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quarta-feira, 11 de junho de 2014

Como foram os monges
que habitaram o Monte Saint-Michel?

Vista aérea da abadia e do vilarejo do Mont Saint-Michel, Normandia, França

O Monte Saint Michel impressiona antes de tudo pelo efeito natural que produz sua figura.

Mas há outro fator que não é natural e que é indizível.

Este fator se soma ao lado natural e dá o melhor do Monte de São Miguel Arcanjo. É a graça divina.

E essa graça toca o fundo das almas que se deixam influenciar por ela.

Esse fator sobrenatural está ligado aos monges que ali viveram, à intenção do fundador que construiu aquilo, enfim, a uma série de movimentos de alma muito bons que convergiram para que o Monte Saint-Michel fosse como é.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Charme e grandeza da basílica de São Marcos em VENEZA

A fachada foi construída com simplicidade de linhas.

São cinco arcos, dois iguais de cada lado e um no meio, um tanto maior.

O arco maior interrompe um pouco o curso do corrimão de um terraço que está em cima.

Mais para cima se encontram ogivas muito abertas, mas que conservam seu parentesco com a ogiva gótica comum pelo fato de terminarem naquela ponta.

A ponta reúne harmonicamente dois extremos de um movimento que tem um resto de ogival.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O trombeteiro de Nossa Senhora de CRACÓVIA

Igreja de Nossa Senhora, Cracóvia, Polônia

Conta-se até no longínquo Cazaquistão uma história ligada à mais alta torre da igreja de Nossa Senhora em Cracóvia.

Com 81 metros de altura, ela é conhecida como a Torre da Guarda. Ainda hoje é o ponto mais alto da cidade.

A vida nunca foi fácil em nenhuma parte, mas era especialmente difícil nos inícios da Polônia.

As cidades da Europa Central eram atacadas por hordas de bárbaros pagãos vindos da Mongólia, acumpliciados por vezes com aliados locais.

Em face do perigo, os conselheiros municipais de Cracóvia decidiram que um guarda ficaria sempre a postos no alto da torre de Nossa Senhora e alertaria os habitantes tão logo visse os mongóis se aproximarem.

Durante muitos anos, os guardas cumpriram sua missão a contento, alertando os habitantes da cidade diante das ameaças.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O gótico: estilo de bárbaros ou de homens muito superiores à mediocridade moderna?

Catedral de Westminster, Londres
Catedral de Westminster, Londres

Custa-nos crer, em nossos dias, que nos séculos XVII e XVIII, e mais tarde ainda, o termo gótico era equivalente a 'bárbaro'.

Seriamos mais bem levados a nos maravilhar com tudo o que se construiu nos tempos 'Bárbaros', com meios que nos parecem tão débeis em comparação com os nossos.

Os especialistas calcularam que a França dos séculos XII e XIII transportou mais pedras que o Egito, quando este elevava as Pirâmides.

Eles reconheceram que os fundamentos de nossas catedrais descem até a profundidade média de nossas estações de Metrô.

Pasmaram ao ver que em Amiens, a catedral é bastante ampla para acolher toda a população da cidade.

Atualmente, os maiores estádios construídos em cidades como Nova York ou Paris não podem conter senão uma muito pequena parte de sua população.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Faça uma visita virtual à catedral de LUGO: a catedral da soma de todas as idades da Igreja



As origens da catedral de Santa Maria, de Lugo, na Galícia, Espanha, são tão antigos que falando com propriedade se perdem na história.

Sabe-se que no tempo da evangelização da Galícia houve no local uma igrejinha que remontava ao século I e que durou até os tempos do bispo Odoario, no século VIII.

Uma velha pedra medieval, hoje na entrada do templo, fala que o prelado iniciou a restauração do prédio preexistente.

Aspectos exteriores da catedral de Lugo
Aspectos exteriores da catedral de Lugo

Um diploma do rei Alfonso II, datado em 27-III-832, descreve a nova catedral como um edifício de grande beleza. Esse rei, lembrado como o Rei Casto, fiz dela o modelo para a catedral de Oviedo.

No século XII, o bispo Pedro III decidiu substituir a catedral com um prédio religioso maior e mais solene.

Foi assim que em 1129, o mestre Raimundo de Montforte iniciou a construção de um novo templo desta vez em estilo românico. Ele perdura até nossa época com muito importantes acréscimos góticos e de outros estilos posteriores.

A catedral românica foi finalizada em 1273 e foi consagrada a Santa Maria, sob a invocação de “Virgem dos Olhos Grandes” (Virgen de los Ojos Grandes) padroeira da cidade.

A catedral possui o privilégio papal da exposição permanente do Santíssimo Sacramento. O cálice e a hóstia aparecem no escudo da cidade com a frase Hic hoc misterivm fidei firmiter prifitemvr (Acreditamos com fidelidade neste mistério), em referência ao mistério da Eucaristia.

A frase foi incluída no próprio escudo do reino de Galícia.

Por este fato, Lugo é conhecida como a cidade do Santíssimo Sacramento.

A “Virgem dos Olhos Grandes” padroeira da cidade
A “Virgem dos Olhos Grandes” padroeira da cidade
A Virgem dos Olhos Grandes, padroeira da cidade hoje se encontra numa capela anexa especialmente dedicada a ela. E sua festa coincide com a da Assunção de Nossa Senhora: 15 de agosto

O rei de Castela Alfonso X o Sábio lhe consagrou sua cantiga nº LXXVII, na qual descreve a cura de uma mulher que pediu saúde a Nossa Senhora, e a recuperou na catedral aos pés da Virgem dos Olhos Grandes.

A catedral assim resume como num leque todos os estilos da história da Igreja. Desde os primórdios, quando a Galícia estava habitada por povos celtas hoje diluídos na Espanha.

Depois, da época gloriosa da conversão pela intercessão das relíquias do Apóstolo Santiago, veneradas em Compostela. A seguir, a era da Reconquista católica contra os mouros e os séculos de catolicidade subsequentes.

A Igreja Católica não é de uma só idade, nem de várias.

Ela tem a soma das idades boas do passado, do que há de bom no tempo presente e de todas as belezas, perfeições e formas de santidade que haverá no futuro e que nós não conseguimos sequer imaginar.

Pois todas as formas de beleza e santidade estão contidas em Nosso Senhor Jesus Cristo, presente verdadeira, real e substancialmente no Santíssimo Sacramento.

A catedral de Lugo é uma lição eloquente destas verdades.

Video: Cantiga 77: "Daquela que Deus mamou"






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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Louvar a Nossa Senhora e adorar a Deus amando suas catedrais

Eu não posso me esquecer de uma das viagens que fiz a Paris. Eu cheguei à noitinha, jantei e fui imediatamente ver a catedral de Notre- Dame.

Era uma noite de verão não extraordinariamente bonita, comum.

A catedral estava iluminada, e o automóvel em que eu vinha passava da rive gauche para a ilha, e eu via a Catedral de lado, numa focalização completamente fortuita.

Desde logo, naquele ângulo que eu diria tomado ao acaso – se acaso existisse, em algum sentido existe –, eu a olhei e achei tão bela que eu fiquei com vontade de dizer ao automóvel:

“Pára, que eu quero ficar aqui!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O mistério de Dijon: o campanário foi feito pelas fadas ou pelos anjos?

Dijon, a cidade dos cem campanários: a catedral no fundo, São Filiberto na esquerda

Catedrais e igrejas têm também histórias, fatos e lendas para contar.

Entre muitas, está a história do campanário da igreja de São Filiberto, muito próxima da catedral Notre Dame de Dijon, capital da Borgonha, na França.

  “Dijon é a cidade dos cem campanários!”

Esta exclamação histórica foi pronunciada no topo da fortaleza de Talant pelo rei Francisco I assim que ele descobriu a seus pés o espetáculo inesquecível da capital da Borgonha – França – emergindo da bruma matinal.

Foi numa manhã de 1515. Grande mecenas das artes durante o Renascimento, Francisco I partia com um exército rumo à Itália.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Notre-Dame: os mais belos aspectos da alma católica são perceptíveis na catedral

Na catedral de Notre-Dame em Paris, bela em cada um de seus pormenores, consideremos inicialmente as três portas do primeiro pavimento, encimadas por lindíssimas ogivas.

Em cada portal aparecem vários episódios da História Sagrada, esculpidos de um e outro lado da ogiva.

Acima das portas ogivais, uma fileira de estátuas. Não satisfeita em decapitar Luís XVI, a Revolução Francesa — cuja infâmia supera qualquer outro acontecimento histórico, exceto a traição de Judas — incitou alguns vândalos a subirem até essas esculturas e degolá-las.

Imaginemos que não existisse a parte superior do edifício, mas apenas o andar térreo coroado por essa espécie de balaústre acima das estátuas dos reis. Mesmo despojada dessa forma, ela seria uma edificação linda.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Notre Dame triunfa em Paris por cima de todas as oposições

Notre Dame de Paris, vista aérea. A restauração ainda continua
Notre Dame de Paris, vista aérea. A restauração ainda continua


Continuação do post anterior

A restauração criadora de Viollet-le-Duc

“Deus escreve certo sobre linhas tortas”. É a única explicação para o despertar do interesse pelas catedrais góticas num século XIX já infectado pelos preconceitos positivistas.

Para ser breve, recorro uma vez mais a Irina de Chikoff,(15): Eugênio Viollet-le-Duc tinha 17 anos quando em 1831 Victor Hugo publicou Notre-Dame de Paris, verdadeiro manifesto a favor da arquitetura medieval desprezada durante séculos.

É surpreendente, pois Victor Hugo é o revolucionário que escreveu também Quatrevingt-treize.

Recém-casado, Viollet-le-Duc visitou Chartres e o Monte Saint-Michel em 1835. Foi para ele uma revelação, deixando-o convencido de que a arquitetura medieval era o estilo que melhor se adaptava ao gênio de seu país.

Pouco depois ele aceitava o convite de um amigo para fazer o levantamento dos principais monumentos medievais da França.

Tratava-se de Prosper Merimée, nomeado secretário da Comissão dos monumentos históricos pelo rei Luís Filipe.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O tufão satânico contra a catedral de sonho

Notre Dame viveu momentos trágicos
Notre Dame viveu momentos trágicos

Continuação do post anterior


As profanações e o saque da catedral

Impressionou-me ter ouvido certa vez um professor afirmar que, infelizmente influenciado por certas ideias revolucionárias, Luís XVI já teria aprovado a demolição da catedral de Notre Dame para erguer em seu lugar um templo em estilo grego, a exemplo da igreja de La Madeleine, em Paris.

Felizmente esse terrível desígnio não se realizou.

Como se sabe, no dia 21 de janeiro de 1793, a Revolução cortou a cabeça de Luís XVI na praça da Concórdia.

O monarca, aliás, se houve no momento da morte com um valor e uma resignação cristã exemplares. Impedindo inicialmente que o carrasco lhe amarrasse as mãos, olhou interrogativo para o sacerdote que o assistia junto ao cadafalso.

O Pe. Edgeworth lhe disse então que se deixasse atar, pois assim mostraria mais um sinal de semelhança com Nosso Senhor Jesus Cristo, injustamente condenado.

Em uma atitude digna de um mártir, o rei cessou de imediato qualquer resistência.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A catedral-mãe e o voto de Luís XIII

Altar do voto de Luís XIII
Altar do voto de Luís XIII
Continuação do post anterior

Os limites deste artigo nos levam a saltar para o reinado de Luís XIII, no século XVII. O soberano, casado com a princesa espanhola Ana d’Áustria, aproximava-se da maturidade sem filhos, com graves problemas de saúde e uma guerra difícil contra os calvinistas, entrincheirados em La Rochelle.

O rei recorreu então à Santíssima Virgem: fez-lhe o voto de construir uma igreja, se fosse atendido. Em 1628, depois de 13 meses de cerco, os calvinistas renderam-se.

Em agradecimento, o soberano fundou a igreja de Nossa Senhora das Vitórias, em Paris. Em 1630, ele se viu curado de uma grave disenteria. Mas nenhum sinal de um herdeiro!

Ao longo de uma década, o voto de Luís XIII sofreu alterações em sua formulação, sendo finalmente apresentado ao Parlamento em 1637. Ele instituía uma celebração anual em todas as igrejas do reino, a 15 de agosto, com procissão solene em honra da Assunção da Virgem.

No mesmo ano, um religioso agostiniano teve uma visão da Mãe de Deus segurando em seus braços o herdeiro do trono que, disse Ela, Deus queria dar à França.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A Catedral da beleza perfeita nas tempestades da História

Notre Dame de Paris.
Fundo: Grande Cruz das Três Ordens Militares (Cristo, Santiago, Avis)
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Continuação do post anterior


A França possui ainda hoje um número elevado de catedrais, abadias, igrejas e capelas góticas. Alguns desses monumentos são merecidamente célebres, como as catedrais de Reims, Chartres, Amiens, Bourges, Estrasburgo, para citar apenas estas.

Mas existem inúmeras outras igrejas como que perdidas em longínquas províncias ou em cidades modernizadas.

Sem dúvida, cada catedral possui sua beleza específica, algumas de valor excepcional. Mas nenhuma terá inspirado tanto os poetas, artistas e escritores quanto Notre-Dame de Paris.

Bastaria o privilégio insigne de abrigar as relíquias da Paixão. Também tem seu peso o fato de ser a Sé da capital do reino, do império e da república.

Mas possui ainda outros trunfos que fazem dela a rainha das catedrais. A respeito de Notre Dame de Paris, exclamou Plinio Corrêa de Oliveira: “Igreja de uma beleza perfeita, alegria do mundo inteiro”.

Ocupando a metade leste da Île de la Cité (Ilha da cidade), que é o coração de Paris, a catedral situa-se num lugar privilegiado, como uma grande nave acariciada pelas águas do rio Sena.

No século XX, a população de Paris teve o bom senso de opor-se à construção de arranha-céus no centro histórico. Assim, de vários ângulos a catedral pode ser vista, total ou parcialmente, em sua beleza única.

Veja vídeo
Veja igrejas de beleza perfeita
A sua agulha aponta para o céu com a doce violência de uma prece, como uma flecha que arranca os maiores perdões do Coração divino.

Sua fachada e suas torres são de uma harmoniosa força e doçura, que conquistam qualquer alma aberta à beleza.

“Em uma extraordinária vertical, sua fachada associa o mistério da Encarnação a Cristo Juiz, mostrando seu corpo martirizado e os instrumentos da sua Paixão no momento de separar os eleitos dos condenados.

“Jesus Cristo como Mestre no tremó (a coluna que divide a porta central) alinha-se à Cruz de glória sobreposta, no coro, à Virgem das Dores que oferece a Deus seu Filho supliciado para expiar os nossos pecados”, observa Michel De Jaeghere.(12)

Se analisarmos os detalhes, descobriremos novas riquezas: a doçura incomparável da harmonia de cores de suas rosáceas, especialmente a do portal Sul; a majestosa e maternal imagem de Nossa Senhora de Paris no transepto, à direita da mesa da comunhão; os altos-relevos coloridos que circundam o coro, visíveis do deambulatório, ilustrando episódios da história da salvação; a sua estatuária externa hierática e monumental, com toda a sua riqueza simbólica; as suas gárgulas representando figuras hediondas, a lembrar a presença do maligno, sempre à espreita para perder as almas…

Sob o signo da luta entre o bem e o mal, entre anjos e demônios, manifesta-se um dos aspectos mais interessantes de Notre Dame de Paris.

O neto de São Luís contra o Papa!

De acordo com M. De Jaeghere, se Notre Dame de Paris ocupa um lugar especial no imaginário dos franceses, não é apenas por ser um catecismo em pedra, mas também um compêndio e palco da História, conforme um dito do Cardeal Feltin: [Em Notre-Dame] “a França recita o rosário perpétuo das suas alegrias, dos seus lutos e das suas glórias”.

Com efeito, se aí ocorreram acontecimentos gloriosos, também se cometeram pecados imensos. Assim a transformação da catedral em templo da deusa razão, figurada por uma mulher impúdica que nela se exibiu nua num episódio da Revolução Francesa – classificada por Plinio Corrêa de Oliveira em sua obra-mestra (13) como a segunda Revolução.

Também a primeira Revolução, fautora da destruição da Cristandade medieval, está ligada à história da catedral de Paris. Com efeito, foi em Notre Dame que o rei Filipe IV, dito o Belo, presidiu os primeiros Estados-Gerais em abril de 1302.

Com que objetivo? — Obter apoio para a sua política religiosa. O rei inaugurara um novo estilo absoluto de governo, cercando-se de legistas.

Eliminou costumes e privilégios locais da antiga sociedade feudal e criou novos impostos, provocando descontentamento geral.

Extinguiu a isenção da Igreja de pagar tributos e por fim mandou prender D. Bernardo Saisset, bispo de Pamiers, que representava o baluarte da ortodoxia católica na luta contra a heresia cátara ou albigense na sua diocese ao sul de Toulouse.

Esses fatos levaram o Papa Bonifácio VIII a enviar ao rei, em 1301, a bula Ausculta, fili (Ouça, meu filho), em defesa da autoridade papal, e a pedir um tribunal especial para julgar o bispo de Pamiers.

No ano seguinte, o Pontífice escreveu a bula Unam sanctam, demonstrando a supremacia do poder espiritual sobre o poder temporal.

Enviados do rei Filipe o Belo
esbofeteam o Papa Bonifácio VIII em Anagni
Em 1303, dois enviados do rei — Guilherme Nogaret e Sciarra Colonna – partiram ao encalço de Bonifácio VIII, retirado em Anagni (pois Roma encontrava-se em poder dos Colonna).

O Pontífice foi por eles insultado, acusado de heresia, humilhado e esbofeteado, vindo a falecer de desgosto poucos dias depois.

Esse episódio, conhecido como o Atentado de Anagni, constitui um marco na História.

É o começo do fim da Cristandade medieval e o anúncio da primeira Revolução, inaugurando a era do absolutismo real, do humanismo e do renascimento do paganismo.

Mais tarde o protestantismo veio selar essa revolução no campo doutrinário e especificamente religioso.

Ao ver a obra demolidora de seu neto, o grande São Luís deve ter-se movido de indignação em seu túmulo!

Mas Filipe o Belo foi mais longe: mandou prender os cavaleiros Templários e confiscou seus bens (a Ordem possuía muitas propriedades na França).

Há algum tempo já circulavam contra esses religiosos as lendas mais abjetas. “Menti, menti. Algo sempre ficará”, dirá mais tarde o ímpio Voltaire.

Depois de um processo iníquo a Ordem foi dissolvida, e no dia 18 de março de 1314, em frente de Notre-Dame de Paris, seu grão-mestre Jacques de Molay e outros cavaleiros foram queimados vivos.

Em novembro do mesmo ano Filipe o Belo, o rei maldito, teve de prestar contas de seus atos a Deus.

Martírio e reabilitação de Santa Joana d’Arc

Santa Joana d'Arc comanda a vitória de Patay
Santa Joana d'Arc comanda a vitória de Patay
Em dezembro de 1431, Henrique IV da Inglaterra foi sagrado rei da França em Notre-Dame, na presença de D. Pierre Cauchon, bispo de Beauvais e depois de Lisieux.

Aliado dos ingleses, este bispo fora o carrasco de Santa Joana d’Arc no julgamento iníquo que a condenou a ser queimada viva como feiticeira na praça do mercado de Rouen.

A coroação de Henrique IV era uma impostura, pois o rei legítimo, Carlos VII, já fora sagrado em Reims.

Em 1437, Carlos VII recuperou o trono e em 1455 abriu-se em Notre-Dame o processo de reabilitação de Joana d’Arc, beatificada por São Pio X em 1909 e canonizada por Bento XV em 1920.

(Autor: Gabriel J. Wilson)+
continua no próximo post



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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

A busca da perfeição em Notre Dame de Paris

O arcebispo, o abade e o rei começaram a sonhar a futura catedral
Continuação do post anterior

É o momento de nos ocuparmos da história da construção da catedral de Nossa Senhora (Notre-Dame) de Paris.

A Paris de 1160 devia ter pouco mais de 20 mil habitantes quando Maurício de Sully, com o favorecimento do rei Luís VII, foi escolhido para ocupar sua Sé episcopal.

O rei fora educado na infância pelo Abade Suger, o qual, como vimos, concluiu com sucesso a primeira basílica em estilo ogival.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

A luz da Idade Média na Rainha das Catedrais

Continuação do post anterior


A arte gótica caracteriza-se por abóbadas formadas por ogivas cruzadas, sustentadas por contrafortes de arcos-botantes.

Sobretudo a partir da segunda metade do século XII, com a criação das universidades e o aparecimento de luminares como São Tomás de Aquino e São Boaventura, novas aspirações se manifestaram nos campos da cultura, das ciências e das artes.

Na arquitetura, a tendência era para que as linhas se lançassem rumo ao céu, e no interior penetrasse a luz em abundância. Era precisamente isso que o estilo gótico permitia, ao diminuir o peso sobre as colunas e distribuí-lo por todo o edifício.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Notre-Dame de Paris: 850 anos da Rainha das Catedrais (1163 — 2013)


A mais célebre catedral do mundo, dedicada a Nossa Senhora na capital francesa, comemora 850 anos de existência.

Jóia do estilo gótico, ela é um testemunho vivo do alto grau de civilização de uma época denegrida durante séculos por toda espécie de inimigos da Religião católica, inclusive os modernistas.

Se pudessem, estes teriam derrubado todas as antigas igrejas e catedrais românicas, góticas, barrocas ou clássicas, para erguer em seus lugares templos do absurdo, do monstruoso e do esotérico.

Exemplos disso são a catedral do Rio de Janeiro, no estilo brutal ao gosto divulgado por Le Corbusier, a catedral de Brasília, projetada pelo comunista de carteirinha Oscar Niemeyer.

Ou ainda o projeto da nova catedral de Belo Horizonte, também do mesmo arquiteto e uma afronta ao Estado que deu tão belos exemplos de sua religiosidade através da arte barroca.

O modernismo que se infiltrou na Religião católica rompeu com a tradição, à semelhança do movimento artístico.