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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

No Natal, em Notre Dame, Nossa Senhora converte o filho perdido

A conversão do famoso diplomata, dramaturgo e poeta Paul Claudel (Villeneuve-sur-Fère, 1868 — Paris, 1955) membro da Academia Francesa de Letras, contada por ele próprio:

“Nasci em 6 de agosto de 1868. Minha conversão ocorreu em 25 de dezembro de 1886. Eu tinha, portanto, dezoito anos. Mas o desenvolvimento de meu caráter, nesse momento, já estava muito avançado.

“Fui educado, ou melhor, instruído, primeiramente, por um professor livre, em colégios (leigos) de província, e por fim no Liceu Louis-le-Grand.

“Desde meu ingresso nesse estabelecimento, tinha perdido a fé, que me parecia irreconciliável com a pluralidade dos mundos.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

São Germano de Auxerre: humilde bispo que lutou contra os pagãos e aterrorizou os demônios

A catedral de Milão é dedicada a Santa Tecla. Nela aconteceram fatos memoráveis.

Como, por exemplo, Santo Ambrósio, bispo de Milão, que tinha uma força de pregação extraordinária e que recebeu na entrada da catedral a um imperador romano que quis entrar nela sem direito.

Ele rachou o imperador com um discurso.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Tour virtual pelo Mosteiro dos Jerônimos, Lisboa, Portugal

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Lisboa, Portugal

sexta-feira, 29 de abril de 2011

quarta-feira, 27 de abril de 2011

terça-feira, 26 de abril de 2011

quarta-feira, 30 de março de 2011

Catedral de NOTRE DAME e os mais belos aspectos da alma católica


Na catedral de Notre Dame em Paris, bela em cada um de seus pormenores, consideremos inicialmente as três portas do primeiro pavimento, encimadas por lindíssimas ogivas.

Em cada portal aparecem vários episódios da História Sagrada, esculpidos de um e outro lado da ogiva.

Acima das portas ogivais, uma fileira de estátuas de reis da França. Não satisfeita em decapitar Luís XVI, a Revolução Francesa — cuja infâmia supera qualquer outro acontecimento histórico, exceto a traição de Judas — incitou alguns vândalos a subirem até essas esculturas e degolá-las.

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Vídeo: catedral de Paris
Assim, os corpos dos reis permaneceram sem cabeça durante muito tempo. Após a Revolução foram colocadas outras cabeças, infelizmente de inferior qualidade.

Imaginemos que não existisse a parte superior do edifício, mas apenas o andar térreo coroado por essa espécie de balaústre acima das estátuas dos reis. Mesmo despojada dessa forma, ela seria uma edificação linda.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Como um medieval via a liturgia da Missa

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Os capítulos que Guilherme Durand (séc. XIII) consagrou à explicação da Missa então entre os mais surpreendentes de sua obra: “Rational”.

Eis aqui, por exemplo, como ele interpreta a primeira parte do Divino Sacrifício.

“O canto grave e triste do Introito abre a cerimônia: ele exprime a espera dos Patriarcas e dos Profetas. O coro dos clérigos representa o côro dos Santos da Antiga Lei, que suspiram antes da vinda do Messias, que eles, entretanto não verão”.

“O bispo entra, então, e ele aparece como a figura viva de Jesus Cristo. Sua chegada simboliza o aparecimento do Salvador, esperado das nações”.

“Nas grandes festas leva-se diante dele sete tochas, para lembrar que, segundo a palavra do Profeta, os sete dons do Espírito Santo repousam sobre a cabeça do Filho de Deus. Ele se adianta sob um pálio triunfal, do qual os quatro carregadores são comparados aos quatro Evangelistas.

“Dois acólitos caminham à sua direita e à sua esquerda, e representam. Moisés e Elias, que se mostraram no Thabor dos dois lados de Nosso Senhor. Eles nos ensinam que Jesus tinha por Si a autoridade da Lei e a autoridade dos Profetas”.

“O bispo senta-se em seu trono e permanece silencio. Ele parece não desempenhar nenhum papel na primeira parte da cerimônia. Sua atitude contém um ensinamento: ela nos recorda pelo seu silêncio, que os primeiros anos da vida de Nosso Senhor se desenrolaram na obscuridade e no recolhimento”.

“O Sub-Diácono, entretanto, dirige-se para a cátera, e, voltado para a direita, lê a Epístola em alta voz. Entrevemos aqui o primeiro ato do drama da Redenção.

“A leitura da Epístola, é a pregação de São João Batista no deserto. Ele fala antes que o Salvador tenha começado a fazer ouvir Sua voz, mas ele não fala senão aos judeus.

“Também o Sub-Diácono, imagem do Precursor, se volta para o norte, que é o lado da Antiga Lei. Quando a leitura termina, ele se inclina diante do bispo, como o Precursor se humilhou diante de Nosso Senhor”.

“O canto do Gradual, que segue a leitura da Epístola, se reporta ainda à missão de São João Batista: ele simboliza as exortações à penitência que ele fez aos judeus, à espera dos tempos novos”.

“Enfim, o Celebrante lê o Evangelho. Momento solene, porque é aqui que começa a vida pública do Messias, Sua palavra se faz ouvir pela primeira vez no mundo. A leitura do Evangelho é a figura de Sua pregação".

“O Credo segue o Evangelho, como a fé segue o anúncio da verdade. Os doze artigos do Credo se reportam à vocação dos doze Apóstolos”.

“Quando o Credo termina, o bispo se levanta e fala ao povo. Escolhendo esse momento para instruir os fiéis, a Igreja quis lhes recordar o milagre de Sua expansão.

“Ela lhes mostra como a verdade, recebida antes somente pelos doze Apóstolos, se espalhou em um instante, no mundo inteiro”.

Tal é o senso místico que Guilherme Durand atribuiu à primeira parte da Missa.

Depois dessa espécie de preâmbulo, ele chega à Paixão e ao Sacrifício da Cruz. Mas aqui, seus comentários tornam-se tão abundantes e seu simbolismo tão rico, que é impossível, por uma simples análise, dar uma idéia. É necessário que se vá ao original.

Nós dissemos bastante, entretanto, para deixar entrever alguma coisa do gênio da Idade Média.

Pode-se imaginar tudo que uma cerimônia religiosa continha de ensinamentos, de emoção e de vida para os cristãos século XIII.

Um uso tão constante do simbolismo pode deixar estupefato alguém que não esteja familiarizado com a Idade Média.

É preciso porém não fazer como fizeram os beneditinos do século XVIII, não ver ali senão um simples jogo de fantasia individual.

Sem dúvida, tais interpretações não foram nunca aceitas como dogmas. Não obstante, é notável que elas quase nunca variam. Por exemplo, Guilherme Durand, no século XIII, atribui a estola o mesmo significado que Amalarius no século IX.

Mas o que é mais interessante aqui, mais do que a explicação tomada em si, é o estado de espírito que ela supunha. E o desdém pelo concreto; é a convicção profunda de que, através de todas as coisas desse mundo se pode chegar ao espiritual, pode-se entrever Deus. Eis aqui o verdadeiro gênio da Idade Média.

(Autor: Emile Mâle, “L'Art Religieux du XIII Siècle en France”, Librairie Armand Colin, 1958, pag. 51)

quarta-feira, 9 de março de 2011

A decadência de Cluny e o ocaso da Cristandade medieval (7)


A cristandade alargava-se, as cidades eram novamente palco de transformações sociais. Nascimento da burguesia, novo impulso comercial.

Esse arranque teve início por volta do ano mil. Para as mentes de então, estava associado à busca religiosa. O próprio Raul Glaber, cluniacense, é sempre bom recordar, fala de uma paz divina após o flagelo da fome, como se Deus renovasse seu pacto com a humanidade. Sinta a fluência literária de um historiador cluniacense:

quarta-feira, 2 de março de 2011

São Bernardo: reação para segurar a queda de Cluny (6)


De qualquer modo, a independência, todo esse luxo e opulência e especialmente a velocidade com que Cluny passou de uma economia baseada na exploração direta de um vasto domínio (910-1080) para uma economia monetária (1080-1125) (DUBY, 1990: 123) despertou a ira de muitos setores eclesiásticos. Invejas.

Com a morte do abade Hugo de Sémur (1109), a eleição de Pons (que se demitiu) e Hugo II (que governou apenas alguns meses), a ordem entrou em crise. Crise de valores: foi acusada de corrompimento. Luxo, opulência, fausto. Degeneração. Sua expansão e enriquecimento provocara ciúmes. Mas também decadência moral.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Cluny, como viviam os monges da Jerusalém celeste encarnada (5)


O monetário oriundo das doações que afluiu para Cluny foi também direcionado pelo abade para os mais pobres. Como afirmei no início desse texto e volto a insistir, a economia monástica não visava o lucro, estava voltada para a comunidade ‒ num sentido mais amplo, para o corpo cristão.

Reitero: nem o abade, nem os monges, nem seu tempo tinham a mentalidade capitalista. É inútil vê-los com esse olhar moderno. Não era esse o foco.

Há de se fazer um esforço de compreensão, é necessário. Historiador, liberte-se de suas amarras materiais, sinta o ambiente e as prioridades de então. Coloque-se no lugar, pense na Idade Média, não a Idade Média (LIBERA, 1999: 68).

Perde-se perspectiva, claro, mas ganha-se compreensão, amplia-se o horizonte do entendimento histórico.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Cluny, monges-guerreiros e “anjos do Apocalipse” na Jerusalém celeste encarnada (4)



Dos sonhos aos mortos

Eles conquistaram as graças do povo. Um fato crucial para essa devoção popular foi a criação da liturgia dos mortos. Dia dos finados. Assumiam assim as funções eucarísticas.

Um “mistério magnífico” que trouxe grandes benefícios às almas dos fiéis defuntos. Os monges de Cluny eram guerreiros de luz que combatiam as trevas. Ao cantarem ininterruptamente, resgatavam as almas penadas, os perdidos, os errantes que estavam condenados ao abismo infernal.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cluny: o “fasto” e a “hierarquia angélica” na Jerusalém celeste encarnada (3)


A expansão cluniacense

Até 926 Bernon aclimatou os irmãos no espaço, na pequena capela existente. Preparou-os para sua missão. Edificou a primeira igreja (Cluny I). Não se sabe nada nem da capela (Cluny A) nem da igreja (IOGNA-PRAT, 1998: 107).

Nesse mesmo ano de 926 Bernon legou Cluny a seu discípulo Eudes (927-942), já citado. Durante seu abaciado, Cluny recebeu um importante privilégio: o papa João XI (931-936) outorgou-lhe em 931 um direito de reforma: a partir de então, qualquer mosteiro que solicitasse ao abade cluniacense uma reforma monástica seria incorporado à casa mãe. O mesmo se daria com qualquer monge que desejasse ser acolhido (IOGNA-PRAT, 1998: 101).

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Cluny: o “exército do Senhor” na Jerusalém celeste encarnada (2)


Fundação de Cluny: a doação de Guilherme, duque da Aquitânia

O mais importante centro da reforma monástica foi Cluny.

Raul Glaber (†1044), o melhor historiador do ano mil, também ele cluniacense, nos conta que a abadia de Cluny era um asilo de sabedoria, pois fez renascer a Regra de São Bento ‒ embora com uma ênfase diferente, como veremos mais adiante.

A raça cluniacense tornou-se, segundo suas palavras, “um exército do Senhor que se espalhou rapidamente numa grande parte da terra” (citado em DUBY, 1986: 188).

Um modelo de perfeição, um modo de vida totalmente harmonizado com os desígnios do Criador, Cluny foi um dos maiores projetos monásticos de todos os tempos. Desde sua fundação em 932, a abadia não parou de crescer. Doado em 910 (ou 909) por Guilherme, mais tarde chamado de o Piedoso, duque da Aquitânia e conde de Mâcon, o domínio (villa) encontrava-se ao sul da Borgonha, no Saône e Loire, próximo do Ródano (MARTÍNEZ, 1997: 192).

Havia uma capela no local (chamada de Cluny A) - as escavações arqueológicas dataram-na entre os séculos VI e VIII (IOGNA-PRAT, 1998: 107).

Chegaram seis monges, liderados por Bernon (910-924), abade de Baume e Gigny, que se propôs construir um pequeno santuário (chamado pelos especialistas de Cluny I), com 35 metros de comprimento (HEITZ, s/d: 132).

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Cluny, a Jerusalém celeste encarnada (1)


Houve uma igreja medieval que foi a maior ‒ e no juízo dos contemporâneos ‒ a mais bela e esplendorosa da Idade Média.

Ela foi uma obra prima do estilo românico e dela brotou o estilo gótico.

Foi a igreja abacial de São Pedro de Cluny, mais conhecida como Cluny III, pois foi a terceira de uma série construída, uma após a outra, no mosteiro de Cluny, na Borgonha‒França. Cluny foi a mais grande, deslumbrante, poderosa e influente abadia da Era da Luz.

A Basílica de São Pedro no Vaticano foi feita do tamanho atual para superar a Cluny III e poder ser o maior templo da Igreja Católica e da Cristandade.

De São Pedro de Cluny hoje só ficam ruínas como resultado do feroz ódio anti-cristão da Revolução Francesa.

Entretanto, o mito da fantástica abadia, coração monacal da Europa medieval, não só não morreu, mas tem surpreendente renascer no século XXI.

O prof. Ricardo da Costa elaborou valioso estudo sobre aquela que foi considerada a “Jerusalém celeste encarnada”, e do qual reproduzimos excertos nos posts seguintes.



(No tempo da fundação de Cluny) O mundo religioso também enfrentava uma grave decadência, especialmente após a dissolução do Império Carolíngio e os ataques vikings no final do século IX.

Brasão da abadia de Cluny: as chaves de São Pedro e uma espada.
Abadias foram destruídas, comunidades dispersadas, a Regra de São Bento esquecida. Ermentário, um monge de Saint-Philibert de Noirmoutier, escreveu em meados do século IX:

O número de navios aumenta; a multidão inumerável de normandos não pára de crescer; de todos os lados cristãos são vítimas de massacres, pilhagens, devastações, incêndios (...) tomam todas as cidades que atravessam (...) muitas cinzas de santos são roubadas (...) quase não há localidade, nenhum mosteiro que seja respeitado, e raros são aqueles que ousam dizer: fiquem, fiquem, resistam... (citado em D'HAENENS, 1997: 89)

Cluny III, imagem de sintese
Marc Bloch chegou a afirmar que a desordem resultante das tormentas vikings e magiares do século IX deixou o corpo social do ocidente medieval “coberto de feridas”; a vida intelectual sofreu muito com isso, pois o monarquismo decaiu profundamente (BLOCH, 1987: 57).

O papado também sofreu: no início do século XI, estava dominado pela nobreza germânica, que elegia e depunha papas a seu bel-prazer. Por sua vez, corruptos e devassos, os papas distinguiram-se por suas orgias e subornos.


Simonia e nepotismo, desejo de possuir coisas impuras: cupiditas (DUBY, 1992: 51). Pecado capital. Escândalo. João XII (955-964), por exemplo, foi acusado por seus cardeais de subornar bispos, cometer adultério com a concubina de seu pai e incesto com sua mãe; Benedito IX (1032-1044), igualmente devasso, vendeu o cargo a Gregório VI (1045-1046) por moedas de ouro, sendo deposto por isso (DUFFY, 1998: 87).

Senhores feudais também indicavam abades para os mosteiros, apropriando-se de suas rendas. Parecia que o mundo espiritual estava irrevogavelmente destruído. Fim dos tempos, apocalipse. São Eudes de Cluny (†942) disse:
...alguns clérigos desconsideram tanto o Filho da Virgem que praticam a fornicação em suas próprias dependências, até mesmo nas casas construídas pela devoção dos fiéis a fim de que a castidade possa ser conservada dentro de seus recintos cercados; inundam-nas com tanta luxúria que Maria não tem lugar para deixar o Filho Jesus (citado em DURAND, s/d: 475-476) Obs: Freqüentemente Eudes é mencionado como Odon).