quarta-feira, 27 de abril de 2016

Múltiplos significados, ensinamentos e simbolismos contidos nos vitrais

Jesus abencoa a Igreja e repele a Sinagoga, Saint-Denis
Jesus abencoa a Igreja e repele a Sinagoga, Saint-Denis
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Os vitrais encerram múltiplos significados e simbolismos.

O vitral Ele nos introduz numa visão mística da Criação. Isto é que o universo é uma imagem do Criador e por meio dele o simples fiel pode se elevar até Deus.


Com efeito, a graça divina ilumina a inteligência do fiel e lhe faz ver o lado das coisas que espelha melhor a Deus.

O vitral é o exemplo dessa ação divina. Como?

A luz do sol (símbolo da graça de Deus) torna belas e admiráveis as cenas da vida e facilita subir até a fonte de tudo, o próprio astro solar, símbolo de Deus, fonte de todas as coisas.

E esta elevação é feita com grande e nobre prazer estético.



Notre Dame de La Belle Verrière
(Nossa Senhora do Belo Vitral)
Fornecem muitos exemplos os vitrais da catedral de Chartres.

Eles são os mais conhecidos pelo requinte estético e técnico, elaborada teologia, riqueza de pormenores e subtileza das cores.

Em Chartres, o vitral mais famoso é o de Notre Dame de La Belle Verrière (Nossa Senhora do Belo Vitral). (ao lado)

Mas, há outras jóias estéticas como o vitral da Árvore de Jessé (a genealogia de Jesus Cristo); o da vida de Santo Eustáquio, ou o dos feitos de Carlos Magno.

Outro conjunto supremo é o da Sainte Chapelle em Paris. Entrando nela, logo à direita lê-se de baixo para cima o Gênese, a história da Criação.

Os vitrais seguintes resumem o Antigo Testamento. Contemplando-os um após outro, eles nos conduzem respeitando a ordem dos livros da Bíblia, até o altar mor.

Ali lemos o vitral da Vida, Paixão e Morte de Cristo.

Continuando o giro, encontramos os Atos dos Apóstolos e a vida dos Santos.

Por fim, fechando a volta, acima da entrada está a rosácea do Apocalipse, portanto do fim do mundo.

É um percurso do início ao fim da História da humanidade, do início ao fim dos Livros Sagrados.

As igrejas olhavam para o Oriente, de onde Cristo há de vir na sua segunda vinda.

Então o sol nascente iluminava o vitral da vida de Cristo auge da História.

No poente fazia brilhar a rosácea do fim da História.

As catedrais eram livros abertos. Os vitrais eram páginas desses livros riquissimamente ilustrados.

Nos vitrais, as crianças aprendiam o catecismo, a História Sagrada e a vida dos Santos. Os adultos encontravam a descrição da ordem das ciências, das técnicas e profissões.

Os doutores tiravam inspiração para suas eruditas disputas.

As pessoas que sofriam recebiam na luz do vitral afago, sorriso, compreensão, novo ânimo e apoio sobrenatural.

Nas catedrais aconteciam também atos civis: aulas, negócios, assembleias, eventos do município, das corporações (sindicatos da época, sem luta de classes), julgamentos, etc.

Esses atos se desenvolviam na atmosfera luminosa impregnada de sobrenatural criada pelo vitral.



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