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terça-feira, 21 de março de 2023

Catedral de BOURGES:
força, seriedade, recolhimento, luz

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






O gótico é forte. E porque é forte, ele tende ao perene.

Ele tem um visível desejo de durar sempre, de ser uma coisa que nunca mais será substituída.

Há uma seriedade no interior de todo edifício gótico. Há um recolhimento e uma compostura própria só a quem é muito sério.

A luz que entra dentro deles é tamisada por um colorido muito bonito.

Nos vitrais da catedral de Bourges, a luz do dia que entra não tem a cor comum do dia.

É um dia diferente, meio idealizado. É um dia ideal, que faz pensar num sonho que filtra através das janelas.

É um sonho? Não é.

A alma, à força de desejar o Céu, conjetura tanto quanto ela pode, como seria o Céu.

E uma igreja toda ela feita de vitrais da Idade Média, nos dá a impressão de entrar no Céu.

A colunata interna da catedral de Bourges merece ser aclamada. Aquela colunata simboliza um caminho alto, estreito, mas que conduz a uma grande solução.

É o caminho do Céu.

O caminho do Céu não é largo, folgado, espaçoso, agradável.

Ele é apertado, difícil. Ele está sempre a dois passos de precipícios, de problemas.

Os vitrais de Bourges são dos mais belos do mundo
A colunata representa uma coisa grandiosa, metódica, mas da qual não se pode afastar um passo, porque se perde de vista a meta, e se transvia.

Isto é a idéia que nós temos da nossa própria vida enquanto vivida à luz dos Mandamentos.

A Catedral de Bourges está dedicada a Santo Estevão, o primeiro mártir católico. Ela fica na região do Berry, no centro da França.

É considerada uma obra-prima de arquitetura gótica. Sua fachada, de 40 metros da largura é a maior do estilo gótico.

A construção iniciou-se em 1195, praticamente ao mesmo tempo com a Catedral de Chartres.

O coro de Bourges foi construído em 1214, a nave em 1225 e a fachada foi terminada em 1250. A catedral foi consagrada em 13 de maio de 1324.

O rei Luis XI, em 1423 e e o príncipe Luís II de Bourbon-Condé em 1621 foram batizados na catedral.

A planta da catedral possui uma abside circular e sem transepto.

Na fachada há 5 pórticos de acesso, um para cada nave, e outros dois encontram-se aos lados na metade das naves externas. Cada pórtico é ornamentado por esculturas notáveis, sendo a mais famosa a que ilustra o juízo final.

Para conferir estabilidade à estrutura foram utilizados contrafortes potentes – os arcobotantes – , mas como esta técnica era muito inovadora para a época, as paredes da catedral são muito mais espessas do que as catedrais que usavam o mesmo sistema.

Com exceção dos vitrais da capela, quase todos da zona absidal são os originais do século XIII e são considerados dos mais bonitos do mundo.

A iconografia que transparece das figuras representadas nos vitrais é insólita: pois seu simbolismo é portador de mensagens teológicas com uma finalidade catequética.

De fato o catecismo na Idade Média era ensinado explicando as estátuas e os vitrais. Dessa maneira os fiéis podiam a toda hora conferir suas crenças e desenvolviam um requintado senso estético, outrora exclusivo dos mestres e grandes teólogos que com a catedral ficavam ao alcance de todos.

Por isso as catedrais eram também chamadas de “Bíblias de Pedra”.

Por exemplo, os fiéis encontram os grandes eventos do Antigo Testamento e os episódios essenciais da vida de Jesus Cristo, e ainda outros sobre a vida dos santos, dos Atos dos Apóstolos e do Apocalipse ou do Evangelho.

Os medievais dominavam assim a linguagem simbólica sem necessidade de lerem densos tratados, deixando como analfabetos a muitos e muitos cidadãos modernos alfabetizados, mas desprovidos do senso dos valores e princípios transcendentais da cultura e da ordem do universo.



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terça-feira, 7 de março de 2023

Peregrinando dentro de um vitral

Rosácea lateral da catedral de Chartres, França
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Imaginemos um vitral em forma circular, ou seja, uma rosácea. Um mundo de cores diferentes.

Dentro do conjunto de cores, poder-se-ia fazer um passeio: ora “entrar” no céu cor de anil, ora no dourado absoluto, depois no verde total ou no vermelho bem rubro.

Os olhos “entram” em vários pedacinhos de céu, olham daqui, de lá e de acolá.

Em determinado momento, surge a maior alegria: a visão do conjunto.

Ao cabo de algum tempo, não sou mais eu que estou olhando para a rosácea, mas é ela que está como que olhando para mim.

Um imenso olhar de “alguém” que contém todos os estados de espírito correlatos com aquelas várias cores e que no seu conjunto me analisa.

Analisa não tal aspecto ou tal outro de minha psicologia, mas a mim como um todo, composto de proporções desiguais e irrepetíveis.

Nunca houve antes, nem haverá depois, um outro igual a cada um de nós.

Se eu olho em torno de mim e vejo outras pessoas também contemplando o vitral, noto como elas são diferentes de mim e para cada uma delas o vitral diz coisas diferentes.

Percebo a variedade inesgotável de interpretações que a alma humana, olhando para a rosácea, pode estabelecer, a ponto de se sentir compreendida por ela.

Gosto muito de ver fotografias de vitrais medievais. Aquelas que retratam aspectos isolados deles não dão, a meu ver, o melhor do vitral.

O melhor é quando a rosácea inteira projeta sua luz para nós.

Por quê?

Por causa da própria natureza da alma humana. Somos tais que podemos ter aspectos de alma lindos.

Entretanto, o mais belo não é nenhum deles.

O mais bonito é contemplar a alma humana enquanto criatura em que Deus vai formando, com aspectos vários, uma imagem d’Ele dentro da coleção quase incontável dos homens.

Desde o primeiro homem até o último, cada um ocupa um lugar sem o qual a coleção ficaria incompleta.

Como um vitral que recebeu uma pedrada e nesse ponto aparece um buraco.

Assim, analisando cada homem no seu conjunto, notamos uma porção de elementos individualmente lindos; mas o mais belo é, se cada um se santificar, observar no seu todo a plenitude de sua personalidade.





(Autor: Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, excertos da conferência proferida em 26/10/1980. Sem revisão do autor).



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