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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
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Sempre que eu vejo a catedral de Colônia, no mais fundo de minha alma há um encontro de duas impressões contraditórias.
De um lado, a impressão de que é uma igreja tão bela que, se eu não a conhecesse, não seria capaz de sonhá-la. E que ela, portanto, supera qualquer sonho que eu tivesse.
De outro lado, olhando para ela, algo de mim diz no fundo de minha alma:
"Isso deveria mesmo existir! Isso deveria de fato ser assim!
Essa fachada inimaginável é, paradoxalmente para mim, ao mesmo tempo uma fachada conhecida – e uma velha conhecida – como se eu durante toda a minha vida tivesse sonhado com ela!".
E então, o inimaginável e o sonhado se encontram na aparente contradição. E esse encontro satisfaz profundamente a minha alma.
Eu tenho uma impressão interna de ordenação, de elevação, de apaziguamento e de força, um convite à combatividade que vem do fundo da minha alma e que me faz bem.
Há qualquer coisa em nós que deseja outra coisa que não somos capazes de imaginar. E quando esse fundo vê certas coisas para as quais foi feito, ele como que encontra um velho conhecido.
Mas também tem uma surpresa porque encontra o inimaginável.
Então, no mais profundo de cada um, há algo que delineia uma figura de maravilhas sem nós percebermos.
Esse fundo em nós, quando encontra a maravilha anelada, como que exclma:
“Ah! Aqui está a fachada que eu esperava! Eu não podia morrer sem ter visto esta fachada.
“A minha vida não seria completa, e eu não seria inteiramente eu mesmo se não tivesse visto isso.
“Ó fachada bendita, ó estilo bendito, que fazem com que eu venha à tona de mim mesmo e, por assim dizer, me conheça a mim mesmo, e conheça algo para o que eu fui feito e que se exprime nela.
“Algo de misterioso que pede toda a minha dedicação e entusiasmo, que pede à minha alma que seja inteiramente daquele jeito.
“É uma escola de pensamento, de sensibilidade, um estilo de vontade para o qual eu sinto que nasci.
Filho das trevas não gosta. O filho das trevas odeia. E são as trevas que o fazem odiar aquilo.
Mas se são as trevas que o fazem odiar aquilo, como é que se chama aquilo no fundo de mim por onde eu amo aquilo?
Não pode deixar de chamar-se luz!
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Imagem de Nossa Senhora muito venerada na catedral |
Já que é o contrário das trevas, é o odiado pelas trevas, representa a ordenação mais alta, mais perfeita que o meu espírito pode conceber, então aquilo se chama luz.
Então, há um conceito de luz que nasce para o meu espírito, que bem entendido não é a luz elétrica, nem é sequer a linda luz que passa pelos vitrais.
É muito mais do que a luz elétrica e do que a luz que passa pelos vitrais: é uma luz que está dentro da alma humana à procura do luminoso fora, para a festa do encontro e da participação.
A luz de dentro encontra a luz de fora.
Mais belo do que todos os vitrais da catedral de Colônia é o
lumen que há no fundo de nós, por onde nós nos extasiamos quando vemos essa catedral.
É um movimento de alma, uma claridade, um desejo que está em nós e que é mais belo do que aquilo que nós desejamos.
Imaginem que alguém fosse oferecer a Nossa Senhora uma rosa. Ela é a Rosa Mística, Ela é a Rosa de Jericó.
Imaginem que alguém se ajoelhasse e oferecesse a Ela a mais bela rosa que jamais houve, que houvesse e que haverá. Ela olhasse a rosa e tivesse para com ela um sorriso encantador.
É o que havia no fundo d’Ela que encontrou a rosa e brilhou com ela.
Quanto o sorriso de Nossa Senhora é mais belo do que o sorriso da rosa! Portanto, aquilo que há no fundo da alma d’Ela vale mais do que aquilo que A fez sorrir!
Se Ela se condescendesse em no-la dar, Lhe pediríamos a rosa de presente.
E se ela estivesse murcha, nós a guardaríamos com cuidado num álbum, no qual nós escreveríamos: ‘A rosa diante da qual o sorriso sorriu’.
Por quê? Porque o que havia no fundo d’Ela valia muito mais do que a rosa.
Nós poderíamos, dirigindo-nos a Ela, rezar: Rosa Rosarum, ora pro nobis.
Rosa das rosas, requinte de rosa, transcendência de rosa, aquilo para o qual a rosa não é senão uma vaga comparação e, entretanto, a mais bela rosa do universo!
Rosa que floresce no fundo da alma d’Aquela que ama a rosa. E que é tão bela por causa disso. Rosa da alma tão mais bela do que a rosa material.
Isso nós podemos dizer das almas que amam a Catedral de Colônia.
Uma pessoa sorri cada vez que olha essa catedral em espírito de Fé e se entusiasma; sorri ao admirar um vitral, uma ogiva, uma escultura, as torres, aquela pequena agulha que aparece entre as duas torres; no fundo da alma, a catedral e as maravilhas que todos nós temos em germe.
E isto agrada mais a Nosso Senhor no sacrário e a Nossa Senhora no Céu do que a Catedral.
(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de conferência proferida em 13/10/79. Sem revisão do autor).
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