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terça-feira, 18 de março de 2025

NOTRE DAME de Paris: catedral flagelada como Cristo na Paixão

Parecia o golpe final para uma catedral profanada em séculos de Revolução
Parecia o golpe final para uma catedral
profanada em séculos de Revolução
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Séculos de Revoluções igualitárias e anticristãs maltrataram de todas as formas a catedral, relegando-a a mero objeto de visita e lucro de turistas estrangeiros.

Se ela tivesse voz e fosse prantear esses atentados, como Jó em suas lamentações, teria derramado bramidos de dor pela crise que consome a Santa Igreja Católica Romana nestas últimas seis décadas, atiçada pela “fumaça de Satanás”.

Esse fumo satânico progressista rumava para removê-la com o ódio participativo da crucificação de Nosso Senhor Jesus Cristo no alto do Calvário.

O diretor da série “Figaro Hors-Série”, Michel De Jaeghere, registrou em suas páginas a surpreendente contradição: o incêndio, que foi de molde a ser o tiro final na venerável estrutura gótica, “nos fez amá-la como nunca [...] teve um impacto que surpreendeu até mesmo seus admiradores mais fervorosos. A emoção pareceu dominar o mundo inteiro” .

O efeito da sua tragédia foi tal, que um artigo publicado nos Emirados Árabes chegou a confessar entre os vapores tóxicos do Islã que “Notre-Dame representa uma realidade mais profunda além do borrão de nossas vidas” .

O mesmo De Jaeghere condensou os atrozes crimes contra Notre-Dame, símbolo acabado da Igreja, e a civilização cristã que ela inspira.

Crimes históricos religiosos e temporais praticados na mais vil indiferença daqueles que deveriam custodiá-la.

Os governos monárquicos de Luís XV e Luís XVI aprovaram projetos para a demolição da catedral a fim de, na melhor das hipóteses, substituí-la por um templo de estilo grego.

A Revolução — que acabou travando o projeto dos reis — destruiu a Bastilha, continua De Jaeghere, desmantelou igrejas e conventos veneráveis para entronizar uma megera seminua como “deusa Razão” na catedral bendita.

A catástrofe tocou os corações e os mudou
A catástrofe tocou os corações e os mudou
Arrasou o palácio do Templo onde Luís XVI, Maria Antonieta e seus filhos se prepararam para o cadafalso ou para o pior dos destinos; Haussmann destruiu a Paris da Idade Média (16 igrejas demolidas só na Île-de-la-Cité) para construir bulevares; a Terceira República arrasou o palácio real das Tulherias.

Ainda hoje, observa ainda De Jaeghere, tudo se faz na França — e, no mundo por imitação — para apagar nossas raízes cristãs, repudiar a moral da Igreja, chegando a incluir o aborto como direito humano na Constituição.

Fato, aliás, comemorado pelo presidente Emmanuel Macron em discurso no templo do Grande Oriente da França.

Apenas 6,6% dos fiéis frequentam todo domingo as cerimônias para que foi feita Notre-Dame, 2% na mais recente enquete.

E menos de 25% dos bebês recém-nascidos são batizados, enquanto as ruas se enchem de adeptos do Islã rezando o Corão, que manda massacrar ou escravizar os cristãos.

Notre-Dame, símbolo da França cristã, tinha virado o santuário de uma religião abandonada, tolerado como prédio pelo retorno que deixavam os 13 milhões de turistas que a visitavam por ano.

A França oficial agia como se seu passado católico não valesse mais e o culto dos Direitos Humanos fosse a última palavra.

A União Europeia lhe garantia viver em função do estômago, satisfazendo apenas volúpias e instintos primitivos.

O palácio real de Versalhes virou museu, os castelos dos príncipes foram confiscados para deleite dos passeios turísticos, e os franceses desfrutavam visitando castelos transformados em monumentos nacionais, completa De Jaeghere.

Misteriosa mudança


Mudou o modo de respeitar a herança católica medieval.
Mudou o modo de respeitar a herança católica medieval.
Entretanto, o colapso de Notre-Dame foi ocasião de uma inversão tendencial profunda.

Como numa espécie de Juízo Particular, o incêndio fez aparecer diante da França e do mundo, numa só imagem, a imensidade de todas essas negações revolucionárias e a dureza de coração de séculos de indiferença. Essa imagem “de repente nos horrorizou”, disse De Jaeghere.

Seus restos ainda fumegavam quando se manifestou uma “paixão” pela ressurreição da catedral-mãe, que foi um antídoto contra os venenos que desumanizam as nossas sociedades, escreveu o diretor do “Figaro Hors Série”.

A indiferença “foi substituída por um respeito amoroso pelo passado”, choveram as doações de dinheiro, sem que ninguém reclamasse um tostão do Estado.

Até os que não ligavam para ela, se interessaram por ela
Até os que não ligavam para ela, se interessaram por ela
O presidente Macron, no discurso do 7 de dezembro, falou em 340 mil doadores voluntários de 150 países, com destaque para os EUA, desde aquele que contribuiu com uma moeda até os mecenas franceses que ofereceram milhões de euros.

O presidente francês, continuador dos crimes históricos acima mencionados, confessou que o mundo reconheceu que Notre-Dame, prodígio arquitetônico da Santa Igreja, era a alma da França e da civilização ex-cristã.

“Ela é maior do que nós”, concluiu.


Aplicou-se o dito do famoso e controvertido escritor Antoine de Saint-Exupéry: “Qualquer pessoa cujo coração esteja voltado para a construção de uma catedral já é um vencedor”, a França católica começou ganhando.



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