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terça-feira, 19 de outubro de 2021

Paradoxo harmônico da catedral gótica: esplendor dos vitrais X penumbra da pedra

Luzes de cores de um vitral batem no muro interior da catedral
Luzes de cores de um vitral
batem no muro interior da catedral
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Numa catedral gótica há uma coisa que está tão bem imbricada que as pessoas não percebem bem. Não é uma contradição, mas é a antinomia.

Na catedral há um magnífico paradoxo feito de harmonias extraordinárias.

Imaginemos um vitral soberbo numa hora em que o sol penetra na catedral.

Penetra um esplendor que dá tudo quanto a criação feita por Deus e aprimorada pelo talento humano pode dar de luminoso, vivo, positivo e maravilhoso.

Isso é o contributo do vitral.

Enquanto o vitral é esplendoroso de alegria, a parte de pedra da catedral é plutôt recolhida, discreta, meditativa, esforçada, penitencial, monacal.

Pondo no monacal essa carga do homem que em ordem e com muita linha carrega uma dor, um peso, um fardo um sofrimento.

Há uma superior harmonia entre os aspectos gaudiosos, esplendorosos e ressurgentes da vida humana e os aspectos tristonhos, discretos, sofridos, amargurados que a vida humana comporta também.

Quando o sol sai, as colunas continuam meditativas, saudosas, sofridas, aguentando o peso do teto, da torre, de tudo, numa fidelidade incomovível, até o momento em que o sol volta a brilhar de novo e elas se acendem e tomam ânimo para continuar.

O sol não seria bem compreendido a não ser pela penumbra das ogivas.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Catedral: símbolo do motor imóvel

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Podemos imaginar uma catedral gótica para a qual estão fazendo um vitral.

Então fica, durante décadas, um espaço aberto para a rosácea. Passa passarinho lá dentro, entra corvo, vento, tempestade, chuva, tudo.

Mas, numa bela manhã, o vitral está pronto e vai ser instalado. Do lado de fora estão os andaimes.

Por fim, o vitral acaba sendo instalado e há uma festa. No dia seguinte começa a vida do vitral dentro da Igreja semi-vazia.

Ele começa a refulgir de acordo com as várias horas do dia. E inicia-se a história interminável dele, porque cada dia passado na catedral é uma história que acontece.