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quarta-feira, 18 de julho de 2018

O simbolismo das catedrais góticas

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






O simbolismo das catedrais escapa ainda à ciência moderna, embora nos últimos anos se tenha dado um grande passo em frente, graças sobretudo aos trabalhos admiráveis de Emile Mâle.

Descobriu-se recentemente o simbolismo das pirâmides do Egito, e deve-se ver nelas o testemunho de uma ciência muito profunda, de autênticos monumentos de geometria, matemática e astronomia, embora ressalvando os exageros de alguns ocultistas.

Resta-nos descobrir o simbolismo das catedrais, dessas igrejas familiares que são um apelo à oração, ao recolhimento, talvez à mais maravilhosa das sensações humanas, que é o espanto.

Estamos longe de dominar o seu segredo.

Ainda não penetramos a fundo no porquê dos pormenores de arquitetura ou de ornamentação que as compõem, apenas sabemos que todos esses pormenores tinham um sentido.



Não há uma única dessas figuras — que rezam, fazem carantonhas ou gesticulam — colocada gratuitamente, todas possuem a sua significação e constituem um símbolo, um signo.

Nos vitrais, os nossos sábios ainda não foram capazes de descobrir a sua completa interpre¬tação, embora os simples camponeses lessem neles como num livro.

Nem sempre conseguimos identificar esses rostos, que outrora uma criança teria podido nomear.

Sabemos que as nossas catedrais estavam orientadas, que o seu transepto reproduz os dois braços da Cruz, mas faltam-nos ainda muitas noções para podermos penetrar no seu mistério.

A construção das catedrais participa da ciência dos números, esses números que são a harmonia do mundo, e que foram consagrados pela liturgia católica.

0 3 é o algarismo da Trindade, algarismo divino por excelência, que reconduz tudo à unidade e representa as três virtudes teologais.

0 4 é o algarismo da matéria: dos quatro elementos; dos quatro temperamentos humanos; dos quatro evangelistas tradutores da palavra de Deus; das quatro virtudes cardeais, que devem ser praticadas pelo homem na condução da sua vida terrestre.

0 7, que alia o divino ao humano, é o algarismo de Cristo, e depois dele o algarismo do homem resgatado: os quatro temperamentos físicos unidos às três faculdades mentais (intelecto, sensibilidade, instinto).

Ao mesmo tempo, uma outra combinação de 3 e 4 dá 12, o algarismo do universo, dos doze meses do ano, dos doze signos do zodíaco, símbolo do ciclo universal.

O nosso sistema métrico não tomou em conta esses “números-chave”, mas deve-se observar que a atual numeração, um tanto abstrata e rudimentar, não conseguiu adaptar-se, por exemplo, às fases solares e lunares, e continua a ser suplantada em quase toda parte, nos campos, por medidas ao mesmo tempo mais simples e mais sábias.

Tudo isso deixa entrever uma ciência oculta, mais profunda do que se tinha podido suspeitar até agora.

E a iconografia, que na sua forma científica está ainda no começo, poderá abrir dentro de pouco tempo perspectivas ainda ignoradas.


(Fonte: Régine Pernoud, “Lumière du Moyen Âge”, Bernard Grasset Éditeur, Paris, 1944)


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2 comentários:

  1. Algumas dessas catedrais eu tive a oportunidade de conhece-las. Há sempre incógnita no estilo da construção em cada uma delas. O estilo parece até que predominava o que rolava na época.
    O trabalho de vocês é sem dúvida sensacional, pois mostra ao mundo relíquias do passado em forma de monumentos, o que faz aumentar a fé de cada católico pelo fato de antes e hoje existir sempre alguém que elevam o nome de Cristo a tão elevado patamar, as catedrais, sim, são espaços sagrados que merecem o nosso respeito e admiração.
    Parabéns!

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  2. Olavo de Carvalho, no livro "A Filosofia e seu Inverso" cita o autor Jean Hani, que pesquisou os edifícios sacros. Ainda comprarei o livro de Hani, mas adianto que ele também vê a necessidade de compreender a lógica das construções sacras, que são uma forma de integração e de ver o mundo. Esse é um dos motivos de ele, Olavo, haver criticado a Catedral de Brasília, de Niemeyer. Uma obra moderna e diferente, mas nada em comum com a razão de ser das catedrais. Nela não há os símbolos e a geometria de natureza cosmológica necessária pata torná-la sacra. É uma construção de caráter religioso apenas.

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