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terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Aos pés da catedral-mãe, a alegria das feiras de Natal

Nuremberg
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Longe da banalidade comercial de hoje, o sorriso sobrenatural do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo enchia de alegria suave e de aconchego as praças de cidades e aldeias, de palácios e choupanas da Idade Média.

A tradição, embora deformada, pervive até hoje.

Trata-se das feiras de Natal que ainda dominam em cidades alemãs, austríacas, alsacianas, etc., na Europa.

Elas constituem um eco saudoso, requintado em épocas posteriores, do Natal medieval.

Cheiro de ervas, amêndoas torradas, vinho, cravo, canela, incenso e resina de pinheiro.

Enfeites natalinos que falam não ao corpo mas à alma nos fazem reviver as profundas alegrias da infância.

Bremen
Alegrias que a festa do nascimento do Menino Jesus reaviva em toda alma reta.

Luz de vela, utensílios de madeira: tudo relembra o aspecto material rude da Gruta de Belém.

Ao mesmo tempo, parece ecoar a insondável luz sobrenatural da graça, do cântico dos anjos, da alegria ingênua e enlevada dos pastores, do maravilhamento entusiasmado dos Reis do Oriente diante do Menino Deus.

As feiras de Natal da Alemanha começam no Advento, período litúrgico tradicional das quatro semanas antes do Natal.

Dresde erige uma “pirâmide” de Natal de 14 metros de altura que não é outra coisa senão um bolo de frutas típico (Christstollen), pesando quatro toneladas.

A mais antiga feira, porém, é a de Nuremberg.

Feira de Natal, Frankfurt
A de Colônia, muito famosa, na realidade é só de 1820.

Mas como que querendo estabelecer uma ligação com o imponderável da Idade Média a cidade tem seis feiras natalinas, uma delas ao lado de sua catedral gótica, a maior da Alemanha.

Em Augsburgo, a especialidade é o pão de mel. Lá, o imenso pinheiro de Natal fica pequenino ao lado das torres da igreja, que medem 150 metros.

Em dezembro, cerca de dois milhões de pessoas passam pela feira natalina a respirar uma pontinha do charme medieval que nelas paira impalpavelmente.

Quanto mais autênticas, mais querem se parecer com os mercados medievais. Pode se encontrar um porco sendo assado em um espeto de madeira, pessoas com roupas longas, sapatos de couro de ovelha e chapéus de uma outra era. E se alguém perguntar, a resposta é uma só: o Sr., a Sra. está em um mercado de Natal medieval.

Passau
Iluminados por fogueiras acessas no chão ao invés da chata moderna lâmpada, o cheiro de madeira queimada domina o local.

Mergulhadas num ambiente que fala de fé e lógica, as pessoas compram artigos forjados no fogo, como facas e utensílios de cozinha.

Em Siegburg, um grupo de saltimbancos-trovadores anuncia o fim da feira todos os dias, com um show de fogo e instrumentos medievais.





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terça-feira, 12 de dezembro de 2023

BOURGES: uma das catedrais mais belas do mundo

Bourges: a catedral de Santo Estêvão obra prima do gótico.
Bourges: a catedral de Santo Estêvão obra prima do gótico.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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Na fachada da catedral de Bourges, no centro da França, se destacam cinco grandes póritcos que dão acesso à catedral.

A porta central fica no fundo de uma série de arcos. Ela é feita de um triângulo cheio de imagens entalhadas em pedra e encimadas por outra principal.

Depois há uma rosácea preenchida por um vitral. De um lado e doutro da rosácea há dois nichos com imagens.

No triângulo há uma porção de arcos góticos dentro da espessura da parede que tendem ao arredondado.

Estão cobertos de pequenas imagens. Depois vem a porta propriamente dita.

No tímpano da porta há uma imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo vitorioso, triunfante. E depois novas figuras.

Afinal, em baixo estão as portas de madeira todas trabalhadas, encimadas por sua vez, por rosáceas.

A estrutura das portas laterais é a mesma, apenas menos rica. Elas fazem um acompanhamento da porta central como as damas de honor acompanhavam a rainha.

A porta é construída como uma saliência na fachada. Nos dias de chuva ou de sol muito forte, as pessoas podem ficar um pouco protegidas.

Nas construções modernas, mesmo as mais modestas, há uma preocupação análoga de colocar alguma coisa na entrada que proteja a pessoa que vai entrar.

Bourges: uma Bíblia e um catecismo em pedra que todos apreendiam a ler.
Bourges: uma Bíblia e um catecismo em pedra que todos apreendiam a ler.
De maneira que enquanto ela tira a chave para abrir a porta, ou enquanto espera que atendam a campainha, ela não fique sujeita à chuva. Isso, na expressão mais simples, consiste numa chapa de vidro perpendicular à parede.

Aqui, para chegar a esse resultado, vejam a magnificência de bom gosto e de beleza artística que a arte gótica empregou.

Porque tudo tem a finalidade de ornar, mas é um ornato com utilidade.

De cada lado da porta central, há mais duas. São cinco portas.

Tudo isso foi esculpido na pedra. As esculturas são numerosas e muitas delas são verdadeiras obras de arte.

Os medievais não se incomodavam de gastar mão-de-obra nem de terminar logo. Nada aí está feito ao galope para fazer logo.

Bourges: a catedral de Santo Estêvão uma das mais belas do mundo.
Bourges: a catedral de Santo Estêvão uma das mais belas do mundo.
As coisas não eram marcadas com data ficassem feias ou bonitas. O homem medieval não era escravo do tempo como é - e acha bonito ser - o pobre homem moderno.

Essas catedrais podiam levar cem, duzentos anos, para serem construídas. E as gerações que contribuíam para que essa catedral fosse construída, morriam em paz sabendo que não veriam a catedral pronta.

Mas eram gerações de fé, e sabiam que quando elas chegassem ao Céu, elas teriam diante de si uma visão incomparavelmente mais bela do que a catedral.

E esta visão seria a recompensa da paz com que elas adormeciam em Deus.

Seus corpos eram inumados na catedral ou nas cercanias, com as mãos postas esperando a misericórdia e o juízo de Deus.


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira. Texto sem revisão do autor.)

Bourges: os mais belos vitrais tornavam fáceis as mais altas verdades da Fé Vitral do Apocalipse
Bourges: os mais belos vitrais tornavam fáceis as mais altas verdades da Fé.
Vitral do Apocalipse


Bourges, a catedral de Santo Estêvão: uma das mais belas do mundo

A catedral de Bourges dedicada a Santo Estêvao – Cathédrale Saint-Étienne, em francês – fica no centro da França.

É uma obra-prima de arquitetura gótica e sua fachada, de 40 metros da largura é a maior deste tipo. Em 1992 foi inscrita como Patrimônio Mundial da UNESCO

A construção da catedral iniciou-se em 1195, praticamente ao mesmo tempo com a Catedral de Chartres.

O coro foi construído em 1214, a nave em 1225 e a fachada foi terminada em 1250. O conjunto do templo do bispo de Bourges foi consagrado em 13 de maio de 1324.

Os reis Luis XI, em 1423 e Luís II de Bourbon-Condé em 1621 foram batizados na catedral.

A construção começou em 1195 e em 1214 perto da metade já estava pronta. Foi completada entre 1225 e 1230.

Foi saqueada pela Revolução Francesa que instalou dentro um Templo da Unidade em 10 de dezembro de 1793.

Bourges: nave central.
Bourges: nave central.
No século XIX teve início a restauração após o bárbaro crime e as obras continuam até o presente.

As catedrais eram concebidas como uma representação da Jerusalém celeste.

As dimensões exteriores são: 125 metros de comprimento, 55 metros de largura. A altura interior na nave central é de 37,15 metros.

A torre norte chamada “de Beurre” tem uma altura de 65 metros e a torre sul dita “a surda” 53 metros. A superfície total é de 5.900 m2.

A planta da catedral possui uma abside circular e sem transepto.

A fachada tem 5 grandes portais de acesso, um para cada nave.

Mais outros dois portais de acesso também ricamente adornados de esculturas simbólicas encontram-se na metade da nave mais externa.

Cada porta é ornamentada por esculturas notáveis, sendo a mais famosa a que ilustra o juízo final. Todas elas têm um alto conteúdo simbólico.

Nas esculturas e vitrais da catedral os fiéis podem ler as grandes verdades da Fé, o Antigo e Novo Testamento e a vida dos santos.

Para conferir estabilidade à estrutura gótica sempre mais arrojada e surpreendente foram utilizados contrafortes potentes, conhecidos como arcobotantes.

Com exceção dos vitrais da capela, quase todos da zona absideal são os originais do século XIII e são considerados uma das obras primas dessa arte.

A riqueza das cores, a distribuição harmoniosa das figuras e o requinte do conjunto faz dos vitrais de Bourges um doss conjuntos em que o fiel pode dizer que está vendo a Deus.

Os vitrais de Bourges são frequentemente comparados aos de Chartres considerados o auge da expressão luminosa da fé católica.

O mundo sobrenatural que transparece nas figuras representadas nos vitrais é insólita. Seu simbolismo transforma as mais altas e complicadas verdades teológicas em mensagens simples facilmente acessíveis inclusive para o analfabeto.

Exemplos vivos disso são os eventos do Antigo Testamento, episódios sobre a vida de Jesus Cristo e outros sobre o Apocalipse e o Fim do Mundo.




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terça-feira, 14 de novembro de 2023

Catedral de ORVIETO, síntese entre a beleza das formas e das cores

Orvieto: triunfo da sintese da cor e da forma
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Analisando as fachadas de catedrais tão diversas como as de Orvieto ou de Florença, podemos nos perguntar: o que apresenta mais esplendor, a forma ou a cor?

Por extensão, podemos perguntar: num quadro, o que é mais notável, o desenho ou o colorido?

A escola florentina é pobre intencionalmente em colorido, para que o desenho ressalte.

A escola veneziana é magnífica em coloridos, tendo apenas o desenho necessário para dar pretexto para as cores se mostrarem.

Mas há uma magnífica síntese das duas escolas na Catedral de Orvieto.

Florença: triunfo da forma
Florença: triunfo da forma
Essa catedral exigiu uma enorme quantidade de trabalho de cantaria nas coluninhas, na rosácea, no quadrângulo, nos florões, nos rebordos de todas as linhas.

Mas esse trabalho não assustava os medievais. Pois eles trabalhavam sem pressa de acabar, sem pressa de serem aplaudidos.

Veneza: triunfo da cor
Veneza: triunfo da cor
Eles morriam em paz diante da igreja inacabada, certos de que as gerações futuras haveriam de completá-la.

A Catedral de Orvieto é uma igreja inatacável do ponto de vista da beleza.

Não dá para se fazer a ela qualquer reserva ou apontar um desacordo.

Podem-se preferir outras – isso depende do gosto de cada um –, mas impugná-la esteticamente não parece possível.




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terça-feira, 17 de outubro de 2023

A catedral de LUND e o lendário Finn

Luis Dufaur
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Em Zchonen, cidade universitária e primeiro arcebispado da Escandinávia, ergue-se formosa catedral romana.

Debaixo do coro, abre-se grande e bela cripta. Dizem todos que a igreja nunca será terminada, que sempre faltará alguma coisa, e que o motivo é este:

Quando São Lourenço chegou a Lund, a fim de pregar o Catolicismo, desejou construir uma igreja, mas carecia dos meios necessários e não sabia onde arranjá-los.

Pensando constantemente no seu objetivo, teve um dia a surpresa de ver na sua frente um gigante, que se ofereceu para em pouco tempo erguer o templo, contanto que São Lourenço adivinhasse o seu nome antes do fim.

Se não o conseguisse, o gigante receberia como prêmio da aposta o Sol, a Lua ou os olhos do santo. Este, confiando em Nossa Senhora, não teve o menor receio e aceitou a imposição.

Iniciou-se a construção, e dentro em pouco o templo estava quase pronto.

São Lourenço, pensando tristemente em como descobrir o nome do gigante, pois evidentemente não queria de maneira nenhuma desfazer-se dos seus olhos, tão necessários para a glória de Deus.

Um dia, percorrendo as ruas da cidade, sentiu-se cansado e resolveu sentar-se na encosta de uma colina.

Do interior da colina chamou-lhe a atenção o pranto de uma criança e a voz de uma mulher que cantava:
— Durma bem, durma bem, filhinho meu, que amanhã regressa o bom Finn, seu pai, e você brincará com o Sol ou a Lua, ou então com os olhos de Lourenço.

O santo, ouvindo aquilo, alegrou-se imensamente. Sabia, por fim, o nome do gigante. Imediatamente voltou para a igreja, e viu o gigante sentado já no teto, preparando-se para colocar a última pedra.

Gritou-lhe:
— Ó Finn, coloque bem a última pedra!

O gigante, enfurecido, atirou a pedra para longe, afirmando que a igreja jamais ficaria terminada, e desapareceu. A partir daquele dia, falta na igreja sempre alguma coisa.

(A. Della Nina, "Enciclopédia Universal da Fábula": Contos da Suécia - Editora das Américas, SP, 1957)


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