Pouco mais que uma aldeia, Rocamadour surge como um sonho das neblinas do vale. Se o célebre Monte de São Miguel –
le Mont St-Michel, diz-se na França – aparece como uma montanha sagrada apontando para as nuvens, Rocamadour brota das entranhas da terra e das próprias pedras em busca do céu. Não é sem razão que Rocamadour significa “o rochedo de Amadour”.
Mas, quem foi Amadour, aliás, Santo Amadour?
Segundo a tradição ou a legenda (pois os documentos são escassos), Amadour não foi outro senão Zaqueu, o publicano do Evangelho.
Se a antiga Gália, depois reino de França, tornou-se a filha primogênita da Igreja, não foi sem razão. Para o seu território migraram vários discípulos de Nosso Senhor Jesus Cristo, entre eles Lázaro, o ressuscitado, e suas irmãs Marta e Maria, a Madalena, os quais desembarcaram em Saintes-Maries-de-la-Mer, antigo porto perto de Marselha.
O evangelho de São Lucas é bastante claro: Zaqueu era rico, o que não o torna simpático aos demagogos da pobreza, tão em voga em nossos dias…
Depois da Paixão e Morte de Nosso Senhor, ele teria servido a Nossa Senhora. E, aconselhado por Ela, tomado o destino de outros emigrantes da Terra Santa, indo buscar refúgio na Gália.
Uma legenda diz que Zaqueu teria-se casado com a
Verônica, que enxugou a Sagrada Face de Jesus durante a Paixão. E que, após a morte da esposa, teria procurado a solidão para viver como eremita em alguma caverna a meia altura das paredes rochosas de um desfiladeiro, em cujo leito corre um pequeno riacho.