Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Continuação do post anterior: A catedral e “a arquitetura da felicidade” (1)
“O ruído contínuo de fora dava lugar ao silêncio e à emoção inspirada pelo sublime.
As crianças permaneciam coladas aos pais e olhavam em volta com ar de encantada reverência.
“Os visitantes instintivamente falavam baixo como se estivessem coletivamente imersos num sonho do qual não gostariam de sair.
O anonimato reinante na rua era aqui assumido por uma peculiar espécie de intimidade.
“Tudo o que é sério na natureza humana parecia chamado à superfície: pensamentos sobre a limitação e o infinitamente grande, sobre contingência e sublimidade.
“Uma escultura em pedra punha em relevo tudo o que desaparecia e destinado à insensibilidade e reacendia na alma o desejo de viver de acordo com essas perfeições.
“Após alguns minutos na catedral, toda uma série de idéias que, lá fora seriam inconcebíveis, assumia ares de razoabilidade.
“Sob a influência dos mármores, dos mosaicos, da obscuridade e do incenso, parecia inteiramente provável que Jesus fosse o Filho de Deus e que tivesse andado sobre o mar da Galiléia.
“Em presença de imagens de alabastro da Virgem Maria postas diante de um encadeamento rítmico de mármores vermelhos, verdes e azuis, já não era mais surpreendente que um anjo pudesse a qualquer instante descer através das camadas densas dos cúmulos londrinos, entrar por uma das janelas da nave, soar um trompete dourado e anunciar, em latim, um próximo acontecimento celeste.
“Conceitos que pareceriam próprios a um demente a 40 m de distância daquele local, em companhia de um grupo de adolescentes finlandeses e cubas espumantes de óleo de fritura – esses conceitos agora adquiriam, em virtude de um trabalho de arquitetura – um sentido supremo e majestoso”.
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Obrigada por todas as informações que tenho vindo a receber.
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