Hugo de São Vítor: a fé é o navio seguro face ao naufrágio do mundo
“Todo este mundo é como um dilúvio, porque todas as coisas que estão neste mundo, à semelhança das águas, correm flutuando por eventos incertos.
“Já a verdadeira fé, que não promete coisas transitórias, mas eternas, levanta a alma como que de certas ondas, erguendo-a da cobiça deste mundo às coisas do alto; ela pode então ser levada pelas águas, mas não pode ser inteiramente submergida, porque este mundo pode ser usado devido à necessidade, mas não pode obrigar o afeto.
“Quem quer que, portanto, não crendo nas coisas eternas, somente apetece as que são transitórias, debate-se entre ondas como que sem navio, e o ímpeto das águas que correm o carregam consigo.
“Quem, porém, crendo nas eternas, ama as coisas transitórias, este é como aquele que naufragou perto de um navio.
“Já quem crê nos bens eternos e os ama, como que já colocado no navio, atravessa seguro as ondas do mar revolto.
“E se pelo desejo da fé não abandonar o navio, de certo modo, ainda que no meio das ondas, imita a estabilidade da terra”.
Hugo de São Vitor, “A substância do amor”, Inst. in Decalogum Legis Dominicae, C. 4, PL 176, 15-18; Miscelannea L. I C. 171, PL 177, 563-565.
Santo Estêvão de BOURGES
A catedral de Bourges, na França, está dedicada a Santo Estêvão, o primeiro mártir cristão. É considerada uma obra-prima da arquitetura gótica. Sua fachada tem 40 metros da largura sendo a maior nesse estilo.
A construção iniciou-se em 1195, praticamente ao mesmo tempo com a catedral de Chartres. O coro (parte atrás do altar mor) foi completado em 1214; a nave (a parte maior) em 1225. A fachada, mais rica e complicada foi terminada em 1250. O todo, que inclui torres e anexos, foi consagrado em 13 de maio de 1324.
Na fachada há 5 portas de acesso, uma para cada nave, e há mais 2 na metade dos lados. Cada porta tem esculturas notáveis, sendo a mais famosa a que ilustra o Juízo Final. Os vitrais da zona absidal são do século XIII. A iconografia reproduz eventos do Antigo Testamento, da vida de Jesus Cristo, do Apocalipse e da vida dos Santos.
A catedral da Santa Cruz e Santa Eulália, de Barcelona, Espanha, foi construída entre os séculos XIII e XV sobre antiga catedral românica, que repousava por sua vez sobre uma basílica paleocristã. A fachada neo-gótica é do século XIX.
Santa Eulália, patrona de Barcelona, donzela virgem e mártir, foi exposta nua no fórum romano, mas uma nevasca cobriu sua nudez. Os romanos enfurecidos a meteram num barril cheio de cacos de vidro e pregos que jogaram encosta abaixo.
A catedral também guarda o Santo Cristo de Lepanto: cruz da galera de Don Juan de Áustria, chefe da frota católica que esmagou os turcos na batalha de Lepanto em 1571.
O Cristo desviou para a direita esquivando uma canhonada muçulmana, e foi presságio da vitória que mudou a história.
O nome Remígio significa “pastor que combate” e apaziguador da terra. São Remígio lutou contra o diabo com o escudo da fé, a espada da palavra de Deus e a armadura da esperança.
Sua nascença foi predita por um ermitão cego. Desde cedo, Remígio abandonou o mundo e encerrou-se num claustro. Sua reputação crescia, e quando tinha 22 anos, foi aclamado pelo povo para ser arcebispo de Reims.
Naqueles tempos, Clóvis era rei da França. Ele era pagão. Porém, quando viu vir contra ele um exército incontável de alamanos, ele prometeu que adotaria a fé de Jesus Cristo se obtinha a vitória.
Ele venceu milagrosamente e pediu o batismo a São Remígio. Tendo-se aproximado todos da pia batismal, uma pomba trouxe no bico uma ampola com o óleo para ungir o rei. Esse óleo fica guardado na igreja de Reims até hoje.
São Remígio resplandecente de virtudes, repousou em paz no ano 500 do Senhor.
Catedral de Tours
Santo Agostinho: a beleza das coisas fala da beleza suprema de Deus Criador
“Interroga a beleza da terra,
“interroga a beleza do mar,
“interroga a beleza do ar difundida e diluída.
“Interroga a beleza do céu,
“interroga a ordem das estrelas,
“interroga o sol, que com o seu esplendor ilumina o dia;
“interroga a lua, que com o seu clarão modera as trevas da noite.
“Interroga os animais que se movem na água, que caminham na terra, que voam pelos ares:
“almas que se escondem, corpos que se mostram;
“visível que se faz guiar, invisível que guia.
“Interroga-os!
“Todos te responderão:
“Olha-nos, somos belos!
“A sua beleza fá-los conhecer.
“Quem foi que criou esta beleza mutável, a não ser a Beleza Imutável?”
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
Entrando na catedral medieval, a primeira coisa que impressiona a alma é a sublimidade das grandes linhas verticais.
A nave da catedral de Amiens comunica uma insofismável sensação de purificação, porque a beleza pura da imponente catedral age como um sacramento.
Ali, mais uma vez, a catedral é uma imagem condensadora do universo.
Do mesmo modo que a planície ou a floresta, a catedral tem atmosfera e perfume, esplendor, crepúsculo e penumbra.
A grande rosácea da fachada olha para o sol do Ocidente na tardinha e a janela refulgindo por obra do sol parece ser o sol ele próprio desaparecendo no âmago de uma maravilhosa floresta.
Na atmosfera transfigurada da catedral a luz brilha mais intensamente que no dia e as sombras têm mais mistérios que no mundo real.
Nesse mundo transfigurado o homem se sente no coração da Jerusalém celeste e saboreia a profunda paz da cidade futura.
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
Os vitrais encerram múltiplos significados e simbolismos.
O vitral Ele nos introduz numa visão mística da Criação. Isto é que o universo é uma imagem do Criador e por meio dele o simples fiel pode se elevar até Deus.
Com efeito, a graça divina ilumina a inteligência do fiel e lhe faz ver o lado das coisas que espelha melhor a Deus.
O vitral é o exemplo dessa ação divina. Como?
A luz do sol (símbolo da graça de Deus) torna belas e admiráveis as cenas da vida e facilita subir até a fonte de tudo, o próprio astro solar, símbolo de Deus, fonte de todas as coisas.
E esta elevação é feita com grande e nobre prazer estético.
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
A catedral da Santa e Indivisível Trindade de Ely foi sé da diocese desse nome, na região de Anglia Oriental (Inglaterra).
Ela foi fundada como monastério no ano 673 por santa Etheldreda, princesa saxã da região, que repousa no interior da catedral, diante do altar-mor.
A igreja original foi destruída por vikings vindos da Dinamarca no ano 870. Porém o mosteiro foi reconstruído e ali se instalou uma comunidade beneditina no ano de 970.
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
Como Deus é grande e que coisas magníficas haveria no mundo se todos os povos tivessem correspondido à vocação providencial que receberam!
Eu penso muitas vezes nisso, quando contemplo monumentos de estilo gótico. Os gregos pensaram que construindo suas obras de arte atingiram o auge da beleza. Eles alcançaram um píncaro.
Mas que píncarozinho se comparado ao estilo gótico da Idade Média...
E ao esplendor dos vitrais, das catedrais, dos órgãos, do incenso, da liturgia católica, das pompas temporais nas grandes solenidades da Igreja Católica, nas grandes ocasiões da vida da Cristandade!
Se compararmos aqueles heroizinhos pagãos descritos por Homero com os magníficos heróis cristãos, como por exemplo Godofredo de Bouillon, o arquétipo do cruzado que conquistou Jerusalém durante a primeira Cruzada, ou Balduíno IV, o Leproso, soberano do Reino Latino de Jerusalém...
Houve povos na História que corresponderam à graça divina, nos quais a distribuição da Sagrada Eucaristia foi generalizada e frutuosa.
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
Desde o fim da Idade Média o gótico foi sendo sepultado no esquecimento.
Passaram a Renascença e o protestantismo, a Revolução Francesa e o liberalismo, a Revolução Industrial e o comunismo; apareceram outros estilos.
E o gótico que tinha incontestáveis belezas ficou completamente posto de lado.
No tempo do rei Luís XVI, o governo cogitou derrubar Notre-Dame de Paris para construir no seu lugar um templo de estilo grego.
Eles achavam que o grego ‒ inspirado no pagão ‒ representava melhor a dignidade da catedral de Paris.
Logo a seguir veio a Revolução Francesa que mandou decapitar as estátuas da linhagem de David, antecessores de Nosso Senhor.
Veio a revolução comunista da Commune que mandou incendiar Notre-Dame, miraculosamente salva pelo esforço do povo simples. Vieram as Guerras Mundiais...
Depois de tudo isso, eis que, das ruínas de tudo emerge um estado de alma simpático ao gótico!
A catedral Notre Dame de Paris tem tantos aspectos e maravilhas, que eu depois de ter estado nela, eu tenho que voltar para o hotel, comer alguma coisa rápida, e fazer uma coisa que em mim é um modo de refletir: é dormir.
Eu me pergunto por que é que havia o sono no Paraíso? Se o Paraíso era tão agradável e não cansava, por que é que havia o sono no Paraíso?
Eu me pergunto às vezes se para o homem deixar todas as suas impressões, mesmo as paradisíacas, assentarem bem nele, não é preciso um período de sono, em que o homem pensativo se ordena.
Eu quis dormir depois de ter visto Notre Dame, como Adão quis dormir depois do dia primeiro do Paraíso.
Notre Dame tem o solo da seriedade e todo o desenvolvimento do maravilhoso.
Ela é fundamentalmente séria, planejada segundo os melhores ditames de uma razão calma, ponderada, fazendo uma coisa de grande voo.
Agora, em cima dessa arte e da razão, levantou-se um sonho: o edifício é um sonho. E esse sonho é o maravilhoso até nas menores coisas. Não há uma gargouille que não seja maravilhosa.
A igreja de uma beleza perfeita, alegria do mundo inteiro.
Na Borgonha, as pedras nunca são brancas por vontade de Deus.
Ao contrário, com o passar dos anos e dos séculos elas ficam bem cinzentas e até pretas.
No alto da catedral, as gárgulas – aquelas esculturas de animais quiméricos colocadas para dar vazão às águas de chuva e qualquer outra sujeira tirada por esta do telhado –, sempre bem alinhadas, estavam mais do que feias.
Mais. Sentiam-se doentes e tristes no seu pétreo silêncio.
Por obra dos entalhadores, elas tinham formas de diabos, monstros e animais horríveis.
O vento, a chuva, as geadas, as fumaças, tudo contribuía para deixá-las mais estragadas, repulsivas e decadentes.
Acontecia também – e ninguém sabia explicar – que as pombas tinham diminuído em número, a ponto de quase desaparecerem.
Só restavam algumas, mas estavam velhas e doentes. Já não se via seu vulto branco no céu e nos galhos das árvores.
A catedral de Nossa Senhora que venceu incêndios e guerras infernais, e até a Revolução Francesa!
A catedral emerge entre os tetos da cidade
A 'coluna dos anjos'.
A Catedral de Estrasburgo ou Catedral de Nossa Senhora de Estrasburgo (em francês Cathédrale Notre-Dame-de-Strasbourg; em alemão Liebfrauenmünster zu Straßburg) é a catedral católica mais importante na região de Alsácia, que faz uma síntese entre a França e a Alemanha.
No tempo do paganismo, no local existiu um templo dedicado ao deus romano Marte.
O bispo Arbogast, no século VII, deitou as bases de um templo dedicado a Nossa Senhora, do qual não se conservam vestígios.
Pois, já no século seguinte, a primeira igrejinha foi substituída por uma catedral assaz mais importante, concluída sob o reinado do imperador Carlos Magno.
Essa catedral carolíngia possuía três naves e três absides que o bispo D. Ratal mandou ornar com ouro e pedras preciosas.
Mas, essa catedral foi atingida por incêndios nos anos 873, 1002 e 1007.
Quando nosso olhar é desviado das maravilhas da Encarnação pelas falsas ilusões sugestionadas por certo progresso técnico, custa perceber os tesouros simbólicos acumulados em nossos edifícios religiosos.
Entretanto, o simbolismo de catedrais e igrejas tem uma importância capital e nos está falando sempre de um significado mais alto.
A visão católica das coisas pressupõe que o mundo tem uma chave de interpretação que é divina.
E a Civilização Cristã nos mostra como o universo, e portanto nossa existência terrena, têm uma ordem profunda que deve ser obedecida.
A Sainte Chapelle é ela própria um imenso relicário feito de luz e vitrais. As relíquias ficavam no altar mor em urnas de uma riqueza única.
Os melhores artistas fizeram essas peças com um refinamento e uma exibição sem igual de pedras preciosas e ouro.
Ao pé de cada coluna, doze no total, a estátua de um Apóstolo como que segura o prédio. Em poucos anos foram instalados 750 metros quadrados de vitrais formando um grandioso livro de imagens.
Há um modo especial de ler esse livro, é um discurso maravilhoso que transmite os grandes fatos da Bíblia com uma insistência particular no Antigo Testamento.
Na parte central, os vitrais pintam a Paixão de Cristo, aponta Christophe Bottineau, arquiteto chefe dos Monumentos Históricos. No lado sul, onde bate mais o sol, é apresentada a dinastia dos reis de Israel que termina na pessoa de São Luís.
Não sabemos quem concebeu este livro de imagens. Quiçá o próprio São Luis, por que não? pergunta Le Pogam.
A epopeia bíblica descrita nos vitrais reforça o paralelismo com a monarquia do povo eleito do Novo Testamento.
David rei de Israel, Salomão fundador do Templo, Moisés o legislador e Aaron, primeiro Sumo Sacerdote coroado com uma coroa que parece com a tiara do Papa, são prefiguras da ordem católica medieval.
A Sainte Chapelle foi mandada construir pelo rei da França São Luis IX (1214 – 1270), na metade do século XIII, em Paris, capital de seu reino.
São Luis foi um monarca santo em quem se fundiram duas dimensões: a política e a religiosa. A Sainte Chapelle permite, entre outras coisas, compreender melhor a reversibilidade dos dois aspectos no rei santo.
Um rei construtor, um rei-sacerdote – no senso da missão sacerdotal da aristocracia definido pelo Papa Bento XV – um rei cruzado, um rei santo, um rei modelo que deixou uma das mais belas joias da arquitetura da Idade Média.
A Sainte Chapelle é um magnífico livro de imagens que atravessou oito séculos, não sem arrostar grandes perigos.
Os reis da França na Idade Media eram ungidos pela Igreja e, portanto tinham também uma missão religiosa. A unção dos óleos sagrados marcava a origem divina da autoridade suprema do reino.
Essa associação entre a monarquia e a religião católica ajuda a compreender a Sainte Chapelle.
A comunicação de Deus com o povo e o reino passava através de São Luís. Ele devia proteger o povo cristão, propagar o cristianismo, defender o clero e conduzir seu povo rumo à Jerusalém celeste, rumo a salvação eterna.
Até que ponto o espírito medieval e o espírito católico se identificam? Até que ponto um espírito anti-medieval pode ser chamado espírito anti-católico? E até que ponto se pode ser católico sem ter o espírito medieval?
O que é o espírito da Cristandade medieval em confrontação com o espírito católico?
Uma tese que não pode ser aceita é de que a Igreja só se exprime adequadamente no estilo medieval.
Basta considerar o românico, que não é gótico. Há monumentos românicos de uma expressão católica magnífica.
Eu, quando estive em Paray le Monial, fui assistir Missa. Em Paray-le-Monial Santa Margarida Maria recebeu as revelações do Sagrado Coração de Jesus.
Durante a Missa, os meus olhos foram se pondo pela igreja como faz todo mundo, e eu fui tomado pela igreja.
O tamanho, o tipo de pedra, os arcos, não sei que imponderáveis, e eu procurando afastar a idéia para prestar atenção na Missa...
Então, me passou pela cabeça, assim como um relâmpago: “isto aqui é um monumento muito sério, muito importante, uma coisa magnífica”.
Eu sai com este começo de enlevo enfático pela igreja.
A basílica de San Vitale, em Ravenna, na Itália, é uma igreja octogonal, em estilo bizantino com figuras em mosaico, paradas ‒ mas vivas! não têm nada de morto! ‒ postas na contemplação sobre um fundo dourado, desligadas das circunstâncias concretas, numa espécie de abstração pura.
O estilo românico não se confunde com o estilo greco-romano presente nas igrejas mais antigas de Ravenna, como o oratório de Gala Placidia.
O estilo greco-romano é o estilo grego com pequenas adaptações feitas pelos romanos.
O estilo românico é uma adaptação do estilo romano feita pelos bárbaros.
O Natal é cantado por todos os povos com seus estilos próprios, em Vladivostock, no Ceilão, no Pamir, ou em qualquer recanto do mundo. Porque a alma universal da Igreja Católica está em todas as latitudes.
Porém, a Igreja, Ela mesma, comemora o Natal com seu canto próprio: o cantochão, cantado a uma só voz, sem ritmo, sem acompanhamento, sem ornatos, aproveitando o som das palavras para sublinhar seu significado profundo.
Mas, transmitindo uma alegria serena que sobe diretamente ao Céu, um recolhimento que exclui todas as coisas da Terra, sem agitação nem folia, dizendo com toda naturalidade o que tem a dizer.
O cantochão é a voz da Igreja cantando o dom do Espírito Santo, que Deus a ela comunicou por meio de Nossa Senhora.
Pode parecer paradoxal que uma catedral hoje em uso pelos protestantes anglicanos esteja consagrada ao Príncipe do Apóstolo contra o qual se revoltaram os chefes protestantes na pessoa do legítimo sucessor de Pedro, o Papa.
Porém é tal o prestígio da Igreja Católica que esses revolucionários que se apropriaram indevidamente da catedral católica não ousaram mexer com a dedicatória.
O fato é que, 400 anos depois da sua descoberta, o corpo continuava intacto, como testemunha uma paroquiana falecida em 1632, que viu o corpo glorioso de santo Amadour “todo inteiro, em pele e osso, como no dia em que ele morreu”.
Essa piedosa centenária também foi testemunha da tentativa frustrada dos protestantes huguenotes, que queriam fazer uma grande fogueira para queimar o corpo do santo. “Mas Deus não o permitiu”. Entretanto, eles fizeram em pedaços a urna de prata e roubaram o precioso tesouro.
No espírito das pessoas do povo, o fiel servidor de Maria Santíssima esperava assim o dia da ressurreição dos mortos. E se voltavam para a Virgem Negra, que realizava tantos milagres. Ela é apresentada como o Trono da Sabedoria encarnada, que é Nosso Senhor Jesus Cristo, que Ela tem sobre seus joelhos.
Um livro do santuário contém 126 relatos de milagres atribuídos a Nossa Senhora de Rocamadour, delicadamente ilustrados com desenhos representando as cenas de tais milagres.
Pouco mais que uma aldeia, Rocamadour surge como um sonho das neblinas do vale. Se o célebre Monte de São Miguel – le Mont St-Michel, diz-se na França – aparece como uma montanha sagrada apontando para as nuvens, Rocamadour brota das entranhas da terra e das próprias pedras em busca do céu. Não é sem razão que Rocamadour significa “o rochedo de Amadour”.
Mas, quem foi Amadour, aliás, Santo Amadour?
Segundo a tradição ou a legenda (pois os documentos são escassos), Amadour não foi outro senão Zaqueu, o publicano do Evangelho.
Se a antiga Gália, depois reino de França, tornou-se a filha primogênita da Igreja, não foi sem razão. Para o seu território migraram vários discípulos de Nosso Senhor Jesus Cristo, entre eles Lázaro, o ressuscitado, e suas irmãs Marta e Maria, a Madalena, os quais desembarcaram em Saintes-Maries-de-la-Mer, antigo porto perto de Marselha.
O evangelho de São Lucas é bastante claro: Zaqueu era rico, o que não o torna simpático aos demagogos da pobreza, tão em voga em nossos dias…
Depois da Paixão e Morte de Nosso Senhor, ele teria servido a Nossa Senhora. E, aconselhado por Ela, tomado o destino de outros emigrantes da Terra Santa, indo buscar refúgio na Gália.
Uma legenda diz que Zaqueu teria-se casado com a Verônica, que enxugou a Sagrada Face de Jesus durante a Paixão. E que, após a morte da esposa, teria procurado a solidão para viver como eremita em alguma caverna a meia altura das paredes rochosas de um desfiladeiro, em cujo leito corre um pequeno riacho.
Carlos Magno enriqueceu a catedral de Aachen com relíquias extraordinárias.
Na urna da Santíssima Virgem Maria (Marienschrein) se encontram a túnica que Nossa Senhora usou no Natal, os panos com que envolveu o Menino Jesus, o tecido menor que Cristo usou durante a Crucifixão, e o tecido em que foi envolvida a cabeça de São João Batista após sua decapitação.
Numa outra urna (Karlsschrein) igualmente rica e de análogo estilo se conservam os ossos do próprio Carlos Magno. Esses ossos foram objeto de uma longa e severa análise que confirmou sua autenticidade.
Essas relíquias, mais os ossos de Carlos Magno conservados em outro precioso relicário, são expostas cada sete anos.
No ano de 2014, 1200º aniversário da morte de Carlos Magno foram mais uma vez exibidas solenemente para a veneração popular.
A capela octogonal inclui um segundo andar rematado por uma cúpula com mosaicos bizantinos.
O atual telhado em gomos é um acréscimo barroco.
Oito grandes pilares gêmeos definem o octógono.
O piso superior apresenta, entre cada pilar, uma divisão feita por duas colunas mais finas.
Esse piso superior abre-se para o octógono e está todo coberto de mosaicos.
Os mosaicos da cúpula têm como tema Cristo em Majestade, sentado no trono ladeado por dois anjos e vinte e quatro reis oferecendo as suas coroas a Deus.
A imagem é do Livro do Apocalipse de São João e glorifica o triunfo definitivo de Jesus Cristo no Fim dos Tempos.
O simbolismo é claro: Carlos Magno e os imperadores do Sacro Império deviam se empenhar ativamente pela vinda desse império divino final na consumação dos tempos.
Também no segundo nível, onde iniciava a área do soberano, encontra-se o trono de Carlos Magno.
O trono pode parecer até demasiado simples para a importância que ele teve na História.
Foi feito com placas de mármore que segundo a tradição teriam sido tiradas do pretório de Pilatos, em Jerusalém.
Pois o imperador era também o vingador de Jesus Cristo, devia fazer respeitar na terra os direitos de Cristo Rei e tornar real o seu reinado.
O trono está sobre seis degraus como o trono de Salomão descrito no Antigo Testamento.
Tudo indica que este é o trono original de Carlos Magno.
Está no local mais alto da capela de onde o imperador podia seguir a Missa.
Carlos Magno fez vir de Roma e Ravenna as elegantes colunas de capitéis coríntios do segundo piso.
Elas estão distribuídas em dois níveis de altura e percorrem o perímetro do octógono.
Foram roubadas 1794 pelo exército da Revolução Francesa, mas foram recuperadas parcialmente em 1814.
Algumas ficaram no Museu do Louvre.
Atualmente a catedral expõe vinte e duas das colunas originais.
Carlos Magno decidiu generalizar a educação no império, restaurando antigas escolas e fundando novas.
Essas novas escolas podiam ser monacais, sob a responsabilidade dos mosteiros; catedrais, junto à sede dos bispados; e palatinas, junto às cortes.
Dessa época até hoje provém a tradição universitária de Aachen e o papel educativo da catedral.
York: fachada principal Luis Dufaur Escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de ...
Vitral da catedral de Laon
Catedral de York, Inglaterra
A Catedral de York é a maior catedral de estilo gótico do norte europeu, localizada na cidade de York, Inglaterra.
A primeira igreja no local foi construída às pressas em 627 para o batismo de Eduíno, rei da Nortúmbria. Uma estrutura de pedra foi completada em 637 e foi dedicada a São Pedro.
Em 741, a igreja foi destruída por um incêndio e reconstruída como uma estrutura ainda mais impressionante, contendo trinta altares.
Houve uma série de arcebispos beneditinos, incluindo Santo Osvaldo, São Wulfstan e São Ealdred.
O arcebispo Walter de Gray ordenou a construção de uma estrutura em estilo gótico que se comparasse à Catedral de Cantuária.
A catedral de York um dos polos religiosos e culturais da Inglaterra católica foi completada e consagrada em 1472.
A Reforma Protestante saqueou grande parte dos tesouros dela e roubou grande parte das terras da arquidiocese.
Elizabeth I tentou remover todos os traços da Igreja Católica Apostólica Romana da catedral com muitas destruições de túmulos, janelas e altares.
Nos séculos XIX e XX foi feito um trabalho de restauração que continua até os presentes dias.