Ulm: a catedral mais alta do mundo nasceu católica |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Na cidade alemã de Ulm, a igreja mais alta do mundo sobe vertiginosamente aos céus.
Embora não seja sede de bispado, ela é chamada de “catedral” pelas suas dimensões: a torre atinge 161,53 m de altura.
Também é chamada de "Ulmer Munster" título que lhe concedia privilegios abaciais
É um exemplo típico da arquitetura eclesiástica gótica.
Igreja mais alta do mundo: Ulm, Alemanha |
A história desta “catedral” foi muito perturbada.
Os cidadãos de Ulm desejavam uma igreja grandiosa, porém mais acessível, no centro da cidade, e encomendaram esta.
Sua pedra fundamental foi depositada no ano de 1377, e as obras partiram em bom ritmo.
Em 1392, Ulrich Ensingen, um dos arquitetos da catedral de Estrasburgo, foi feito chefe da confraria de construtores. A “catedral” foi consagrada em 1405.
Porém, por um senso de alteridade mal entendido, os habitantes de Ulm decidiram não completar a torre, contrariamente ao que faziam as cidades vizinhas que estavam construindo suas catedrais.
Eles desejavam que ninguém fizesse uma igreja mais alta, e então esconderam as dimensões de seu projeto.
Porém, em 1531, tendo aderido ao protestantismo, os cidadãos de Ulm paralisaram as obras.
A Revolução Protestante foi visceralmente inimiga das proezas do espírito medieval.
Ulm: pintura evoca os tempos católicos |
Seus adeptos invadiram e confiscaram a “catedral” parcialmente construída e, obviamente, durante séculos nada fizeram para completá-la.
No século XIX, o espúrio império prussiano estimulou a construção de grandes prédios para dar lustro à sua glória por demais nova, a qual, aliás, durou pouco.
Desse impulso beneficiou-se a “catedral” de Ulm.
Sua torre foi concluída 513 anos após o início das obras – mais precisamente em 1890 –, transformando-a no prédio mais alto do mundo.
Ainda hoje, ela figura entre os 20 edifícios mais altos da Europa.
A igreja possui três naves principais da mesma altura e uma única torre.
A “catedral” de Ulm sobreviveu quase incólume aos bombardeios devastadores da II Guerra Mundial, apesar de 80% do centro histórico da cidade ficarem reduzidos a ruínas pelas bombas.
Aliás, fato semelhante se deu em Colônia: todas as construções de outros séculos foram pulverizadas pelas bombas dos aliados, a ponto de os cordeiros pastarem o capim que crescia entre os escombros da outrora grandiosa cidade.
Naves centrais da igreja mais alta do mundo |
Foi um sinal assombroso da bênção divina que pousa sobre as grandes realizações da era de Fé e Luz que foi a Idade Média.
No século XIX ela acabou sendo completada.
O que dizer da sabedoria medieval capaz de erguer prédios que superam a imensa maioria dos levantados em séculos posteriores e que resistiram aos séculos e aos bombardeiros mais ferozes que a História recorda?
Sem dúvida, a sabedoria que os medievais amavam e fizeram deles, muito contribuiu para tal.
Mas é só isso?
Não há um desígnio de Deus pairando sobre essas maravilhosas construções góticas, protegendo-as das insensatezes dos homens?
E não haverá nelas um ensinamento para o nosso presente arquitetônico, marcado pela instabilidade dos projetos, pelos materiais vulgares e estruturas efêmeras?
Não haverá ali uma indicação para nosso futuro?
Para as catedrais que virão após a Igreja superar a presente crise que parece querer levá-la ao fundo dos infernos?
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Obrigado pelo artigo!
ResponderExcluirquando se tem o dedo de Deus pior tras das coisas nem mesmo o bombardeio de explosivos conseguem derrubar tal.
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