Catedral Notre Dame de Reims, nave lateral esquerda. |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
continuação do post anterior: REIMS: a catedral da sagração dos reis da França
O Guarda dos Selos de França, desempenhando a função de Chanceler, sobe ao altar do lado do Evangelho e chama os doze pares para junto do rei.
Ao som do órgão, o arcebispo coloca sobre sua cabeça a coroa de Carlos Magno, enquanto os duques e pares a tocam com a mão, como símbolo de assistência, obediência e fidelidade.
Depois que o rei pôs sobre os ombros o grande manto azul forrado de arminho e semeado de flores-de-lis de ouro, é conduzido – com a coroa na cabeça, o cetro na mão direita e o bastão da justiça na esquerda – até o trono, onde se assenta.
Os pares o abraçam e proclamam por três vezes: “Vivat Rex in aeternum!” É a entronização.
Os clarins tocam, as portas da catedral se abrem de par em par, e a multidão, enchendo a nave com suas aclamações durante vários minutos, acorre para ver o Rei que Deus lhe deu.
Enquanto o arcebispo começa a missa, das abóbadas são soltos pequenos pássaros simbólicos. Arautos d’armas lançam medalhas da sagração.
Há salvas de mosquetes, descargas de artilharia.
Coroação de Felipe VI, Bibliothèque National de France |
“La belle journée que celle du sacre! Je ne l’oublierai de ma vie” – exclamou emocionada Maria Antonieta.
Exigia uma tradição, perpetuada desde os tempos de São Luís, que o Rei da França destinasse um dia, nas festas de sagração, para curar as lamentáveis chagas físicas dos doentes de seu reino. Era uma tarefa repelente e meritória.
Dois mil e quatrocentos escrofulosos e cancerosos enfileiravam-se de ambos os lados duma comprida alameda, que atravessava o parque à direita da igreja.
“Com o calor – diz o Duque de Croy, que assistiam ao episódio – o mau cheiro era tremendo e o ar estava infecto, de sorte que era preciso muita coragem e força ao rei para tomar parte nessa cerimônia, que eu não teria julgado, antes de a ver, tão rude e repugnante”.
"O rei te toca, que Deus te cure". E os doentes saravam... |
– O Rei te toca, Deus te cure.
Conta a tradição que numerosos doentes saiam curados naquelas ocasiões.
VEJA TAMBÉM:
As curas de REIMS: sinal do aprazimento de Deus com a monarquia francesa
“Le roi te touche, Dieu te guerisse” ‒ “O rei te toca, Deus te cure”
História da catedral de Notre-Dame de Reims
A Catedral de Notre-Dame de Reims disputa com as catedrais de Paris e Chartres, também dedicadas a Nossa Senhora, o título da catedral gótica mais importante da França.
Localiza-se na cidade de Reims, na região de Champagne, produtora do famoso vinho espumante. Como quase todas as grandes catedrais, a atual foi construída no século XIII em substituição a uma antiga igreja.
São Remígio, bispo de Reims, batiza Clóvis, rei dos Francos |
No ano 250, Reims já era sede do bispado de Champagne, e a conversão das hordas bárbaras ao catolicismo foi conseguida pelos religiosos de Reims.
O marco histórico foi o batismo de Clóvis I, rei dos francos, no ano 498. Clóvis e seu povo deram origem à França e foram o braço armado da Igreja Católica nos caóticos tempos após a queda do Império Romano.
A primeira catedral foi uma pequena igreja, consagrada a Nossa Senhora na época do batismo de Clóvis. No ano 816, ela foi reconstruída para abrigar a cerimônia de coroação do rei da França.
A atual catedral foi iniciada em 6 de maio de 1211 pelo arcebispo Aubrey de Humbert.
Na década seguinte foi completado o coro e as capelas laterais indispensáveis para a celebração da Missa.
A fachada principal foi iniciada em 1252 por Jean le Loupe e os pórticos foram concluídos em 1256.
Em 1299, Robert de Coucy completou a fachada até o nível onde está situada a Galeria dos Reis. A guerra dos Cem Anos, a grande peste de 1348 e um grande incêndio em 1481 atrasaram o projeto.
Aa catedral atingiu a aparência atual apenas 300 anos após a colocação da pedra fundamental, e ainda alguns elementos como as torres permanecem incompletos.
O comprimento da nave chega a 139 metros, maior que Chartres. A largura é de 13 metros e a altura de 35 metros (equivalente a um prédio de doze andares)
Santa Joana d'Arc, imagem na catedral de Reims |
O projeto previa a construção de sete torres, mas apenas as torres da fachada principal foram concluídas.
Em 1917, em plena I Guerra Mundial cerca de 300 bombas incendiarias danificaram gravemente a abóbada. A restauração ficou concluída em 1937.
Em 17 de julho de 1429 sob o auspício de Santa Joana D’Arc foi coroado o rei Carlos VII, fato histórico que encaminhou o fim da guerra dos Cem Anos.
Na ocasião, disse ela: “Nobre Rei, assim é cumprida a vontade de Deus, que desejava que eu liberasse a França e vos trouxesse à Reims, para receberdes esta sagrada missão e provar à França que sois o verdadeiro Rei”.
Santa Joana D’Arc é cultuada como a maior heroína e uma santa protetora da França.
Leia a milagrosa gesta de Santa Joana d’Arc:
1. A epopeia gloriosa de Santa Joana d’Arc entra pelo III milênio
2. Tribunal tenta enganar a heroína
3. Missão profética da Donzela de Orleans
4. Uma donzela que desfez o melhor exército da época
5. Sagração do rei em Reims
6. Juízes venais, filosoficamente democráticos, condenam a santa
7. A virgem guerreira na fogueira
8. O grande retorno da heroína santa
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Dear Mr. Du Faur
ResponderExcluirThank you very much for your free e-mails on medieval history.
Where can I find the rites of Rite Coronation of the kings of France?
ResponderExcluirMassa!!! teu blog! Coisas boas a gente sempre descobre por acaso. Sou fascinado por este tipo de assunto, inegavelmente nos ligam aos mistérios de NS. Jesus Cristo. Cordial abraço de Araraquara SP, Wilson Mello.
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