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terça-feira, 14 de novembro de 2023

Catedral de ORVIETO, síntese entre a beleza das formas e das cores

Orvieto: triunfo da sintese da cor e da forma
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Analisando as fachadas de catedrais tão diversas como as de Orvieto ou de Florença, podemos nos perguntar: o que apresenta mais esplendor, a forma ou a cor?

Por extensão, podemos perguntar: num quadro, o que é mais notável, o desenho ou o colorido?

A escola florentina é pobre intencionalmente em colorido, para que o desenho ressalte.

A escola veneziana é magnífica em coloridos, tendo apenas o desenho necessário para dar pretexto para as cores se mostrarem.

Mas há uma magnífica síntese das duas escolas na Catedral de Orvieto.

Florença: triunfo da forma
Florença: triunfo da forma
Essa catedral exigiu uma enorme quantidade de trabalho de cantaria nas coluninhas, na rosácea, no quadrângulo, nos florões, nos rebordos de todas as linhas.

Mas esse trabalho não assustava os medievais. Pois eles trabalhavam sem pressa de acabar, sem pressa de serem aplaudidos.

Veneza: triunfo da cor
Veneza: triunfo da cor
Eles morriam em paz diante da igreja inacabada, certos de que as gerações futuras haveriam de completá-la.

A Catedral de Orvieto é uma igreja inatacável do ponto de vista da beleza.

Não dá para se fazer a ela qualquer reserva ou apontar um desacordo.

Podem-se preferir outras – isso depende do gosto de cada um –, mas impugná-la esteticamente não parece possível.




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terça-feira, 17 de outubro de 2023

A catedral de LUND e o lendário Finn

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Em Zchonen, cidade universitária e primeiro arcebispado da Escandinávia, ergue-se formosa catedral romana.

Debaixo do coro, abre-se grande e bela cripta. Dizem todos que a igreja nunca será terminada, que sempre faltará alguma coisa, e que o motivo é este:

Quando São Lourenço chegou a Lund, a fim de pregar o Catolicismo, desejou construir uma igreja, mas carecia dos meios necessários e não sabia onde arranjá-los.

Pensando constantemente no seu objetivo, teve um dia a surpresa de ver na sua frente um gigante, que se ofereceu para em pouco tempo erguer o templo, contanto que São Lourenço adivinhasse o seu nome antes do fim.

Se não o conseguisse, o gigante receberia como prêmio da aposta o Sol, a Lua ou os olhos do santo. Este, confiando em Nossa Senhora, não teve o menor receio e aceitou a imposição.

Iniciou-se a construção, e dentro em pouco o templo estava quase pronto.

São Lourenço, pensando tristemente em como descobrir o nome do gigante, pois evidentemente não queria de maneira nenhuma desfazer-se dos seus olhos, tão necessários para a glória de Deus.

Um dia, percorrendo as ruas da cidade, sentiu-se cansado e resolveu sentar-se na encosta de uma colina.

Do interior da colina chamou-lhe a atenção o pranto de uma criança e a voz de uma mulher que cantava:
— Durma bem, durma bem, filhinho meu, que amanhã regressa o bom Finn, seu pai, e você brincará com o Sol ou a Lua, ou então com os olhos de Lourenço.

O santo, ouvindo aquilo, alegrou-se imensamente. Sabia, por fim, o nome do gigante. Imediatamente voltou para a igreja, e viu o gigante sentado já no teto, preparando-se para colocar a última pedra.

Gritou-lhe:
— Ó Finn, coloque bem a última pedra!

O gigante, enfurecido, atirou a pedra para longe, afirmando que a igreja jamais ficaria terminada, e desapareceu. A partir daquele dia, falta na igreja sempre alguma coisa.

(A. Della Nina, "Enciclopédia Universal da Fábula": Contos da Suécia - Editora das Américas, SP, 1957)


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terça-feira, 3 de outubro de 2023

LEÓN: a catedral da Reconquista

Catedral de León, nave central
Catedral de León, nave central
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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A catedral de LEÓN em todo seu esplendor

A catedral Santa Maria de León é dedicada a Nossa Senhora sob a invocação de Sant Maria de la Regla, também chamada de “Pulchra leonina” pela sua beleza, a mais requintada do antigo reino de Leão.

Construída entre os séculos XIII e XIV, a atual catedral é uma obra-prima do gótico espanhol.

Ela foi construída segundo o modelo do gótico francês em plena guerra de Reconquista para banir os mouros da Península Ibérica.

Nos primórdios conhecidos da História, no local da atual catedral a Legião VII romana apelidada de Gemina construiu termas e prédios públicos.

Tendo progredido a Reconquista da Espanha, os prédios públicos foram transformados em palácio real.

No ano 916, Ordoño II (914-924), rei de Leão, venceu os muçulmanos na batalha de San Esteban de Gormaz.

Em ação de graças a Deus pela vitória, o rei cedeu seu palácio para construir a primeira catedral espanhola.

O bispo Fruminio II consagrou o prédio, no qual repousam até os nossos dias os restos do rei Ordoño II, falecido em Zamora no ano 924.

Altar-mor, detalhe, catedral de León, Espanha
Altar-mor, detalhe, catedral de León, Espanha
A primeira igreja havia sido regida pelos monges de São Bento e não devia diferir muito de outras igrejinhas da época.

O emir islâmico Mohammed ibn-Abi Amir al-Manzor (938-1002) devastou a cidade e suas igrejas.

A velha catedral foi restaurada e nela foi coroado o rei Alfonso V, o Nobre (999-1028). Mas a restauração se impunha.

Fernando I, o Grande (1035-1065), ordenou a construção de uma segunda catedral. Ela deveria ser em estilo românico, mas na prática já foi gótica, feita de tijolo, e consagrada em 10 de novembro de 1073.

Porém, o último rei de Leão, Alfonso IX (1188-1230), dispôs o início da terceira e atual catedral por volta de 1205. Ela só foi concluída no século XV.

A catedral foi objeto de sucessivas restaurações, obras de aperfeiçoamento e expansão até a nossa época, visando conservar esta maravilha arquitetônica.

A fachada do século XIII exibe uma grande riqueza de estátuas e requintada rosácea central, flanqueada por duas torres góticas de 65 e 68 metros de altura.

Nuestra Señora la Blanca, catedral de León
Nuestra Señora la Blanca, catedral de León
No centro, rodeada por uma corte de santos e anjos de refinada elegância, resplende Nuestra Señora la Blanca, a Virgem do doce sorriso.

A nave principal é uma arca de luz. Mede 90 metros de comprimento, 29 de largura e 30 de altura.

O conjunto dos vitrais é único na Espanha: tem uma superfície de 1.200 m2, formando 125 painéis e 57 medalhões. É o mais importante grupo de vitrais da Europa depois dos famosíssimos de Chartres, na França.

O retábulo do altar-mor também está consagrado a Nossa Senhora e é um exemplo da plenitude do gótico no século XV. Foi pintado por Nicolás Francés (v.1390-v.1468).

Ao pé do altar, um relicário de prata conserva as relíquias de São Froilán, padroeiro da cidade.

Numerosas imagens fazem alusão à peregrinação a Santiago de Compostela, pois Leão ficava na estrada.

O pórtico da Virgem também é chamado de “del Dado”, porque certa feita um jogador que perdeu lançou seus dados contra a fronte do Menino Jesus, cuja imagem se pôs a sangrar.

A catedral também guarda sepulturas de altos personagens eclesiásticos e nobiliárquicos, inumeráveis peças de marfim, pinturas, panos e cerâmicas, além de antiquíssimos pergaminhos com mais de um milênio de existência.

A catedral de Leão representou o polo dos guerreiros católicos que não queriam compactuar com o Islã nem aceitar estilos como os dos mozárabes, que misturavam influências islâmicas com cristãs.

Eles apelaram para a cultura francesa, bem como para os monges e cavaleiros dessa mesma origem, conseguindo finalmente banir o invasor.


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terça-feira, 26 de setembro de 2023

Catedral de VIENA: a bondade apoiada na força

Luis Dufaur
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A catedral de Viena durante à noite aparece fortemente iluminada.

Ela é composta de dois corpos de edifícios inteiramente distintos: uma torre enorme, mas muito delicada, esguia e forte ao mesmo tempo.

A força, o esguio e o delicado se compunham admiravelmente e se elevavam audaciosamente até uma altura de causar surpresa.

Ao lado disso, o corpo do edifício é bem mais baixo.

Como que apoiado na torre arrojada da catedral, parece com uma casa de família encostada numa fortaleza.

A casa de família, íntima, agradável, acolhedora, afável, distinta, digna, muito bela, mas o que têm de melhor nela é o arrojado da torre na qual ela se amparava.

Seria um pouquinho como esposa e esposo.

O esposo é a torre: forte, enérgico, batalhador; a esposa delicada, mãe de família, amorosa, etc.

De maneira que a colaboração da bondade com a força dá a figura do estado temperamental de quem exerce a autoridade.

Por este símbolo se deixa ver a autoridade da Igreja, que é a autoridade das autoridades.

Sem a Igreja não há nenhuma autoridade que prevaleça durante o tempo necessário com o fundamento necessário, etc.

Então, a catedral representa a autoridade da Igreja apoiada na autoridade do Estado, e também a autoridade da mãe apoiada na autoridade do pai, e a autoridade da imperatriz apoiada na do imperador.





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