quarta-feira, 11 de abril de 2018

Como teve inicio a decadência do gótico

Catedral de Wells, Inglaterra
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








A simultânea florescência da alta escolástica e do alto gótico não representa mera coincidência, mas se deve a uma verdadeira relação de causa e efeito.

O Prof. Erwin Panosfsky nos faz uma substanciosa exposição da influencia escolástica na elaboração dos princípios que favoreceram o nascimento desse estilo característico do apogeu da Idade Média.

Seria necessário um estudo à parte, fora dos limites desse trabalho, para mostrar como esses princípios diretores da alta escolástica aparecem com toda a clareza na arquitetura do alto gótico, o que o torna um estilo genuinamente próprio de uma grande civilização católica.

Enceremos estas notas com outro fato que vem confirmar mais uma vez esta verdade.

Sabem os estudiosos da história da filosofia que a data convencional para a passagem da alta escolástica à fase de decadência da escolástica tardia é o ano de 1340, quando as teses de Guilherme Ockham marcaram o verdadeiro inicio dos tempos modernos.



Châlons-sur-Marne, Notre-Dame-en-Vaux, França
Assim como a idéia anti-escolástica de um fosso separando a fé e a razão apresentou reflexo no campo arquitetônico a estrutura românica, que apenas abrigava o santuário, dando a impressão que este constitui um espaço definido e impenetrável, quer estejamos fora ou dentro do edifício, assim também o falso misticismo e o fidelismo haveriam de afogar a razão na fé e o nominalismo haveria novamente de desvincular uma da outra.

Ora, ambas essas tendências, que marcam o declínio da alta escolástica, assinalam também a primeira decadência do estilo gótico. Tanto é verdade que a perda da concepção católica da vida acarreta a decadência até mesmo dos valores culturais que caracterizam uma autentica civilização.

Com o Renascimento desce a estética ao nível burguês da arte pela arte.

Agoniza a extrema sensibilidade gótica, e em lugar da grandeza dinâmica de uma estética posta ao serviço de Deus como fim ultimo de todas as atividades humanas, passa a imperar o ideal clássico e neo-pagão de beleza e de quietude, que anima os valores humanos ao procurar orgulhosamente substituir Deus pelo homem como medida absoluta de todas as coisas.


Continua no próximo post: A recusa do gótico e a Renascença trouxeram um estilo de vida neo-pagão


(Fonte: Catolicismo, Junho de 1960, Nº 114)


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