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terça-feira, 23 de maio de 2023

A catedral, poderosa nave da Salvação

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




O artista medieval não era nem um rebelde, nem um “filósofo”, nem um precursor da Revolução.

É suficiente apresentá-lo como ele realmente era: simples, modesto e sincero.

Ele era um dócil intérprete das grandes idéias que para conseguir representar, ele engajava todo seu engenho. Era-lhe concedida pouca margem para a invenção.

A Igreja confiava à fantasia individual do artista apenas pequenas peças puramente decorativas.

Mas, ele tinha jogo livre para aplicar sua força criativa e tecer grinaldas com todas as coisas vivas para adornar a casa de Deus.

Plantas, animais, todas essas belas criaturas que suscitam curiosidade e ternura na alma da criança e do simples tomavam forma em seus dedos.

Por obra dele a catedral transformava-se numa coisa viva, uma gigantesca árvore transbordante de pássaros e flores, menos parecida a uma obra humana do que à natureza.

A convicção e a fé perpassavam a catedral de ponta a ponta. Até o homem moderno fica profundamente impressionado pela serenidade desde que queria em alguma medida se submeter à sua influência.

Ali as dúvidas e teorias humanas devem ser esquecidas por um certo tempo.

Vista de longe, a catedral com seus transeptos, agulhas e torres parece uma nave poderosa prestes a partir para uma longa viagem.

E toda uma cidade pode embarcar cheia de confiança em seus imensos conveses.

Quando o viajante se aproxima dela a primeira coisa com que se depara é a figura de Cristo, da mesma maneira que todo homem nascido neste mundo O encontra através de sua viagem pela vida.

Ele é a chave do enigma da vida.

Juízo Final, detalhe. Abadia de Saint-Foy, Conques, França.
Juízo Final, detalhe. Abadia de Saint-Foy, Conques, França.
Em torno d’Ele está escrita a resposta a todas as interrogações do homem.

O cristão apreende como o mundo começou e como vai acabar.

E as estátuas que simbolizam as diferentes idades do mundo lhe instruem sobre sua duração.

Diante de seus olhos estão todos os homens cuja história teve importância e que ele deve conhecer.

Trata-se daqueles que sob a Antiga ou a Nova Lei foram tipos de Cristo, por quem só vale a pena viver posto que participam da natureza do Salvador.



(Autor: Émile Mâle, “A arte religiosa na França no século XIII”, apud “The Dawson Newsletter", Summer 1993).




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terça-feira, 16 de maio de 2023

SANTIAGO DE COMPOSTELA:
fachada barroca e interior românico

A fachada da catedral apresenta uma sobrecarga fantástica,
mas ordenada, bonita e grandiosa.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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sócio do IPCO,
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Externamente, a catedral parece com uma sobrecarga fantástica.

Mas depois que a gente habitua bem a vista, percebe que essa sobrecarga é ordenada, bonita e grandiosa.

Internamente o problema não se põe. Ela é românica, anterior à fachada, e muito ordenada e bonita.

Pormenor muito espanhol: não tem vitrais. Tudo é murado.

Mas tem uma clarabóia bem estudada, por onde entra luz suficiente para a catedral inteira.

A imagem famosa de Santiago está no subterrâneo.

Os restos mortais do Apóstolo estão numa urna funerária muito bem trabalhada, pré-gótica, já anunciando o gótico; talvez de ouro.

Depois, pregada na parede, em cima, um pouquinho sem jeito, uma estrela de ouro que uma pessoa que não conheça História não percebe bem por que é que está lá.

Mas vem da origem do nome da cidade, "Campus stelle", o "Campo da Estrela": uma estrela indicou onde o corpo de Santiago Matamoros estava.

Depois, um altar-mor à la Bernini, o mais desgracioso e feio possível. Um órgão também lamentável, muito feio, tudo à la Bernini.

A gente vê que é muito posterior. Se a mulher do rei Carlos IV que aparece num quadro do Goya tivesse dons artísticos, ela desenhava esse altar e esses tubos. Um pesadelo de louco!

Há capelas laterais muito bonitas. E no centro, a meio termo entre o altar-mor e a porta de entrada, na nave que corresponde ao Evangelho, uma capela do Santíssimo Sacramento, do século passado, ou começo deste século, com exposição permanente do Santíssimo.

Urna de Santiago Apóstolo.
É um ambiente de adoração que realmente dá gosto de ver, muito bonito e piedoso; com uma imagem do Sagrado Coração de Jesus muito piedosa e muito digna. Eu pensei em mamãe logo que vi.

O que é uma maravilha é uma imagem mais bem pequena de Nuestra Señora del Perdón, que se encontra no lado externo de uma das paredes da capela do Santíssimo.

É do gênero da imagem medieval de Toledo Virgen Blanca, em madeira, é um encanto.

O altar principal tem três imagens de Santiago.

No mais alto do mais alto está Santiago Mata-mouros.

Tudo muito correto, digno, para quem não tem espírito liberal.

Altar mor com o busto do Apóstolo Santiago que os peregrinos costumam abraçar chegando por trás
Altar mor com o busto do Apóstolo Santiago que os peregrinos costumam abraçar chegando por trás
Há uma escada monumental na entrada, e pessoas entram sob um arco que há embaixo da escada. Por quê?

Era porque embaixo tem uma capelinha, em estilo românico, construída por Carlos Magno.

Eu fiz questão de visitar e rezar lá, porque queria prestar homenagem ao Imperador Carlos.

Meu culto a Deus Nosso Senhor foi glorificado por esse grande homem.


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira. Texto sem revisão do autor).


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terça-feira, 2 de maio de 2023

Aquisgrão: onde o imperador trocou o cetro pelo Crucifixo

Aquisgrão: interior da catedral
Luis Dufaur
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No ano de 1273, o arcebispo de Colônia sagrava na catedral de Aquisgrão (Aix-la-Chapelle em francês ou Aachen em alemão) o imperador Rodolfo de Habsburgo.

Terminada a cerimônia, o imperador, de cetro em punho, devia dar aos príncipes a investidura de seus domínios.

Como não foi possível encontrar logo o cetro, Rodolfo, tomando o crucifixo de prata do altar, disse:

Aquisgrão: trono do imperador Carlos Magno
feito com lajes do palácio de Pilatos
“Esta é a bandeira d’Aquele que derramou todo o seu Sangue por nós; é o sinal da Redenção, fonte de paz e de todo o direito. Este será também o meu cetro contra os inimigos meus e os do império.”

Esta confissão de fé causou em todos grande impressão, aumentando a veneração pelo imperador, a quem Deus concedeu um reinado próspero e afortunado sob a proteção da Cruz.



(Fonte: Tesouro de Exemplos — volume II – Pe. Francisco Alves — C. SS.R. — Ed. Vozes Ltda. — Petrópolis, RJ — 2a Edição — 1960, p. 206)




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terça-feira, 18 de abril de 2023

Catedral de OURENSE: o Pórtico do Paraíso

Pórtico del Paraiso da catedral de Ourense
Pórtico del Paraiso da catedral de Ourense
Luis Dufaur
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Segundo uma antiga lenda, a catedral de Ourense foi mandada construir por um rei suevo, povo que ocupava o norte da península ibérica.

O nome do rei era Carriarico, quem, tendo enfermado seu filho, pediu a intercessão de São Martinho de Tours e foi ouvido. SOBRE SÃO MARTINHO DE TOURS VEJA MAIS CLICANDO AQUI

Em agradecimento, o rei mandou construir um templo no lugar onde se encontra agora a catedral.

Séculos depois vieram os muçulmanos que em alguma de suas incursões destruíram o velho e venerado templo.

Em substituição se decidiu levantar a atual catedral em estilo românico, cuja construção se estendeu durante os séculos XII e XIII. A planta da catedral desenha uma cruz latina com três naves.

A construção começou em 1160 e em 1188 foi consagrado o altar- mor, retomando-se as Missas. A catedral foi terminada no século XIII.

A entrada da catedral se faz pelo Pórtico do Paraíso, o qual lembra o Pórtico da Glória da Catedral de Santiago de Compostela, também na Galícia.

Este Pórtico, ricamente colorido, nos recorda que a catedral é a porta do Céu, ao qual nos conduz se formos sensíveis aos apelos da graça divina que batem em nossas almas.

O esplendor das cores, a alegria profunda e sincera dos santos e dos anjos esculpidos, a ordem rigorosa, mas jeitosa, hierárquica e proporcionada das figuras nos anunciam o gáudio eterno dos bem-aventurados na Corte Celeste.

Catedral San Martiño de Ourense, fachada
Catedral San Martiño de Ourense, fachada
E também nos dão uma lição de como deve ser o feitio de alma dos católicos e do bom ordenamento nas suas relações nesta Terra, na ordem temporal e, especialmente, na Igreja

Trata-se de um dos melhores conjuntos escultóricos das catedrais galegas.

Entre 1499 e 1505, Rodrigo de Badajoz mandou construir uma grande torre no ponto em que se cruzam os dois corpos da catedral para formar uma cruz.

A catedral tem também duas capelas de excepcional valor e originalidade.

A mais importante é a do Santo Cristo. Nela se venera um Crucificado com uma força de expressão tão intensa que se chega a dizer que nele a barba cresce.

O ouro brilhando sobre cores escuras, a capela de pequena altura e quase sem janelas, como é costume no estilo românico, convidam a uma intimidade intensa com o Redentor.

A piedade que inspira esta imagem sempre atraiu a devoção dos que ali concorrem a implorar suas graças em meio às dificuldades, doenças e privações.

No Museu Catedralício se conserva o “Tesouro de São Rosendo” cuja principal relíquia é o Báculo de São Rosendo.

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Este santo monge beneditino foi famoso pelo seu caráter paternal e sua solicitação para com os débeis e desvalidos.

Nascido em berço de alta nobreza, foi árbitro político nas lutas entre os reis galegos.

Ele assumiu o governo de uma terra agitada pela rebelião e a conspiração. Liderou a nobreza galega na sua luta contra a invasão dos pagãos normandos de Gunderedo (968).

E foi bispo de Santiago de Compostela até se retirar no convento beneditino de Celanova, onde faleceu santamente no ano de 977.



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