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terça-feira, 25 de junho de 2024

Notre-Dame de PARIS e COLÔNIA duas catedrais co-irmãs como um par de asas

Notre-Dame no outono
Notre Dame de Paris, catedral da simetria e da proporção
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







A Igreja, sempre sábia e sempre única no supra-sumo de sua sabedoria, proíbe de se fazer comparação de santo com santo. Porque todo santo é incomparável.

Por razões análogas, é um pouco impróprio comparar certos monumentos góticos uns com os outros.

E, portanto, comparar Notre-Dame com a catedral de Colônia.

É a Cristandade que fez essas catedrais.

O que inspirou aqueles monumentos foi o Sangue que Cristo Nosso Senhor derramou na Cruz, e as lágrimas que Maria chorou. Isto é que de fato produziu as catedrais e a outras maravilhas. O resto são pormenores.

Sem fazer a menor comparação entre povo francês e povo alemão, eu olho para a fachada de Notre-Dame e me extasio!
Notre Dame de Paris, catedral da beleza e da harmonia
Notre Dame de Paris, catedral da beleza e da harmonia

Tão bem arranjada, tão simétrica!

Nela, a fantasia e a boa ordem se completam, o rigor da lógica floresce num sorriso cheio de distinção.

A Catedral parece dizer:

“Olha, o ponto final da harmonia, da beleza, da dignidade... Procure pela terra inteira, a ver se encontras mais longe, e tu não encontrarás!”

E a gente olha, e diz da Catedral o que a Escritura diz de Jerusalém:

“Eis a cidade de uma beleza perfeita, alegria do muito inteiro.

Eis a Catedral de uma beleza perfeita, alegria do mundo inteiro!”

Colônia é muito bonita.

Mas, se fossem me perguntar se ela é tão bonita quanto Notre-Dame, eu não optaria por Colônia. Eu diria: “indiscutivelmente é Notre-Dame”.

Entretanto, tudo bem pesado, eu digo: “é discutível que seja Notre-Dame”.

Por causa de um ponto só. Mas, esse ponto só, supera Notre-Dame de tal maneira, que a gente fica sem saber o que dizer. E é o seguinte.

Colonia, catedral do impulso ascensional audaz
Colônia, catedral do impulso ascensional audaz
Aquelas torres de Colônia se levantam do chão com um élan, e se lançam para o ar com uma altaneria, tão inesperadamente, que a vontade da gente é perguntar: “Quereis voar?!”

Elas proclamam uma tal vitória do homem sobre a lei da gravidade!

A lei da gravidade atrai o homem para baixo, torna pesados os seus movimentos, torna difícil a vida.

Essa lei fica esmagada nesse movimento audacioso de alma desejando o inimaginável.

E esse impulso da alma é mais belo do que tudo quanto em Notre-Dame foi imaginado e realizado.

Colônia não é a harmonia perfeita, a simetria incomparável, a proporção entre o chão e o edifício.

É o esplendor da desproporção, daquilo que se arranca não por subversão, mas por superação, se arranca a todas as regras e as transcende, e diz:

“Positivamente! Universo, com tuas lindas regras, eu te venero, eu te quero, eu faço parte de ti, mas de dentro de ti eu levanto a mão até o Autor do universo!”

Quem no mundo tem autoridade para criticar um monumento como o de Colônia?

Colonia, par de asas subindo ao céu
Colônia, catedral que toca o Céu!
Entretanto, eu gostaria que aquelas torres fossem mais distantes um pouco uma das outras. Que houvesse um pouco mais de lugar para a fachada.

Aquilo parece um pouco apertado. Por causa disso, janelas, vitrais, tudo é um pouco apertado também.

Quando eu comparo Colônia com aquele espaço harmoniosamente preenchido por Notre-Dame, eu digo:

“Mas, Notre-Dame tem outro estar à vontade do que essa Catedral que parece estar posta num colete.

Linda! Tão bonita que a gente teria vontade de tirá-la do colete!”

Mas, mas, mas... aquelas duas torres tão próximas uma da outra parecem um par de asas subindo para o céu...

O meu comentário seria: nunca dos nuncas um avião subiu tão alto.

Todos nós já voamos a dez mil metros. Olhamos para a terra...

O que é aquilo? É a minha sepultura, se eu cair. Não é outra coisa senão aquilo.

Agora, olhamos para a Catedral e dizemos: “Aquilo toca no Céu”.

Porque ali é a alma humana que tem a sensação do Céu que foi tocado.

(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 13/10/79. Sem revisão do autor.)



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terça-feira, 11 de junho de 2024

Na luz espiritual está o segredo das catedrais

Catedral de Aquisgrão, Alemanha
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
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Os medievais às vezes chegavam até a fantasiar, a compor, por exemplo, canções de gesta, que exprimiam o desejo deles de participar de gestas.

O medieval, quando não participava de uma proeza, julgava-se frustrado na vida.

O medieval via na religião católica uma luz diferente porque ele tinha uma noção muito mais povoada de sublimidade, de maravilhoso, de luzes intelectuais e morais de toda ordem que o homem posterior não teve.

Isso vinha de um certo modo de ver a religião católica, que se faz sentir numa catedral gótica. Mas, não numa igreja barroca, embora bela e sagrada.

Catedral de Nottingham, Inglaterra
Como é que a gente poderia encontrar uma palavra que dissesse o imponderável da catedral medieval?

Se aparecesse um Anjo que tivesse inteiramente o espírito das catedrais e dos castelos góticos, ele teria uma de cara de catedral e uma alma de catedral ou de castelo forte.

Ele simbolizaria isto para todo mundo.

Ele resplandeceria de luz e de sublimidade.

E esse é o espírito das catedrais medievais.

Elas convidam a ver a sublimidade em todas coisas, inclusive na ordem temporal.

Na hora de fazer as casas, de comerciar nas feiras, de fazer um vitralzinho para a janela do quarto, o medieval fazia tudo procurando aquela forma de sublimidade da Idade Média que as catedrais ensinavam.

Catedral de Peterborough, Inglaterra

Esse espírito que procura a sublimidade antes de tudo é uma coisa prévia à estrutura feudal medieval.

Sem ele não se compreende o feudalismo.

Quer dizer, a vassalagem vista à luz da Idade Média e não de um modo meramente funcional, a vassalagem é um dos pontos aonde mais brilha esse espírito.

Mas esse desejo de procurar em tudo a sublimidade é anterior ao problema da vassalagem.

E, ele resplandece no estilo e em todos os aspectos da catedral medieval.




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terça-feira, 28 de maio de 2024

Catedral de ELY: símbolo da Nave da Salvação

A catedral de Ely, apelidada “o navio do Fens”
A catedral de Ely, apelidada “o navio do Fens”
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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A catedral de Ely (Cambridgeshire, Inglaterra) é conhecida localmente como “o navio do Fens”, devido à sua forma proeminente que se eleva acima da paisagem plana e húmida de Fens.

A primeira igreja cristã no local foi fundada por Santa Etheldreda, filha do rei de East Anglia.

Em 673, após ficar viúva de um príncipe de Northumbria , ela fundou e governou um mosteiro, onde faleceu.

A urna com suas relíquias foi centro de romarias na Idade Média.

O mosteiro original foi destruído pelas invasões nórdicas no século IX.

No século X foi erguida outra igreja, substituída pela atual catedral a partir de 1082.

A Torre Ocidental foi erigida entre 1174 e 1197 no estilo românico e mede 66 metros de altura.

A “torre da lanterna” no transepto, centro da catedral
A “torre da lanterna” no alto do transepto, centro da catedral
A “torre da lanterna” no transepto, centro da catedral foi construída no século XIV.

O gótico foi introduzido na Inglaterra pelos normandos católicos sucessores de Guilherme o Conquistador.

A planta do edifício tem forma de cruz, com o altar voltado para o Oriente, de onde Cristo há de vir no Fim do Mundo.

O cumprimento total da catedral é 163,7 metros.

Só a nave mede 75 metros de extensão, sendo a maior da Inglaterra.

Em 1539, quando o rei Henrique VIII precipitou Inglaterra no protestantismo anglicano e dissolveu os mosteiros, a urna de Santa Etheldreda foi selvagemente destruída.

Acompanhando a tendência protestante de acabar com a devoção aos santos, também as estátuas representando os bem-aventurados foram severamente danificadas.

A estrutura da catedral porém salvou-se da depredação.

Em séculos posteriores, os efeitos da barbárie anti-católica foram corrigidos por diversas grandes restaurações. A última aconteceu entre 1986-2000




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terça-feira, 14 de maio de 2024

A catedral gótica: resumo da ordem do universo,
onde Deus faz suas delícias

Catedral de Soissons, França. foto David Iliff.
Catedral de Soissons, França.
foto David Iliff.
Luis Dufaur
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No contexto medieval dos séculos XI e XII, as escolas monásticas e episcopais sediavam grandes escolas de teologia.

Essas escolas procuraram explicitar a fundo a ordem posta por Deus na Criação para a Sua maior glória. A ordem do universo contida na Bíblia foi cotejada com os ensinamentos aproveitáveis dos gênios gregos e romanos da antiguidade.

O estudo, a contemplação, a meditação e a oração permitiram aos mestres espirituais medievais atingir um conhecimento profundamente raciocinado da grandiosidade e do simbolismo da glória de Deus e da Igreja, impressos na imensa catedral divina que é o Universo.

O gótico nasceu como sendo o estilo mais adequado para exprimir a fisionomia com que Deus que Se faz conhecer na Criação.

Por isso a catedral, que já era a casa de Deus por excelência, tinha que conter em si, embora em miniatura, a majestosa ordenação espiritual, metafísica e material de toda a estrutura e de toda a beleza do criado.

Na hora de reconstruir a abadia real de Saint-Denis, hoje na periferia de Paris, o abade beneditino Suger vivificou a primeira catedral gótica.

Ele reuniu de modo indissociável a ordem monárquico-aristocrática divina, refletida entre os homens pela monarquia francesa, e a glória da Igreja Católica, Corpo Místico de Cristo, governada pelos sucessores de São Pedro e dos Apóstolos.

Ambulatório da igreja de St-Germain l'Auxerrois, Paris, França. Foto David Iliff
O abade Suger apelou para incontáveis progressos arquitetônicos medievais registrados nos quatro cantos da França, fazendo vir de toda parte mestres-de-obras, escultores e artistas.

E aplicou pela primeira vez, de modo generalizado, a ogiva gótica. Os muros subiram a alturas nunca vistas, e as delicadas paredes sustentadas por abóbadas de nervuras e arcobotantes se abriam para a entrada gloriosa da luz.

Cristo é a Luz que ilumina todas as coisas. Pela primeira vez, os artistas começaram a pintar com luz, a qual passou a dar sentido e vida aos vitrais como o espírito ilumina e vivifica a matéria.

Nos vitrais, Deus passou a Se dar a conhecer através da luz, como Cristo no Tabor.

Basílica abacial de St Denis, Paris, França, rosácea do transepto norte. foto David Iliff
Basílica abacial de St Denis, Paris, França, rosácea do transepto norte.
foto David Iliff
O estilo gótico afirmou uma nova filosofia. Deus pôs harmonia e proporção no Universo criando-o com “número, peso e medida”, como ensinam as Escrituras. Aprofundando essa verdade, os mestres medievais abriram os olhos dos homens para as relações matemáticas sapienciais, musicais, existentes em todas as coisas.

E a ordem clara e hierárquica, impregnada de simbolismo e que governa todas as coisas, ficou explícita e Deus refletido nela foi adorado.

Como São Tomás de Aquino, Suger lia, admirava e comentava a teologia de Pseudo-Dionísio, o Areopagita, a hierarquia luminosa dos anjos e a fabulosa riqueza de seres, como as estrelas no céu as areias no mar.

E após considerar o oceano de perfeições que Deus pôs ao nosso alcance, procurava imaginar as insondáveis belezas que Deus nos tem reservado para a eternidade. E aspirava por uma representação material dessa Jerusalém Celeste que ajudasse os homens a atravessar este vale de lágrimas.

A luz é a comunicação do divino, do sobrenatural, é o veículo real para a comunhão com o sagrado. Através dela o homem comum pode admirar a glória de Deus e aperceber-se melhor da sua mortalidade e inferioridade.

Através dos vitrais, a luz cria uma áurea de misticismo. Catedral São Pedro, Beauvais, França.
Através dos vitrais, a luz cria uma áurea de misticismo.
Catedral São Pedro, Beauvais, França.
A luz exerce um papel crucial no interior da catedral.

Através dos grandes vitrais, ela se difunde numa áurea de misticismo, enquanto a verticalidade das ogivas reforça a carga simbólica e o empuxe ascensional rumo às hierarquias celestes.

As paredes, libertas da sua função de apoio, sobem em altura gerando um espaço gracioso e etéreo que toca no Céu e na eternidade.

A catedral não é enigmática nem esotérica como os templos do paganismo do Oriente. Ela é acessível ao homem comum, atraindo-o de modo palpável.

A criança é capaz de assimilar e compreender suas imagens e vitrais.

Nelas ela aprende o catecismo, a História Sagrada, os rudimentos da Fé e da filosofia, da vida dos santos e das lendas, bem como histórias de seu país.

Mais ainda. O templo gótico torna-se o ponto de contato com o divino, é um livro de pedra onde o simples fiel ouve a Deus e como que fala com Ele e O vê com seus santos e seus anjos.

Nossa Senhora está ali e a maioria das novas catedrais medievais lhe é dedicada – a Notre-Dame.




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