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quarta-feira, 28 de março de 2018

Os rostos dos homens do estilo gótico

Catedral de Notre Dame de Paris, detalhe da fachada
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs










Os espíritos que engendraram o gótico não se consumiam no desejo puramente estético de descobrir uma nova forma de expressão. Cumpre que constantemente tenhamos em mente a força e a vida que inspiraram esse estilo arquitetônico.

Esse imponderável elemento espiritual é que explica a arte gótica como manifestação da alma medieval. Não nos esqueçamos daquilo que mais importa: o gótico é fruto de uma época em que se reconhecia o valor de cada alma resgatada pelo Sangue do Divino Salvador.

E, até nos menores detalhes dos ornatos, esta verdade transparece. Ruskin estabeleceu a diferença que há entre os ornatos servis – gregos, ninivitas, egípcios – e os devidos ao artífice medieval.

Nem o artífice grego, por exemplo, “nem aqueles para os quais ele trabalhava podia suportar a aparência de imperfeição em qualquer coisa e, portanto, qualquer ornato... era composto de meras formas geométricas – bolas, sulcos e folhagens perfeitamente simétricas...



Catedral de Notre Dame de Paris, detalhe da fachada
“Mas no sistema medieval, ou melhor, no sistema cristão de ornato, esta escravidão desapareceu completamente, reconhecendo a Cristandade, tanto nas coisas pequenas quanto nas grandes, o valor individual de cada alma. Não apenas reconhece seu valor, porém, confessa sua imperfeição...

“Esse reconhecimento do poder perdido e da natureza decaida – que o grego ou o ninivita sentiam ser intensamente doloroso e do qual, na medida do possível, procuravam completamente se esquecer – o cristão, cada dia e cada hora, contemplando essa realidade sem temor, afinal, para a maior Glória de Deus”[1].

Recebendo esse contingente de trabalho das mãos dos verdadeiros filhos de Deus, livres do orgulho e da escravidão do demônio, com esses contributos a que não faltavam imperfeições, e reconhecendo mesmo essas imperfeições, o gótico forma um todo majestoso e cheio de harmonia.

Não se destinava este a agradar aos homens de modo carnal e terreno, mas, em um mundo impregnado de sentimento sacral, servia para favorecer a elevação da alma às alturas em que habita a Divindade.


Continua no próximo post: Como teve inicio a decadência do gótico
 
(Fonte: Catolicismo, Junho de 1960, Nº 114)


[1] John Ruskin, obra cit., Vol. II, p. 151. 


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