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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Rocamadour, santuário símbolo de fé
encravado na rocha – 2

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O fato é que, 400 anos depois da sua descoberta, o corpo continuava intacto, como testemunha uma paroquiana falecida em 1632, que viu o corpo glorioso de santo Amadour “todo inteiro, em pele e osso, como no dia em que ele morreu”.

Essa piedosa centenária também foi testemunha da tentativa frustrada dos protestantes huguenotes, que queriam fazer uma grande fogueira para queimar o corpo do santo. “Mas Deus não o permitiu”. Entretanto, eles fizeram em pedaços a urna de prata e roubaram o precioso tesouro.

No espírito das pessoas do povo, o fiel servidor de Maria Santíssima esperava assim o dia da ressurreição dos mortos. E se voltavam para a Virgem Negra, que realizava tantos milagres. Ela é apresentada como o Trono da Sabedoria encarnada, que é Nosso Senhor Jesus Cristo, que Ela tem sobre seus joelhos.

Um livro do santuário contém 126 relatos de milagres atribuídos a Nossa Senhora de Rocamadour, delicadamente ilustrados com desenhos representando as cenas de tais milagres.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Rocamadour, santuário símbolo de fé
encravado na rocha – 1

Wilson Gabriel da Silva

Pouco mais que uma aldeia, Rocamadour surge como um sonho das neblinas do vale. Se o célebre Monte de São Miguel – le Mont St-Michel, diz-se na França – aparece como uma montanha sagrada apontando para as nuvens, Rocamadour brota das entranhas da terra e das próprias pedras em busca do céu. Não é sem razão que Rocamadour significa “o rochedo de Amadour”.

Mas, quem foi Amadour, aliás, Santo Amadour?

Segundo a tradição ou a legenda (pois os documentos são escassos), Amadour não foi outro senão Zaqueu, o publicano do Evangelho.

Se a antiga Gália, depois reino de França, tornou-se a filha primogênita da Igreja, não foi sem razão. Para o seu território migraram vários discípulos de Nosso Senhor Jesus Cristo, entre eles Lázaro, o ressuscitado, e suas irmãs Marta e Maria, a Madalena, os quais desembarcaram em Saintes-Maries-de-la-Mer, antigo porto perto de Marselha.

O evangelho de São Lucas é bastante claro: Zaqueu era rico, o que não o torna simpático aos demagogos da pobreza, tão em voga em nossos dias…

Depois da Paixão e Morte de Nosso Senhor, ele teria servido a Nossa Senhora. E, aconselhado por Ela, tomado o destino de outros emigrantes da Terra Santa, indo buscar refúgio na Gália.

Uma legenda diz que Zaqueu teria-se casado com a Verônica, que enxugou a Sagrada Face de Jesus durante a Paixão. E que, após a morte da esposa, teria procurado a solidão para viver como eremita em alguma caverna a meia altura das paredes rochosas de um desfiladeiro, em cujo leito corre um pequeno riacho.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

AACHEN 2: catedral de insignes relíquias e do trono de Carlos Magno




Continuação do post anterior




Carlos Magno enriqueceu a catedral de Aachen com relíquias extraordinárias.

Na urna da Santíssima Virgem Maria (Marienschrein) se encontram a túnica que Nossa Senhora usou no Natal, os panos com que envolveu o Menino Jesus, o tecido menor que Cristo usou durante a Crucifixão, e o tecido em que foi envolvida a cabeça de São João Batista após sua decapitação.

Numa outra urna (Karlsschrein) igualmente rica e de análogo estilo se conservam os ossos do próprio Carlos Magno. Esses ossos foram objeto de uma longa e severa análise que confirmou sua autenticidade.

Veja mais em: Reconhecidos os ossos do “Pai da Europa”: Carlos Magno

Essas relíquias, mais os ossos de Carlos Magno conservados em outro precioso relicário, são expostas cada sete anos.

No ano de 2014, 1200º aniversário da morte de Carlos Magno foram mais uma vez exibidas solenemente para a veneração popular.

A capela octogonal inclui um segundo andar rematado por uma cúpula com mosaicos bizantinos.

O atual telhado em gomos é um acréscimo barroco.

Oito grandes pilares gêmeos definem o octógono.

O piso superior apresenta, entre cada pilar, uma divisão feita por duas colunas mais finas.

Esse piso superior abre-se para o octógono e está todo coberto de mosaicos.

Os mosaicos da cúpula têm como tema Cristo em Majestade, sentado no trono ladeado por dois anjos e vinte e quatro reis oferecendo as suas coroas a Deus.

A imagem é do Livro do Apocalipse de São João e glorifica o triunfo definitivo de Jesus Cristo no Fim dos Tempos.

O simbolismo é claro: Carlos Magno e os imperadores do Sacro Império deviam se empenhar ativamente pela vinda desse império divino final na consumação dos tempos.

Também no segundo nível, onde iniciava a área do soberano, encontra-se o trono de Carlos Magno.

O trono pode parecer até demasiado simples para a importância que ele teve na História.

Foi feito com placas de mármore que segundo a tradição teriam sido tiradas do pretório de Pilatos, em Jerusalém.

Pois o imperador era também o vingador de Jesus Cristo, devia fazer respeitar na terra os direitos de Cristo Rei e tornar real o seu reinado.

O trono está sobre seis degraus como o trono de Salomão descrito no Antigo Testamento.

Tudo indica que este é o trono original de Carlos Magno.

Está no local mais alto da capela de onde o imperador podia seguir a Missa.

Carlos Magno fez vir de Roma e Ravenna as elegantes colunas de capitéis coríntios do segundo piso.

Elas estão distribuídas em dois níveis de altura e percorrem o perímetro do octógono.

Foram roubadas 1794 pelo exército da Revolução Francesa, mas foram recuperadas parcialmente em 1814.

Algumas ficaram no Museu do Louvre.

Atualmente a catedral expõe vinte e duas das colunas originais.

Carlos Magno decidiu generalizar a educação no império, restaurando antigas escolas e fundando novas.

Essas novas escolas podiam ser monacais, sob a responsabilidade dos mosteiros; catedrais, junto à sede dos bispados; e palatinas, junto às cortes.

Dessa época até hoje provém a tradição universitária de Aachen e o papel educativo da catedral.


O 1200º aniversário da coroação de Carlos Magno





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quarta-feira, 9 de julho de 2014

AACHEN: catedral intimamente ligada a Carlos Magno e ao Sacro Império


Uma cidade fundada pelos romanos no século I em virtude das águas termais do local haveria de se transformar numa das capitais mais célebres da Europa, hoje em território da Alemanha próxima à fronteira da Bélgica e dos Países Baixos.

Os romanos a batizaram de Aquae-Grani (de que derivou Aquisgrano ou Aquisgrão em português; Aachen em alemão e Aix-la-Chapelle em francês), porque os romanos tinham a superstição de que o deus Apolo Grano protegia os banhos.

Pepino o Breve, rei dos francos, gostava muito da cidade e erigiu nela uma capela para custodiar preciosas relíquias.

Seu filho Carlos Magno – que provavelmente nasceu em Aachen no ano 742 e que nela veio a falecer em 28 de Janeiro de 814 – fez dela a capital do Sacro Império Romano-Germânico.

O prestígio de Carlos Magno é tão grande, que sua catedral virou a sede da coroação dos imperadores.

A eleição era feita em Frankfurt, mas a coroação devia acontecer em Aachen como sinal da continuidade com o grande Carlos. No total, 32 imperadores foram coroados na catedral até o século XVII.

Torre de entrada da catedral de Aachen
Torre de entrada da catedral de Aachen
Na época carolíngia as únicas cidades que competiam com Aachen eram Roma – pela sua importância religiosa e política – e Ravenna pelos seus tesouros arquitetônicos, artísticos e históricos.

Aachen foi, de todas as cidades da Europa, a mais habitada e visitada por imperadores, reis e estadistas.

Nela foram realizados, igualmente, vários concílios, sínodos e dietas, e solucionaram-se diversas questões políticas.

A Catedral está ligada indissociavelmente a Carlos Magno primeiro imperador do Sacro Império Romano Alemão instituído pelo Papa Leão III durante a missa de Natal em Roma, em 25 de dezembro de 800.

Carlos Magno ordenou a construção da catedral no local da antiga capela por volta de 790 e foi nela sepultado em 814.

A catedral é hoje o resultado de acréscimos e modificações feitas ao longo dos séculos.

É a mais antiga catedral do norte da Europa e além de ter sido, na sua fase inicial, e durante séculos, o edifício mais alto a norte dos Alpes.

A capela original, de influência bizantina e germânica, pertencia ao palácio, sendo conhecida como capela palatina.

Os elementos góticos e posteriores deram numa fusão de estilos da arquitetura cristã.

Na época de Pepino o Breve e Carlos Magno era comum a existência de diversas residências reais. O rei ou imperador se deslocava pelo território para garantir a autoridade, ter encontros com os grandes senhores e bispos, etc.

Carlos Magno mandou erigir um palácio para usar nas suas estadias, mas o seu gosto pela região, a grande extensão de florestas, a caça abundante e as águas termais, levaram ele a estabelecer sua residência permanente.

Aachen virou assim o centro cultural e religioso do Império.

As dependências do palácio foram construídas em madeira, como era costume nos primórdios da Idade Média e não sobreviveram até nossos dias.

Mas Carlos Magno substituiu a capela para relíquias de Pepino pela capela palatina em pedra que é atualmente o corpo central da catedral.

Cúpula da catedral octogonal. As colunas pertencem ao segundo andar.
Cúpula da catedral octogonal. As colunas pertencem ao segundo andar.
O modelo foi a Basílica de São Vital em Ravenna.

Materiais como os mármores para as colunas e os bronzes para as grades no seu interior foram importados de Itália, seguindo as instruções de Carlos Magno que queria civilizar seus povos.

A capela, mandada erigir pelo pai de Carlos Magno custodiava uma relíquia da capa de São Martinho de Tours, tal vez o santo mais venerado naqueles remotos séculos. Da palavra capa provém o termo capela.

Para os construtores escolhidos pelo imperador, a nova capela deveria ser a imagem da Nova Jerusalém, onde reina Carlos Magno o representante de Deus na Terra, e Aquisgrão devia ser um reflexo de Roma na ordem temporal. O mestre de obras foi Otão de Metz.

A planta tem oito lados porque o número oito simboliza o poder celestial na Terra, o dia após o sétimo dia da criação, a ressurreição de Cristo e o começo da perfeição.

O octógono já era símbolo da perfeição na Antiguidade, e simboliza a fusão entre o infinito, o céu (círculo) e a área delimitada, os quatro pontos cardeais terrenos (quadrado).

Posteriormente foi adicionado no lado ocidental um conjunto conhecido por Westwerk, no então novo estilo gótico com duas torres.

No século XIV foi edificada a atual torre principal, com capelas laterais góticas na zona alta para albergar relíquias.


O 1200º aniversário da coroação de Carlos Magno


Continua no próximo post


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quarta-feira, 11 de junho de 2014

Como foram os monges
que habitaram o Monte Saint-Michel?

Vista aérea da abadia e do vilarejo do Mont Saint-Michel, Normandia, França

O Monte Saint Michel impressiona antes de tudo pelo efeito natural que produz sua figura.

Mas há outro fator que não é natural e que é indizível.

Este fator se soma ao lado natural e dá o melhor do Monte de São Miguel Arcanjo. É a graça divina.

E essa graça toca o fundo das almas que se deixam influenciar por ela.

Esse fator sobrenatural está ligado aos monges que ali viveram, à intenção do fundador que construiu aquilo, enfim, a uma série de movimentos de alma muito bons que convergiram para que o Monte Saint-Michel fosse como é.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Charme e grandeza da basílica de São Marcos em VENEZA

A fachada foi construída com simplicidade de linhas.

São cinco arcos, dois iguais de cada lado e um no meio, um tanto maior.

O arco maior interrompe um pouco o curso do corrimão de um terraço que está em cima.

Mais para cima se encontram ogivas muito abertas, mas que conservam seu parentesco com a ogiva gótica comum pelo fato de terminarem naquela ponta.

A ponta reúne harmonicamente dois extremos de um movimento que tem um resto de ogival.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O trombeteiro de Nossa Senhora de CRACÓVIA

Igreja de Nossa Senhora, Cracóvia, Polônia

Conta-se até no longínquo Cazaquistão uma história ligada à mais alta torre da igreja de Nossa Senhora em Cracóvia.

Com 81 metros de altura, ela é conhecida como a Torre da Guarda. Ainda hoje é o ponto mais alto da cidade.

A vida nunca foi fácil em nenhuma parte, mas era especialmente difícil nos inícios da Polônia.

As cidades da Europa Central eram atacadas por hordas de bárbaros pagãos vindos da Mongólia, acumpliciados por vezes com aliados locais.

Em face do perigo, os conselheiros municipais de Cracóvia decidiram que um guarda ficaria sempre a postos no alto da torre de Nossa Senhora e alertaria os habitantes tão logo visse os mongóis se aproximarem.

Durante muitos anos, os guardas cumpriram sua missão a contento, alertando os habitantes da cidade diante das ameaças.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O gótico: estilo de bárbaros ou de homens muito superiores à mediocridade moderna?

Catedral de Westminster, Londres
Catedral de Westminster, Londres

Custa-nos crer, em nossos dias, que nos séculos XVII e XVIII, e mais tarde ainda, o termo gótico era equivalente a 'bárbaro'.

Seriamos mais bem levados a nos maravilhar com tudo o que se construiu nos tempos 'Bárbaros', com meios que nos parecem tão débeis em comparação com os nossos.

Os especialistas calcularam que a França dos séculos XII e XIII transportou mais pedras que o Egito, quando este elevava as Pirâmides.

Eles reconheceram que os fundamentos de nossas catedrais descem até a profundidade média de nossas estações de Metrô.

Pasmaram ao ver que em Amiens, a catedral é bastante ampla para acolher toda a população da cidade.

Atualmente, os maiores estádios construídos em cidades como Nova York ou Paris não podem conter senão uma muito pequena parte de sua população.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Faça uma visita virtual à catedral de LUGO: a catedral da soma de todas as idades da Igreja



As origens da catedral de Santa Maria, de Lugo, na Galícia, Espanha, são tão antigos que falando com propriedade se perdem na história.

Sabe-se que no tempo da evangelização da Galícia houve no local uma igrejinha que remontava ao século I e que durou até os tempos do bispo Odoario, no século VIII.

Uma velha pedra medieval, hoje na entrada do templo, fala que o prelado iniciou a restauração do prédio preexistente.

Aspectos exteriores da catedral de Lugo
Aspectos exteriores da catedral de Lugo

Um diploma do rei Alfonso II, datado em 27-III-832, descreve a nova catedral como um edifício de grande beleza. Esse rei, lembrado como o Rei Casto, fiz dela o modelo para a catedral de Oviedo.

No século XII, o bispo Pedro III decidiu substituir a catedral com um prédio religioso maior e mais solene.

Foi assim que em 1129, o mestre Raimundo de Montforte iniciou a construção de um novo templo desta vez em estilo românico. Ele perdura até nossa época com muito importantes acréscimos góticos e de outros estilos posteriores.

A catedral românica foi finalizada em 1273 e foi consagrada a Santa Maria, sob a invocação de “Virgem dos Olhos Grandes” (Virgen de los Ojos Grandes) padroeira da cidade.

A catedral possui o privilégio papal da exposição permanente do Santíssimo Sacramento. O cálice e a hóstia aparecem no escudo da cidade com a frase Hic hoc misterivm fidei firmiter prifitemvr (Acreditamos com fidelidade neste mistério), em referência ao mistério da Eucaristia.

A frase foi incluída no próprio escudo do reino de Galícia.

Por este fato, Lugo é conhecida como a cidade do Santíssimo Sacramento.

A “Virgem dos Olhos Grandes” padroeira da cidade
A “Virgem dos Olhos Grandes” padroeira da cidade
A Virgem dos Olhos Grandes, padroeira da cidade hoje se encontra numa capela anexa especialmente dedicada a ela. E sua festa coincide com a da Assunção de Nossa Senhora: 15 de agosto

O rei de Castela Alfonso X o Sábio lhe consagrou sua cantiga nº LXXVII, na qual descreve a cura de uma mulher que pediu saúde a Nossa Senhora, e a recuperou na catedral aos pés da Virgem dos Olhos Grandes.

A catedral assim resume como num leque todos os estilos da história da Igreja. Desde os primórdios, quando a Galícia estava habitada por povos celtas hoje diluídos na Espanha.

Depois, da época gloriosa da conversão pela intercessão das relíquias do Apóstolo Santiago, veneradas em Compostela. A seguir, a era da Reconquista católica contra os mouros e os séculos de catolicidade subsequentes.

A Igreja Católica não é de uma só idade, nem de várias.

Ela tem a soma das idades boas do passado, do que há de bom no tempo presente e de todas as belezas, perfeições e formas de santidade que haverá no futuro e que nós não conseguimos sequer imaginar.

Pois todas as formas de beleza e santidade estão contidas em Nosso Senhor Jesus Cristo, presente verdadeira, real e substancialmente no Santíssimo Sacramento.

A catedral de Lugo é uma lição eloquente destas verdades.

Video: Cantiga 77: "Daquela que Deus mamou"






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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Louvar a Nossa Senhora e adorar a Deus amando suas catedrais

Eu não posso me esquecer de uma das viagens que fiz a Paris. Eu cheguei à noitinha, jantei e fui imediatamente ver a catedral de Notre- Dame.

Era uma noite de verão não extraordinariamente bonita, comum.

A catedral estava iluminada, e o automóvel em que eu vinha passava da rive gauche para a ilha, e eu via a Catedral de lado, numa focalização completamente fortuita.

Desde logo, naquele ângulo que eu diria tomado ao acaso – se acaso existisse, em algum sentido existe –, eu a olhei e achei tão bela que eu fiquei com vontade de dizer ao automóvel:

“Pára, que eu quero ficar aqui!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O mistério de Dijon: o campanário foi feito pelas fadas ou pelos anjos?

Dijon, a cidade dos cem campanários: a catedral no fundo, São Filiberto na esquerda

Catedrais e igrejas têm também histórias, fatos e lendas para contar.

Entre muitas, está a história do campanário da igreja de São Filiberto, muito próxima da catedral Notre Dame de Dijon, capital da Borgonha, na França.

  “Dijon é a cidade dos cem campanários!”

Esta exclamação histórica foi pronunciada no topo da fortaleza de Talant pelo rei Francisco I assim que ele descobriu a seus pés o espetáculo inesquecível da capital da Borgonha – França – emergindo da bruma matinal.

Foi numa manhã de 1515. Grande mecenas das artes durante o Renascimento, Francisco I partia com um exército rumo à Itália.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Notre-Dame: os mais belos aspectos da alma católica são perceptíveis na catedral

Na catedral de Notre-Dame em Paris, bela em cada um de seus pormenores, consideremos inicialmente as três portas do primeiro pavimento, encimadas por lindíssimas ogivas.

Em cada portal aparecem vários episódios da História Sagrada, esculpidos de um e outro lado da ogiva.

Acima das portas ogivais, uma fileira de estátuas. Não satisfeita em decapitar Luís XVI, a Revolução Francesa — cuja infâmia supera qualquer outro acontecimento histórico, exceto a traição de Judas — incitou alguns vândalos a subirem até essas esculturas e degolá-las.

Imaginemos que não existisse a parte superior do edifício, mas apenas o andar térreo coroado por essa espécie de balaústre acima das estátuas dos reis. Mesmo despojada dessa forma, ela seria uma edificação linda.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Notre Dame triunfa em Paris por cima de todas as oposições

Notre Dame de Paris, vista aérea. A restauração ainda continua
Notre Dame de Paris, vista aérea. A restauração ainda continua


Continuação do post anterior

A restauração criadora de Viollet-le-Duc

“Deus escreve certo sobre linhas tortas”. É a única explicação para o despertar do interesse pelas catedrais góticas num século XIX já infectado pelos preconceitos positivistas.

Para ser breve, recorro uma vez mais a Irina de Chikoff,(15): Eugênio Viollet-le-Duc tinha 17 anos quando em 1831 Victor Hugo publicou Notre-Dame de Paris, verdadeiro manifesto a favor da arquitetura medieval desprezada durante séculos.

É surpreendente, pois Victor Hugo é o revolucionário que escreveu também Quatrevingt-treize.

Recém-casado, Viollet-le-Duc visitou Chartres e o Monte Saint-Michel em 1835. Foi para ele uma revelação, deixando-o convencido de que a arquitetura medieval era o estilo que melhor se adaptava ao gênio de seu país.

Pouco depois ele aceitava o convite de um amigo para fazer o levantamento dos principais monumentos medievais da França.

Tratava-se de Prosper Merimée, nomeado secretário da Comissão dos monumentos históricos pelo rei Luís Filipe.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O tufão satânico contra a catedral de sonho

Notre Dame viveu momentos trágicos
Notre Dame viveu momentos trágicos

Continuação do post anterior


As profanações e o saque da catedral

Impressionou-me ter ouvido certa vez um professor afirmar que, infelizmente influenciado por certas ideias revolucionárias, Luís XVI já teria aprovado a demolição da catedral de Notre Dame para erguer em seu lugar um templo em estilo grego, a exemplo da igreja de La Madeleine, em Paris.

Felizmente esse terrível desígnio não se realizou.

Como se sabe, no dia 21 de janeiro de 1793, a Revolução cortou a cabeça de Luís XVI na praça da Concórdia.

O monarca, aliás, se houve no momento da morte com um valor e uma resignação cristã exemplares. Impedindo inicialmente que o carrasco lhe amarrasse as mãos, olhou interrogativo para o sacerdote que o assistia junto ao cadafalso.

O Pe. Edgeworth lhe disse então que se deixasse atar, pois assim mostraria mais um sinal de semelhança com Nosso Senhor Jesus Cristo, injustamente condenado.

Em uma atitude digna de um mártir, o rei cessou de imediato qualquer resistência.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A catedral-mãe e o voto de Luís XIII

Altar do voto de Luís XIII
Altar do voto de Luís XIII
Continuação do post anterior

Os limites deste artigo nos levam a saltar para o reinado de Luís XIII, no século XVII. O soberano, casado com a princesa espanhola Ana d’Áustria, aproximava-se da maturidade sem filhos, com graves problemas de saúde e uma guerra difícil contra os calvinistas, entrincheirados em La Rochelle.

O rei recorreu então à Santíssima Virgem: fez-lhe o voto de construir uma igreja, se fosse atendido. Em 1628, depois de 13 meses de cerco, os calvinistas renderam-se.

Em agradecimento, o soberano fundou a igreja de Nossa Senhora das Vitórias, em Paris. Em 1630, ele se viu curado de uma grave disenteria. Mas nenhum sinal de um herdeiro!

Ao longo de uma década, o voto de Luís XIII sofreu alterações em sua formulação, sendo finalmente apresentado ao Parlamento em 1637. Ele instituía uma celebração anual em todas as igrejas do reino, a 15 de agosto, com procissão solene em honra da Assunção da Virgem.

No mesmo ano, um religioso agostiniano teve uma visão da Mãe de Deus segurando em seus braços o herdeiro do trono que, disse Ela, Deus queria dar à França.