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terça-feira, 28 de maio de 2024

Catedral de ELY: símbolo da Nave da Salvação

A catedral de Ely, apelidada “o navio do Fens”
A catedral de Ely, apelidada “o navio do Fens”
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






A catedral de Ely (Cambridgeshire, Inglaterra) é conhecida localmente como “o navio do Fens”, devido à sua forma proeminente que se eleva acima da paisagem plana e húmida de Fens.

A primeira igreja cristã no local foi fundada por Santa Etheldreda, filha do rei de East Anglia.

Em 673, após ficar viúva de um príncipe de Northumbria , ela fundou e governou um mosteiro, onde faleceu.

A urna com suas relíquias foi centro de romarias na Idade Média.

O mosteiro original foi destruído pelas invasões nórdicas no século IX.

No século X foi erguida outra igreja, substituída pela atual catedral a partir de 1082.

A Torre Ocidental foi erigida entre 1174 e 1197 no estilo românico e mede 66 metros de altura.

A “torre da lanterna” no transepto, centro da catedral
A “torre da lanterna” no alto do transepto, centro da catedral
A “torre da lanterna” no transepto, centro da catedral foi construída no século XIV.

O gótico foi introduzido na Inglaterra pelos normandos católicos sucessores de Guilherme o Conquistador.

A planta do edifício tem forma de cruz, com o altar voltado para o Oriente, de onde Cristo há de vir no Fim do Mundo.

O cumprimento total da catedral é 163,7 metros.

Só a nave mede 75 metros de extensão, sendo a maior da Inglaterra.

Em 1539, quando o rei Henrique VIII precipitou Inglaterra no protestantismo anglicano e dissolveu os mosteiros, a urna de Santa Etheldreda foi selvagemente destruída.

Acompanhando a tendência protestante de acabar com a devoção aos santos, também as estátuas representando os bem-aventurados foram severamente danificadas.

A estrutura da catedral porém salvou-se da depredação.

Em séculos posteriores, os efeitos da barbárie anti-católica foram corrigidos por diversas grandes restaurações. A última aconteceu entre 1986-2000




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terça-feira, 14 de maio de 2024

A catedral gótica: resumo da ordem do universo,
onde Deus faz suas delícias

Catedral de Soissons, França. foto David Iliff.
Catedral de Soissons, França.
foto David Iliff.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








No contexto medieval dos séculos XI e XII, as escolas monásticas e episcopais sediavam grandes escolas de teologia.

Essas escolas procuraram explicitar a fundo a ordem posta por Deus na Criação para a Sua maior glória. A ordem do universo contida na Bíblia foi cotejada com os ensinamentos aproveitáveis dos gênios gregos e romanos da antiguidade.

O estudo, a contemplação, a meditação e a oração permitiram aos mestres espirituais medievais atingir um conhecimento profundamente raciocinado da grandiosidade e do simbolismo da glória de Deus e da Igreja, impressos na imensa catedral divina que é o Universo.

O gótico nasceu como sendo o estilo mais adequado para exprimir a fisionomia com que Deus que Se faz conhecer na Criação.

Por isso a catedral, que já era a casa de Deus por excelência, tinha que conter em si, embora em miniatura, a majestosa ordenação espiritual, metafísica e material de toda a estrutura e de toda a beleza do criado.

Na hora de reconstruir a abadia real de Saint-Denis, hoje na periferia de Paris, o abade beneditino Suger vivificou a primeira catedral gótica.

Ele reuniu de modo indissociável a ordem monárquico-aristocrática divina, refletida entre os homens pela monarquia francesa, e a glória da Igreja Católica, Corpo Místico de Cristo, governada pelos sucessores de São Pedro e dos Apóstolos.

Ambulatório da igreja de St-Germain l'Auxerrois, Paris, França. Foto David Iliff
O abade Suger apelou para incontáveis progressos arquitetônicos medievais registrados nos quatro cantos da França, fazendo vir de toda parte mestres-de-obras, escultores e artistas.

E aplicou pela primeira vez, de modo generalizado, a ogiva gótica. Os muros subiram a alturas nunca vistas, e as delicadas paredes sustentadas por abóbadas de nervuras e arcobotantes se abriam para a entrada gloriosa da luz.

Cristo é a Luz que ilumina todas as coisas. Pela primeira vez, os artistas começaram a pintar com luz, a qual passou a dar sentido e vida aos vitrais como o espírito ilumina e vivifica a matéria.

Nos vitrais, Deus passou a Se dar a conhecer através da luz, como Cristo no Tabor.

Basílica abacial de St Denis, Paris, França, rosácea do transepto norte. foto David Iliff
Basílica abacial de St Denis, Paris, França, rosácea do transepto norte.
foto David Iliff
O estilo gótico afirmou uma nova filosofia. Deus pôs harmonia e proporção no Universo criando-o com “número, peso e medida”, como ensinam as Escrituras. Aprofundando essa verdade, os mestres medievais abriram os olhos dos homens para as relações matemáticas sapienciais, musicais, existentes em todas as coisas.

E a ordem clara e hierárquica, impregnada de simbolismo e que governa todas as coisas, ficou explícita e Deus refletido nela foi adorado.

Como São Tomás de Aquino, Suger lia, admirava e comentava a teologia de Pseudo-Dionísio, o Areopagita, a hierarquia luminosa dos anjos e a fabulosa riqueza de seres, como as estrelas no céu as areias no mar.

E após considerar o oceano de perfeições que Deus pôs ao nosso alcance, procurava imaginar as insondáveis belezas que Deus nos tem reservado para a eternidade. E aspirava por uma representação material dessa Jerusalém Celeste que ajudasse os homens a atravessar este vale de lágrimas.

A luz é a comunicação do divino, do sobrenatural, é o veículo real para a comunhão com o sagrado. Através dela o homem comum pode admirar a glória de Deus e aperceber-se melhor da sua mortalidade e inferioridade.

Através dos vitrais, a luz cria uma áurea de misticismo. Catedral São Pedro, Beauvais, França.
Através dos vitrais, a luz cria uma áurea de misticismo.
Catedral São Pedro, Beauvais, França.
A luz exerce um papel crucial no interior da catedral.

Através dos grandes vitrais, ela se difunde numa áurea de misticismo, enquanto a verticalidade das ogivas reforça a carga simbólica e o empuxe ascensional rumo às hierarquias celestes.

As paredes, libertas da sua função de apoio, sobem em altura gerando um espaço gracioso e etéreo que toca no Céu e na eternidade.

A catedral não é enigmática nem esotérica como os templos do paganismo do Oriente. Ela é acessível ao homem comum, atraindo-o de modo palpável.

A criança é capaz de assimilar e compreender suas imagens e vitrais.

Nelas ela aprende o catecismo, a História Sagrada, os rudimentos da Fé e da filosofia, da vida dos santos e das lendas, bem como histórias de seu país.

Mais ainda. O templo gótico torna-se o ponto de contato com o divino, é um livro de pedra onde o simples fiel ouve a Deus e como que fala com Ele e O vê com seus santos e seus anjos.

Nossa Senhora está ali e a maioria das novas catedrais medievais lhe é dedicada – a Notre-Dame.




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