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terça-feira, 24 de janeiro de 2023

O sino: simbolismo e efeitos exorcísticos e benéficos

Sinos restaurados da catedral Notre Dame de Paris
Sinos restaurados da catedral Notre Dame de Paris
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








O sino dá ao Ângelus uma solenidade excepcional.

A oração do Ângelus compõe-se de duas partes essenciais: a oração e o som do sino.

Por que o sino toca o Ângelus de manhã, ao meio-dia e à tarde?

Por ordem da Igreja Católica, cumpre a palavra do rei profeta:

"À tarde, de manhã e ao meio-dia, cantarei os louvores de Deus, e Deus ouvirá a minha voz".

À tarde, canta o princípio da Paixão do Redentor no Jardim das Oliveiras.

De manhã, a sua Ressurreição, e ao meio-dia a sua Ascensão.

De manhã, dá o sinal do despertar, da oração e do trabalho.

Ao meio-dia, adverte o homem de que a metade do dia é passada, e que a sua vida não é mais que um dia.

À tarde, toca ao recolhimento e ao repouso.

Antigo carrilhão das horas em Notre Dame de PARIS:



"O ângelus", Jean-François Millet (1814-1875)
Diz ao homem: faze tuas contas com Deus, pois esta noite talvez Ele exigirá a tua alma.

Fazendo ouvir a sua voz três vezes por dia, recorda aos cristãos as lembranças de um glorioso passado, dessas belicosas expedições, da honra eterna dos Papas, que salvaram o Ocidente da barbárie muçulmana.

Toca três vezes, para recordar as três Pessoas da Trindade, às quais o mundo é devedor da Encarnação.

Toca nove vezes, em honra dos nove coros de anjos, para convidar os habitantes da Terra a abençoar com eles o seu comum benfeitor.

Sinos da abadia de ETTAL, Alemanha:


Entre cada tinido - ou melhor, entre cada suspiro - deixa um intervalo, para que sua voz desça mais suavemente ao coração e desperte com mais segurança o espírito de oração.

Por que, depois do tinido do Ângelus, o sino faz ribombar sua voz? Canta uma dupla redenção: a redenção dos vivos, pelo mistério da Redenção, e a redenção dos finados, pela indulgência ligada ao Ângelus.

Sinos da catedral de MAINZ, Alemanha :


Catedral de Aachen (Aquisgrão), Alemanha

Ao Purgatório toca uma felicidade, e a Maria a saudação de uma alma que entra no céu.

Assim opera a Igreja da terra, cheia de ternura por sua irmã padecente.

Por que chora o sino na agonia? Se reflete as alegrias deve refletir também as dores.

Para sustentar o jovem cristão nos combates da vida, o sino pede as nossas orações.

Como não solicitá-las nas lutas da morte? Entre todas, estas lutas não são as mais terríveis e as mais decisivas.

No toque da agonia, o sino diz: "Miseremini mei saltem vos amici" - Tende piedade de mim, pelo menos vós que fostes meus amigos!

Vinde orar por mim, vinde sepultar o meu corpo, vinde acompanhá-lo à igreja, depois ao dormitório, onde ele deve repousar até a ressurreição dos mortos.

O sino, nesse momento, assemelha-se a uma mãe que, na sua terna solicitude, não se permite nem paz nem trégua, para clamar em socorro de seus filhos desgraçados e obter a sua libertação.

Bourdon (o sino mor) da Catedral Notre Dame de PARIS:



Também o sino deve tornar o cristão invencível na sua guerra contra os demônios.

Ao estridor dos sinos - acrescenta um de nossos antigos liturgistas - os espíritos das trevas são penetrados de terror, da mesma forma que um tirano se espanta quando ouve ressoar nas suas terras as trombetas guerreiras de um monarca seu inimigo.

Toque de recolher: no inverno, nos países montanhosos, pelas nove horas da noite, o sino faz ouvir a sua voz mais forte.

Sino da Catedral de Bourges, França
Chama o viajante desencaminhado, e indica-lhe a estrada que deve seguir para chegar ao lugar onde achará a hospitalidade.

Uma imagem do que também acontece com as almas perdidas no pecado.

Eram inteiramente outros os sentimentos de nossos religiosos antepassados.

Testemunhas inteligentes das bênçãos e das consagrações praticadas pela Igreja no batismo dos sinos, devotavam-lhe um profundo respeito e santo pavor.



Sinos da catedral de COLONIA, Alemanha :


Daí vem que temiam infinitamente mais jurar sobre um sino consagrado do que sobre os próprios Evangelhos.


(Autor: Mons. Gaume, “L’Angelus au dix-neuvième siècle”)


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terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Americanos são maiores doadores para restaurar Notre-Dame

Até as pinturas estão reaparecendo em toda sua cor
Até as pinturas estão reaparecendo em toda sua cor
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Durante o incêndio de Notre-Dame de Paris os telefones tocavam nos escritórios da French Heritage Society, lembrou a diretora executiva Jennifer Herlein.

Pessoas, a maioria delas americanas, algumas em prantos, ofereciam doações para reconstruir o venerado monumento gótico.

Vitrais serão restaurados
Vitrais serão restaurados

E foi só o começo, registrou “The Guardian” de Londres que ninguém acredita que seja medievalista.

“Não podemos imaginar um mundo sem Paris e não podemos imaginar uma Paris sem Notre-Dame”, acrescentou a French Heritage Society lançando um pedido de fundos. 

E acertou no coração do que sentiam os americanos, prossegue “The Guardian”.

Até agora, a French Heritage Society recebeu US$ 2,45 milhões em doações, principalmente dos EUA, e os fundos continuam chegando.

Todos os detalhes estão sendo limpos e restaurados
Todos os detalhes estão sendo limpos e restaurados

A instituição de caridade americana Friends of Notre-Dame de Paris, criada em 2017 para arrecadar fundos para a restauração do monumento sagrado passou de 800 doadores que doaram US$ 2 milhões antes do incêndio, a 10.000, que doaram US$ 6 milhões adicionais, disse seu presidente, Michel Picaud. 95% das doações vieram dos EUA.

Por que essa onda de dor foi sentida com tanta gravidade do outro lado do Atlântico?

Os cidadãos americanos enviaram notas pessoais sinceras. 

“Minha mãe de 99 anos me pediu para enviar esta doação para o Fundo de Restauração de Incêndios de Notre-Dame.

“Ela ficou profundamente tocada com a beleza e a história desse ícone histórico francês quando visitou Paris há muitos anos”, dizia um deles.

“Meu marido e eu passamos várias horas dentro da catedral de Notre-Dame e em seus parapeitos em outubro de 1965”, dizia outro.

“Como muitos de nós que amamos Paris, chorei com as notícias e os vídeos do incêndio.”

Restauração oferece visualizações desconhecidas
Restauração oferece visualizações desconhecidas
O Pe. Michael Perry, do Brooklyn, traçou um paralelo: “quando os terroristas atacaram o World Trade Center, o jornal francês “Le Monde” publicou: ‘Somos todos americanos agora’ e quando Notre-Dame estava em chamas, os EUA responderam: “Notre-Dame é ‘nossa’ Dame.”

Não é a primeira vez que americanos doam para restaurar edifícios franceses: a catedral de Reims, o castelo e jardins de Versalhes e o palácio de Fontainebleau, Versalhes, foram alguns dos beneficiados de larguezas milionárias.

Para Picaud, dos Amigos de Notre-Dame, o amor americano por Notre-Dame decorre de sua visão do monumento como “o ícone do cristianismo e da herança humana”.




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terça-feira, 13 de dezembro de 2022

PÁDUA: a Basílica de Santo Antônio
nota oriental agradável e surpreendente

Basílica de Santo Antônio, Pádua
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
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A Basílica de Santo Antonio, em Páua, dá um pouquinho a idéia de um edifício oriental.

Dá um pouquinho a idéia em algumas de suas torres, de minarete turco.

Aquela torrezinha bem esguia não dá a idéia de um minarete turco? Essas outras torres todas não dão certa idéia de minarete?

Pádua pertenceu à República Aristocrática de Veneza. E enquanto ligada a Veneza, era muito influenciada por Bizâncio que fi a capital do Oriente Médio.

A Basílica de São Marcos em Veneza, por exemplo, tem uma nota bizantina muito marcada.

Fachada da Basílica
É impossível negar que tem beleza neste santuário.

Quer pelo colorido, de um ocre um pouco difícil de definir, e prateado ou um prata-azul na parte metálica que faz de teto a essas torres, torreões, etc., quer pelo ar de fantasia que há dentro disso.

Têm-se a impressão que essas abóbodas saem de dentro da igreja como bolhas de gás saem de dentro do copo de água mineral, sobem e depois estouram.

A aparente desordem em que tudo isto está colocado em cima entretém o espírito e é agradável de olhar.

Portanto, em profundidade, não é uma desordem.

A beleza desse conjunto aparentemente desordenado atrai o espírito e contenta muito.

É o contraste veneziano ao seco florentino.

É outra concepção das coisas.


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira. Excerto de conferência sem revisão do autor).


A Basílica é a maior igreja da cidade e por isso pode até ser confundida com a Catedral.

Ela é conhecida como “il Santo” (literalmente, “O Santo”).

A construção começou entre 1234 e 1238, pouco após a morte de Santo Antônio de Lisboa, que ficou mais famoso como de Pádua pela cidade onde foi enterrado e aonde afluem milhões de romeiros.

De início possuía apenas uma nave, mas o grande número dos peregrinos atraídos pela fama de santidade de Santo Antônio obrigou a erigir acréscimos laterais. Por isso, só foi concluída em 1310.

O santo, de acordo com seu testamento, foi enterrado na pequena igreja de Santa Maria Mater Domini (Santa Maria, Mãe do Senhor) perto do convento fundado por ele em 1229.

Túmulo de Santo Antônio dentro da Basílica
A Basílica cresceu tanto que essa igrejinha acabou incorporada ao santuário com o nome de Cappella della Madonna Mora (Capela da Madonna Escura).

A Basílica é gigantesca e seu estilo arquitetônico resulta de uma mistura de elementos românicos e góticos.

As cúpulas revelam, porém a influência bizantina.

No interior, o estilo se complica ainda mais, pois inclui monumentos funerários e altares renascentistas e barrocos, decorados com esculturas e pinturas.

As relíquias de Santo Antônio estão na Capela do Tesouro.

Ali, o corpo do santo, que estava originalmente na capela Madonna Mora, recebeu uma capela especial criada por célebres artistas. Entre eles Tullio Lombardo, Antonio Lombardo, Jacopo Sansovino e Tiziano Aspetti.

Na Basílica há também imagens notáveis de Nossa Senhora. É de se mencionar o magnífico candelabro de Páscoa, de 1515, por Andrea Briosco; as seis estátuas do altar, de Donatello; e a Crucificação, de Altichiero da Zevio.

Anexos à Basílica estão um claustro e o Oratório de São Jorge, com um grande ciclo de afrescos de Altichiero.




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terça-feira, 15 de novembro de 2022

Catedral de SEVILHA: uma fortaleza meio eclesiástica e uma igreja meio fortaleza

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Estas fotografias evocam um antigo provérbio português: “Quem não viu Sevilha, não viu maravilha”.

Chamam a atenção na Catedral de Sevilha as duas torres laterais muito ornadas.

Entre elas, nota-se um espaço com fundo claro e um gradeado muito bonito de ogivas e rosáceas que estabelecem o contraste do muito simples com o muito ordenado.

Uma grande travessa com imagens de santos, com dosséis no alto, também muito ornada.

Por cima desse fundo simples salienta-se o portal com um triângulo magnífico que é uma expressão da ogiva.

Embaixo, uma porta ogival profunda. A meu ver, o aspecto belo dessa porta consiste em ter algo de monumental.

As torres têm muita altivez e levantam-se do solo com decisão e galhardia.

Tem-se a impressão de que elas seguram o chão como garras, e que sobem ao céu com segurança e despreocupação em relação ao perigo de cair.

Elas sustentam o peso sobre si com facilidade.

Mais ainda, parece que elas olham do alto de si mesmas para a terra e para os pobres transeuntes numa atitude de desafio, como quem diz: “Se ousas, experimenta me enfrentar; só pela minha fisionomia te afugento”.

Os arcos, arrimos das torres, são transformados pelos arquitetos em verdadeiros ornatos.

Há qualquer coisa que lembra a entrada de uma fortaleza nesse magnífico portal.

Uma fortaleza meio eclesiástica e uma igreja meio fortaleza realizam uma síntese admirável: os mais altos valores do espírito defendidos pela força e inseridos dentro da luta.

Um combate ao pé da letra, em que a pessoa se entrega ao total risco de vida.

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(Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 15-01-1977. Sem revisão do autor. “Catolicismo”).





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