A vida na solidão acompanhado por Deus |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Às cinco da manhã ainda está escuro no verão e no inverno faz muito frio.
A cidade toda de Solesmes dorme bem arroupada enquanto o velho sininho da abadia se põe a repicar com sua milenar nota.
Os monges estão sendo convocados a cantar a primeira Hora do dia.
Silhuetas silenciosas se encaminham para a igreja fazendo deslizar seus hábitos pretos sobre o chão de pedra.
De ali a pouco suas vozes entoam as antífonas, leituras e salmos à glória dAquele que os convocou ali.
“Qui bene cantat, bis orat” (“Quem canta bem, reza duas vezes”) ensinou Santo Agostinho.
Em Solesmes os monges cantam sete vezes por dia, trinta e cinco horas por semana, explica o Pe. Paul-Alain.
No brilho do olhar dos monges percebe-se a plenitude do gáudio sobrenatural que enche suas almas.
O costume se repete há mil e quinhentos anos na abadia de Saint Pierre de Solesmes, na região da Sarthe, França, num antegosto terrestre da vida eterna.
Não foi um milênio e meio fácil.
O inferno se abateu sobre Solesmes que foi preciso reconstruir em 1869.