas não conseguiu restaurá-lo.

A cidade de San Francisco se opôs e as pedras ficaram por décadas no Golden Gate Park. Veio depois a Grande Depressão, a Segunda Guerra Mundial e pareceu que o projeto estava totalmente morto, segundo o “The New York Times”.


Abadia de New Clairvaux, Califórnia
Abadia de New Clairvaux, Califórnia
Sinal dos tempos, monges cistercienses apelaram à população, reuniram fundos e realizaram no século XXI o que foi impossível no século XX: a reconstrução do prédio gótico de Santa Maria de Óvila, do século XII.

“O que parecia morto, ou quase morto, ergue-se de novo”, disse sobre a restauração o padre Paul Mark Schwan, abade do mosteiro restaurado com o nome de New Clairvaux,

Após a conclusão de grande parte das obras, a abadia foi aberta à visitação pública em 2012.

Dois terços das pedras são originais, mas foram necessários reforços modernos para resistir aos terremotos.

Rodeada de vinhedos, a abadia fica num campo distante duas horas do norte de Sacramento.

O mosteiro de Santa Maria de Óvila, na província de Guadalajara, foi fundado em 1167 pelo rei Afonso VIII de Castela em terras recuperadas dos mouros.

A abadia entrou em decadência e foi fechada por um governo anticlerical em 1835.

O magnata Hearst ouviu falar das ruínas e, segundo a revista “American Heritage”, contratou agricultores e trabalhadores espanhóis dos vilarejos próximos para desmontar e transportar as peças mais importantes.

Foi necessário construir trilhos de trem, estradas e uma ponte para mover as imensas pedras que foram carregadas por 11 barcos até San Francisco.

Porém, Hearst passou a enfrentar dificuldades econômicas e abandonou o projeto, doando as pedras do mosteiro à cidade de San Francisco.

Mas os planos da prefeitura dessa cidade não deram em nada; os caixotes que continham as pedras pegaram fogo algumas vezes e as relíquias ficaram ao relento. A prefeitura nunca levantou o dinheiro necessário para concluir o projeto.

Abadia de New Clairvaux, Califórnia
Abadia de New Clairvaux, Califórnia
Em 1994, alguns monges cistercienses convenceram a prefeitura a doar-lhes as pedras, sob a condição de iniciarem a restauração dentro de uma década.

Tendo os monges arrecadado US$ 7 milhões, os trabalhos tiveram início em 2004.

Para reatar com um costume medieval, os religiosos também passaram a produzir cerveja premium estilo trapista, chamada Óvila.

Na Europa as cervejas produzidas pelas abadias estão entre as melhores.

As obras foram completadas em grande parte e a parte principal da abadia já pode ser usada como na Idade Média.

Vendo a decadência do século XIX, quem teria dito que o sacral e austero mosteiro dos cistercienses renasceria para a vida no século XXI? E logo na Califórnia!?

Isto é matéria para sérias reflexões para interpretar bem o presente e o futuro mais ou menos próximo.




Breve histórico da abadia (em inglês)





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Um comentário:

  1. Achei muito interessante e animadora essa notícia! Louvado seja Deus pelo labor e dedicação desses monges!

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