Campanário da catedral de Toledo, Espanha |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Continuação do post anterior: O concerto dos campanários – 1
Hoje são cada vez mais raros os mosteiros e as abadias tradicionais com religiosos reclusos que consagram suas vidas à oração, ao estudo e ao trabalho numa Ordem religiosa.
Outrora a sua influência nas respectivas regiões era incalculável. Por que esse abandono, hoje?
O timbre dos sinos de uma abadia em geral é grave, solene, compassado. Sinos há que mais parecem feitos para anunciar a eternidade do que o tempo. “Ora et labora” é o lema dos beneditinos.
Reza e trabalha: na paz, na serenidade, no sofrimento aceito, por vezes na luta contra a tentação, mas sempre obediente à regra que conduz o religioso ao Céu.
As vidas de santos estão cheias de fioretti encantadores a respeito desses heróis da fé que civilizaram o mundo bárbaro e construíram a Europa cristã.
Pois foram sobretudo os beneditinos e também outras Ordens religiosas que secaram os pântanos, fizeram progredir a agricultura e por vezes até certas indústrias.
A invenção do champanhe no século XVII, por exemplo, é atribuída ao monge beneditino Dom Pérignon, da Abadia de Saint-Pierre d'Hautvillers, perto de Epernay, na região de Champanhe.
Numa visita à Abadia de Lérins, situada na ilha de St-Honorat, próximo de Cannes, na Côte d’Azur, ele conheceu o método de vinificação de vinhos espumantes ali criado, e aplicou-o com sucesso em sua terra.
Discretamente dava-se início à história do mais célebre vinho da Terra, com o qual se festejam todas as grandes comemorações.
A influência de uma abadia vai muito além dos limites onde chega o som de seus sinos.
Porque a presença de almas votadas ao sobrenatural lhes confere uma sacralidade que as transforma em símbolos permanentes do destino eterno dos homens.