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quarta-feira, 21 de junho de 2017

A catedral é um resumo de todas as artes,
a síntese visível da ordem da Criação

Basílica de Nossa Senhora, Cracóvia, Polônia.
Basílica de Nossa Senhora, Cracóvia, Polônia.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





A expressão mais completa da arte medieval em França encontra-se na sua arquitetura, nas suas catedrais, onde quase todas as técnicas foram empregadas.

Existiu sem dúvida a arte profana, pois são numerosas as cenas alegóricas ou tiradas da Antiguidade.

Mais numerosos ainda os retratos, os quadros guerreiros, campestres ou idílicos, em que a natureza nunca está ausente.

Mas foi nas suas catedrais que ela pôs toda a sua alma.

Acontece — e não é por acaso — que a arquitetura medieval floresceu mais ainda em França do que em qualquer outra região.

Poucas das nossas aldeias escaparão à presença de algum vestígio dela, sob a forma por vezes muito humilde de um simples pórtico perdido no meio da alvenaria moderna, ou por vezes sob a forma de uma magnífica catedral, desproporcionada em relação à aglomeração que presentemente a circunda.

A serenidade um tanto maciça dos edifícios românicos é realçada por uma decoração agitada e turbulenta, com cenas de grandeza vertiginosa tiradas do Apocalipse, e banhadas ainda de influências orientais.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Sob a aparente fantasia: poderosa sabedoria, síntese do universo

Ambulatório da catedral de Amiens, Foto David Iliff License CC-BY-SA 3 0
Ambulatório da catedral de Amiens.
Foto: David Iliff License CC-BY-SA 3 0
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs





A nossa época, que se desembaraçou dos últimos restos de preconceitos clássicos, e na qual a influência dos dogmas da antiguidade é já nula, está em melhor posição do que qualquer outra para penetrar a arte da Idade Média.

Não passaria hoje pela cabeça de ninguém indignar-se com os camelos verdes do Psautier de Saint-Louis (Saltério de São Luís), e os artistas modernos fizeram-nos compreender que, para dar uma impressão de harmonia, a obra de arte deve ter em conta a geometria, e a decoração submeter-se à arquitetura.

Podemos redescobrir a arte medieval mais facilmente do que a literatura do mesmo tempo, pois podemos desfrutá-la diretamente.

Aprendemos a percorrer pedra por pedra, nas nossas catedrais e nos nossos museus, os seus vestígios dispersos pela Europa.

Os progressos da técnica fotográfica permitem-nos dar a conhecer as maravilhas das miniaturas inseridas nos manuscritos, que até aqui só alguns iniciados podiam apreciar.

Chega-se a restituir mesmo as suas cores, com rara fidelidade, o que se pode confirmar nas admiráveis publicações da revista Verve, as das Éditions du Chêne ou de Cluny, etc.

O que sobressai mais nitidamente na arte medieval é o seu caráter sintético.

Criações, cenas, personagens, monumentos, parecem ter surgido de um só jato, tal é o seu frêmito de vida, tão forte a expressão do sentimento ou da ação que pretendem traduzir.