Luzes de cores de um vitral batem no muro interior da catedral |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Numa catedral gótica há uma coisa que está tão bem imbricada que as pessoas não percebem bem. Não é uma contradição, mas é a antinomia.
Na catedral há um magnífico paradoxo feito de harmonias extraordinárias.
Imaginemos um vitral soberbo numa hora em que o sol penetra na catedral.
Penetra um esplendor que dá tudo quanto a criação feita por Deus e aprimorada pelo talento humano pode dar de luminoso, vivo, positivo e maravilhoso.
Isso é o contributo do vitral.
Enquanto o vitral é esplendoroso de alegria, a parte de pedra da catedral é plutôt recolhida, discreta, meditativa, esforçada, penitencial, monacal.
Pondo no monacal essa carga do homem que em ordem e com muita linha carrega uma dor, um peso, um fardo um sofrimento.
Há uma superior harmonia entre os aspectos gaudiosos, esplendorosos e ressurgentes da vida humana e os aspectos tristonhos, discretos, sofridos, amargurados que a vida humana comporta também.
Quando o sol sai, as colunas continuam meditativas, saudosas, sofridas, aguentando o peso do teto, da torre, de tudo, numa fidelidade incomovível, até o momento em que o sol volta a brilhar de novo e elas se acendem e tomam ânimo para continuar.
O sol não seria bem compreendido a não ser pela penumbra das ogivas.