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terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Síntese da história do vitral

Rosácea da basílica abacial de Saint-Denis, Paris
Rosácea da basílica abacial de Saint-Denis, Paris
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




O vitral nasceu na Idade Média, época em que segundo o Papa Leão XIII, o espírito do Evangelho penetrava todas as instituições.

No mundo antigo o mais parecido foi o uso do alabastro, pedra translúcida rara e monocolor, mas escassa, cara e escura.

Acresce que a arquitetura antiga não suportava grandes janelas.

O vitral surgiu nos canteiros das abadias e catedrais góticas.

Ele era uma Bíblia feita de luz que ensinava, mesmo ao analfabeto, as verdades da Fé, a História Sagrada e a história dos homens.

Ele resumia todo o saber, era um espelho da vida, um apanhado do passado, do presente e do futuro.

Padeiros, mestres e auxiliares. Catedral de Chartres, vitral dos Apostolos
Padeiros, mestres e auxiliares. Catedral de Chartres, vitral dos Apostolos
Os primeiros vitrais aparecem pelo século X junto com o estilo românico, maçudo e escuro.

A bem dizer eram buracos no muro preenchidos com pedacinhos de cristais coloridos.

O gótico liberou muros e permitiu imensos vitrais.

As catedrais góticas sólidas e luminosas, sérias e alegres, preanunciavam o Paraíso e a vida eterna.

Só a catedral de Metz, na França, tem hoje 6.496 m2 de vitrais!

De início, os vitrais surgiram exclusivamente para as igrejas católicas, pois foram obra de eclesiásticos da Igreja Católica.

Depois foram sendo adotados na vida civil, nos castelos e casas dos burgueses até chegar aos lares dos artesões e operários.

A variedade das cenas, formas e cores ampliou-se muito. Afinal eles ficaram acessíveis para todo mundo.

Os vitrais atraiam as pessoas para as catedrais, mas não só na Idade Média.

Tal vez o auge de atração está se dando no século XXI.

Jesus manda lançar as rédeas que voltam cheias de peixes. Catedral de Chartres, França.
Jesus manda lançar as rédeas que voltam cheias de peixes.
Catedral de Chartres, França.
Milhões de turistas vão todo ano a Europa para contemplá-los.

Quem foi a Paris e não viu os vitrais de Notre Dame pode voltar dizendo que não viu algo essencial.

As escolas públicas francesas levam as turmas a igrejas e catedrais para aulas sobre os vitrais.

Guias profissionais conduzem visitas explicadas de alto nível. Há um renascer do interesse pela fabricação e utilização de vitrais, por exemplo, no lar.

Um amigo meu, brasileiro que morava não longe de Chartres, mandou pôr na sua residência vitrais feitos à medida segundo as técnicas medievais e com o famoso “azul de Chartres”.


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terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Vitrais de CHARTRES: na beleza, a suma verdade

Vitral de Carlosmagno, catedral de Chartres, França, catedrais medievais
Vitral de Carlos Magno, catedral de Chartres, França
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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Os famosos vitrais da catedral gótica de Chartres, na França, contêm um ensinamento magnífico.

O espírito da Igreja é o espírito de Deus: sabe unir o prático ao belo.

De tal maneira que, vendo-se uma obra de arte, nota-se que nela se utiliza o prático quase sem pensar nele, e admira-se o belo como se só ele existisse.

O objetivo do prático é servir ao corpo do homem sem atrapalhar a alma; a finalidade do belo é encantar a alma e elevá-la até Deus.

O vitral, além de belo, é funcional, pois através dele entra a luz no edifício.

A variedade desses vitrais é inimaginável.

Num deles vêem-se alguns reis santos.

Em outro, é Nossa Senhora que resplandece com o Menino Jesus.

Mas que rendas! Que joias compostas com vidro! Que esplendor!

Chartres, Jesus Cristo na Última Ceia, catedrais medievais
Jesus Cristo na Última Ceia
Cada fragmento de um vitral desses constitui uma pedra preciosa.

Função prática: iluminação. Função espiritual: apresentar a beleza; mas, na beleza, a verdade –– a suma verdade, a Revelação divina que Nosso Senhor Jesus Cristo e o Espírito Santo trouxeram à Terra.
Chartres, o Genese, criacao do homem, catedrais medievais
Chartres: o Genesis: a criação do homem

Que variedade de formas, de cores, que esplendor de luzes!

Tudo é tão rico, que não vale a pena detalhar.

Mesmo porque, se é verdade que cada fragmento do vitral é belo, o conjunto é tão mais belo, que a alma não tem muita vontade de pormenorizar.

O livro do Gênesis narra que Deus, ao criar o universo, descansou considerando sua criatura, e disse que cada coisa era boa, mas o conjunto era ótimo.

A respeito dos vitrais de Chartres poder-se-ia dizer, parafraseando o Criador, que cada parte é boa e bela, mas o conjunto é belíssimo.

Tem-se vontade de olhar só para o conjunto.

Magnífica analogia entre a beleza da criação divina e a obra de arte humana, a qual Dante qualificou como “neta de Deus”.

* * *

A cidade de Chartres situa-se a 88 km de Paris, no Vale de la Loire. 

Chartres: vitral do bom samaritano
Chartres: vitral do bom samaritano
Seu principal edifício é a monumental catedral Notre Dame de Chartres, cuja construção iniciou-se no século XI.

Obra-prima da arte gótica, é uma das maiores catedrais da Europa.

Dedicado à Santíssima Virgem, o templo é famoso em todo o mundo, devido à riqueza de suas esculturas e à beleza de seus numerosos vitrais.

Suas cores são impressionantes, e retratam desde passagens bíblicas e vidas de santos até cenas do cotidiano da Idade Média.



(Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 10.02.1994. Sem revisão do autor).


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terça-feira, 12 de novembro de 2024

Catedral de BARCELONA: do martírio de Santa Eulália, passando pela glória de Lepanto

Fachada neogótica da catedral de Barcelona
Fachada neogótica da catedral de Barcelona
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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A Catedral de Barcelona, na Espanha, está dedicada à Santa Cruz e a Santa Eulália, donzela martirizada pelos romanos.

Histórica e em estilo gótico, ela é a sede do arcebispado da capital catalã.

A catedral foi construída do século XIII ao XV sobre a antiga catedral românica.

Essa, por sua vez, havia sido edificada sobre uma igreja da época visigótica, a qual o fora sobre uma basílica paleocristã.

Situada na altura da cidade, a catedral de alguma maneira a puxa para cima.

No seu martírio, Santa Eulália foi exposta nua no fórum da cidade, mas milagrosamente – pois era primavera – uma nevasca cobriu a sua nudez.

Enfurecidas, as autoridades romanas meteram-na em um barril com vidros quebrados e cravos, e o jogaram ladeira abaixo (na rua Baixada de Santa Eulália, ou encosta de Santa Eulália).

Cripta da catedral de Barcelona
Cripta da catedral de Barcelona
A construção da catedral gótica começou em 1298, sob o reinado de Jaime o Justo, e as obras tardaram 150 anos.

A fachada, de estilo neogótico, só foi iniciada em 1882.

A nova catedral aproveitou da edificação românica as esculturas, o eixo e o deambulatório.

Longa de 90 metros e larga de 40, com três naves da mesma altura, a catedral possui capelas na cabeceira e mais 17 em seu perímetro.

Além das vinte capelas do claustro e da capela de Santa Lúcia, com entrada própria.

Veja vídeo
Santa Eulalia:
catedral de Barcelona.
CLIQUE PARA VER
Há dois campanários em duas torres do século XIII: sobre a entrada de Santo Iu está o sino principal: o Eulália, de três toneladas, que toca as horas, enquanto que o sino Honorata dá os quartos.

A outra torre toca as horas eclesiásticas e tem dez sinos com nomes de santas.

As gárgulas evocam alguns espíritos malignos que cuspiam quando a procissão do Corpus Christi passava.

Ficaram petrificados com formas monstruosas, obrigados a vazar as águas de chuva que caem dos telhados.

A catedral tem ao todo 215 chaves. As maiores ficam na nave principal, têm dois metros de diâmetro e pesam cinco toneladas.

Elas representam Cristo crucificado, Santa Eulália, a Virgem da Misericórdia, a Anunciação, o Padre Eterno rodeado de anjos, etc.

A cripta medieval de Santa Eulália, debaixo do presbitério, é dividida por doze arcos que convergem na imagem da Mãe de Deus com o Menino Jesus colocando a diadema do martírio em Santa Eulália.

Cristo milagroso de Lepanto, na catedral de Barcelona
Cristo milagroso de Lepanto, na catedral de Barcelona
Na capela de Santo Oleguer e do Santíssimo Sacramento, o corpo incorrupto de Santo Oleguer, Bispo de Barcelona, é visível numa urna de vidro.

Sobre ele está o famoso Santo Cristo de Lepanto, uma das imagens mais veneradas.

Trata-se da cruz que ostentava a nau-capitã de Don Juan de Áustria, comandante da frota católica, na batalha decisiva contra os turcos de Lepanto, em 1571.

O crucificado entortou para a direita para esquivar-se de um tiro de canhão turco.

Esse sinal pressagiou a derrota otomana e o miraculoso triunfo cruzado.









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terça-feira, 29 de outubro de 2024

'Catedral' de Ulm, igreja mais alta do mundo

Ulm: a catedral mais alta do mundo nasceu católica
Ulm: a catedral mais alta do mundo nasceu católica
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Na cidade alemã de Ulm, a igreja mais alta do mundo sobe vertiginosamente aos céus.

Embora não seja sede de bispado, ela é chamada de “catedral” pelas suas dimensões: a torre atinge 161,53 m de altura.

Também é chamada de "Ulmer Munster" título que lhe concedia privilegios abaciais

É um exemplo típico da arquitetura eclesiástica gótica.

Veja vídeo
Igreja mais alta do mundo:
Ulm, Alemanha
O nome catedral vem de “cátedra” ou trono do bispo, mas Ulm não tem bispo.

A história desta “catedral” foi muito perturbada.

Os cidadãos de Ulm desejavam uma igreja grandiosa, porém mais acessível, no centro da cidade, e encomendaram esta.

Sua pedra fundamental foi depositada no ano de 1377, e as obras partiram em bom ritmo.

Em 1392, Ulrich Ensingen, um dos arquitetos da catedral de Estrasburgo, foi feito chefe da confraria de construtores. A “catedral” foi consagrada em 1405.

Porém, por um senso de alteridade mal entendido, os habitantes de Ulm decidiram não completar a torre, contrariamente ao que faziam as cidades vizinhas que estavam construindo suas catedrais.

Eles desejavam que ninguém fizesse uma igreja mais alta, e então esconderam as dimensões de seu projeto.

Porém, em 1531, tendo aderido ao protestantismo, os cidadãos de Ulm paralisaram as obras.

A Revolução Protestante foi visceralmente inimiga das proezas do espírito medieval.

Ulm: pintura evoca os tempos católicos
Ela amava os “chiqueirinhos” onde pregavam Calvino, Lutero e outros heresiarcas: estábulos, garagens transformados em local de pregação, ou até mesmo igrejolas sem estilo e de má qualidade.

Seus adeptos invadiram e confiscaram a “catedral” parcialmente construída e, obviamente, durante séculos nada fizeram para completá-la.

No século XIX, o espúrio império prussiano estimulou a construção de grandes prédios para dar lustro à sua glória por demais nova, a qual, aliás, durou pouco.

Desse impulso beneficiou-se a “catedral” de Ulm.

Sua torre foi concluída 513 anos após o início das obras – mais precisamente em 1890 –, transformando-a no prédio mais alto do mundo.

Ainda hoje, ela figura entre os 20 edifícios mais altos da Europa.

A igreja possui três naves principais da mesma altura e uma única torre.

A “catedral” de Ulm sobreviveu quase incólume aos bombardeios devastadores da II Guerra Mundial, apesar de 80% do centro histórico da cidade ficarem reduzidos a ruínas pelas bombas.

Aliás, fato semelhante se deu em Colônia: todas as construções de outros séculos foram pulverizadas pelas bombas dos aliados, a ponto de os cordeiros pastarem o capim que crescia entre os escombros da outrora grandiosa cidade.

Naves centrais de Ulm, a igreja mais alta do mundo
Naves centrais da igreja mais alta do mundo
Também a inconclusa catedral de Colônia, erigida séculos antes, ficou em pé, altaneira, como que protegida pelos anjos.

Foi um sinal assombroso da bênção divina que pousa sobre as grandes realizações da era de Fé e Luz que foi a Idade Média.

No século XIX ela acabou sendo completada.

O que dizer da sabedoria medieval capaz de erguer prédios que superam a imensa maioria dos levantados em séculos posteriores e que resistiram aos séculos e aos bombardeiros mais ferozes que a História recorda?

Sem dúvida, a sabedoria que os medievais amavam e fizeram deles, muito contribuiu para tal.

Mas é só isso?

Não há um desígnio de Deus pairando sobre essas maravilhosas construções góticas, protegendo-as das insensatezes dos homens?

E não haverá nelas um ensinamento para o nosso presente arquitetônico, marcado pela instabilidade dos projetos, pelos materiais vulgares e estruturas efêmeras?

Não haverá ali uma indicação para nosso futuro?

Para as catedrais que virão após a Igreja superar a presente crise que parece querer levá-la ao fundo dos infernos?


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