Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
As torres da Catedral de Burgos, na Espanha, têm um encanto indefinível.
São altaneiras e emulam uma com a outra para galgar o céu.
Todas as paredes da catedral são forradas de quadros que representam cenas da Escritura, ou de vidas de Santos, episódios da História da Igreja, etc.
O teto como é muito bem trabalho e bem pintado. E do mesmo modo as três naves e, no fundo, o altar mor, o púlpito, que ainda se conserva.
A pedra tem uma nobreza intrínseca, que é indefinível e vem da durabilidade, da seriedade, da força.
O trabalho feito sobre a pedra atesta melhor a capacidade não só do estatuário como do escultor.
Por exemplo, numa renda: a renda é bonita, mas uma renda de pedra, como as da catedral de Burgos são mais bonitas que as feitas em tecido ou pintadas.
Não é só o trabalho que deu: é a força e o encanto da pedra que é símbolo da força e da eternidade de Deus.
Entre um feixe de colunas góticas aparecem grades bonitas encimadas por símbolos heráldicos.
O olhar atravessa elementos diversos, que ao mesmo tempo estão em contraste e são agradáveis de ver.
Isso faz o encanto: é uma continuidade na variedade. Há muita continuidade e muita variedade.
Se em lugar de pedra a renda fosse de gesso, teria se tirado moldes, e se teriam feito 500 catedrais com o mesmo trabalho de gesso em 500 cidades de continentes diferentes.
Os senhores estariam olhando para isso essa repetição infindável feita de gesso? Não, já teriam desviado os olhos.
(Fonte: Plinio Corrêa de Oliveira, palestra em 2.9.72. Sem revisão do autor.)
Catedral de Santa Maria de Burgos:
resistência cultural ao Islã e presença de Lúcifer
resistência cultural ao Islã e presença de Lúcifer
A catedral e basílica de Santa Maria de Burgos é o templo católico de maior rango no antigo reino de Castela e Leão.
De início foi levantada uma igreja românica em 1075 quando a cidade foi erigida em Sé episcopal pelo rei Afonso VI. Dessa maneira, o monarca deu continuidade canônica à velha diocese de Oca, cujo prelado foi signatário do III Concilio de Toledo, na época visigótica em 589.
O rei queria uma catedral dedicada à Virgem Maria. Para isso, sacrificou o palácio real de seu pai o rei Fernando I e uma pequena igreja também dedicada a Santa Maria.
No século XIII, a catedral tinha adquirido tanta importância que foi necessário construir uma nova catedral.
A nova começou a ser construída em 20 de julho de 1221, seguindo patrões góticos franceses. O estilo teve um significado marcante.
Burgos: entrada lateral. |
Os monges vindos da França trouxeram o gótico para inspirar a resistência da Cruz e o estilo foi um ponto de referência para os heróis da reconquista cristã da península ibérica.
A fachada principal corresponde ao mais puro estilo gótico francês das grandes catedrais de Paris e Reims. No interior, a referência é a Catedral de Bourges.
Os grandes lançadores da catedral foram o rei São Fernando III de Castela e o bispo Mauricio, cabeça da diocese. O primeiro mestre de obras poderia ter sido o cônego francês Johan de Champagne.
As obras avançaram com rapidez e o oficio divino já era celebrado em 1230. Na segunda metade do século XIII e início do XIV foram completadas as capelas das naves laterais e um novo claustro.
No século XV foram feitas as agulhas das torres, o cibório e a Capela dos Condestáveis. Nos séculos seguintes foram acrescentadas admiráveis capelas, como a de Santa Tecla, das Relíquias e a Sacristia.
Importantes restaurações aconteceram nos séculos XIX e XX.
A catedral alberga importantes tesouros religiosos e numerosos sepulcros góticos e renascentistas.
Entre os tesouros se destaca o Santíssimo Cristo de Burgos, imagem de tradição miraculosa e objeto de grande devoção.
Também acolhe o túmulo do famoso herói medieval contra os mouros El Cid Campeador e de sua esposa Dona Ximena.
O “Papamoscas”
O 'Papamoscas' da catedral de Burgos. |
Na catedral de Burgos há um exemplo: o autómato articulado conhecido como “Papamoscas” – literalmente engole moscas – humanoide de rasgos mefistofélicos que abre a boca e bate o sino das horas.
Segundo a lenda, o rei Enrique III ‘El Doliente’ ia rezar devotamente todos os dias na catedral mas começou a ser distraído pela presença de uma moça muito bela.
O rei decidiu segui-la e viu que entrava numa velha casona. A cena se repetiu outros dias.
Um dia a moça deixou cair um lenço que o rei devolveu cortesmente. Ela respondeu com um doce sorriso e saiu. Mas, após atravessar a porta, o rei ouviu uma lancinante exclamação.
A moça nunca mais voltou. O rei procurou se informar e soube com certeza que na casona onde ele a vira entrar todos os dias não morava ninguém: todos os donos haviam sido mortos pela peste negra.
O rei ordenou então que um artífice fabricara um relógio para bater as horas na Catedral. O engenho devia reproduzir a fisionomia da moça e soltar um gemido como aquele que ele tinha ouvido.
Mas, o artesão só conseguiu fazer uma figura luciferina que emitia um ruído assustador e, por isso, acabou sendo silenciada. Porém, ainda hoje, abre a boca e “papa as moscas”.
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incrível
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