Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Meçam a espessura da parede!
Quantos santos ou anjos há em pé! É extraordinário!
Entretanto, não são mais que alguns pormenores da catedral de Bourges, na França.
Essa catedral está dedicada a Santo Estêvão, o primeiro mártir cristão, e por isso conhecido também como protomártir.
A catedral de Bourges é considerada uma obra-prima da arquitetura gótica. Sua fachada tem 40 metros da largura sendo a maior nesse estilo.
A construção iniciou-se em 1195, praticamente ao mesmo tempo com a catedral de Chartres.
O coro (parte atrás do altar mor), foi completado em 1214; a nave (que é a parte maior) em 1225.
A fachada, mais rica e complicada foi terminada em 1250.
O todo, que inclui torres e anexos, foi consagrado em 13 de maio de 1324.
A parte que toca no chão são coluninhas vazadas, muito delicadas, que foram por sua vez esculpidas.
É quase que uma orgia de trabalho, de dedicação, uma extraordinária manifestação de fé.
No centro da fachada, sem considerar as portas, o grande ponto de convergência da decoração é a rosácea grande em cima.
Depois há um espaço liso, e depois para baixo começam ogivas. Espaço livre é quase nenhum.
Todas essa partes laterais estão para a rosácea, como as portas laterais estão para as portas do centro.
A rosácea é a rainha com suas damas.
A catedral de Bourges é a expressão arquitetônica do espírito hierárquico de sua época.
Tudo nela é hierarquia, classe, categoria.
É o espírito da Idade Média.
As catedrais eram feitas para conter a população inteira da cidade. A cidade inteira era católica.
A igreja é o palácio de Deus, e no palácio de Deus deve haver um lugar de destaque para o rei, ou para o senhor feudal, para as autoridades municipais, sobretudo para as autoridades eclesiásticas, mas deveria caber o povinho de Deus inteiro.
Será que esta catedral se enche hoje como se enchia outrora? Eu temo que não.
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Dividindo as portas há um símbolo muito bonito.
Os medievais poderiam ter feito um portal só mas eles fizeram duas portas.
Separando as duas portas há uma colunazinha com uma imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo, e um dossel sobre a imagem dEle.
A ideia era apontar aos que entravam Cristo como divisor dos caminhos.
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Esses são chamados botaréus, do lado de fora da igreja.
Os medievais não conheciam bem os cálculos necessários para garantir a estabilidade do edifício.
Do lado de fora punham esses arcos para evitar que o edifício ruísse.
São verdadeiras escoras colocadas de encontro à cúpula central da catedral.
Mas as escoras são tão bonitas, elegantes e leves, que se pensasse em tirá-las, os artistas do mundo inteiro protestariam.
De fato, esses botaréus resultam de um desconhecimento de certas regras de cálculo. Mas quando se tem uma grande alma até o não-conhecer leva ao belo.
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Os vitrais de Bourges são verdadeiros vitrais. Não é vitralzinho marca zero. Aquilo é mesmo vitral! É de se ficar maravilhado.
Formam verdadeiras rendas de vidro. Neles há um porção de figurinhas que se movem, falam, gesticulam.
Em geral são episódios do Antigo e do Novo Testamentos mais alguns episódios históricos da Cristandade e da vida dos santos.
Na última divisão há um tampo de uma sepultura que está abrindo, e os mortos estão saindo por ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo para o Juízo Final.
A cruz está presente em tudo. Cada divisão é dominada por uma cruz.
Notem aquele azul. Um azul profundo! Lindíssimo! Lembra o azul de certas asas de borboletas do Brasil.
No centro do vitral da rosácea há uma figura: é o Cristo gladífero de que nos fala o Apocalipse.
A combinação de cores maravilhosa encanta a gente!
Dentro desses virais tem lições para quem?
Para os analfabetos! Os que não sabiam ler e escrever tinha uma verdadeira Bíblia nos vitrais.
GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS ORAÇÕES HEROIS CONTOS CIDADE SIMBOLOS
Minha opinião com eles pode construí um catedral
ResponderExcluirPode sim
ExcluirOs comentários é muito bom
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