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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O mistério de Dijon: o campanário foi feito pelas fadas ou pelos anjos?

Dijon, a cidade dos cem campanários: a catedral no fundo, São Filiberto na esquerda

Catedrais e igrejas têm também histórias, fatos e lendas para contar.

Entre muitas, está a história do campanário da igreja de São Filiberto, muito próxima da catedral Notre Dame de Dijon, capital da Borgonha, na França.

  “Dijon é a cidade dos cem campanários!”

Esta exclamação histórica foi pronunciada no topo da fortaleza de Talant pelo rei Francisco I assim que ele descobriu a seus pés o espetáculo inesquecível da capital da Borgonha – França – emergindo da bruma matinal.

Foi numa manhã de 1515. Grande mecenas das artes durante o Renascimento, Francisco I partia com um exército rumo à Itália.

São Benigme
Porém, sua famosa exclamação não foi tão original, pois toda cidade de alguma importância desenvolvida na Idade Média havia sido louvada em termos análogos.

Pois ao se considerar os campanários de suas catedrais, igrejas paroquiais, abadias e capelas, conventuais ou privadas, não se conseguia contar o número.

Naquela época a França era com toda razão reconhecida como a filha primogênita da Igreja.

Catedral Notre Dame e a torre do relógio
Os campanários de Dijon são em geral cobertos com telha ou ardósia.

Alguns deles, entretanto, eram protegidos por chapas de pedra conhecidas como “laves”.

Um campanário apresenta características muito peculiares.

O da igreja de São Filiberto, por exemplo.

Essa igreja se ergue à sombra da catedral, edificada por volta do ano mil pelo arquiteto italiano Volpiano.

Alguns séculos depois, os noviços da abadia de São Benigno quiseram construir uma igreja mais “ao vento”, “na moda” da época.

E encomendaram o projeto a um arquiteto da região.

Tinha que ser uma igreja nova, sem os "vestígios obsoletos do passado".

O arquiteto quebrou a cabeça para conceber um prédio segundo a moda nova: de estilo humanista, que ressuscitava o velho estilo romano pagão.

São Filiberto e seu campanário de lenda
A tarefa não era simples, pois devia ser discreto, não derrubando a igreja já existente e fingindo manter o estilo e a originalidade da Borgonha.

Afinal o novo santuário ficou quase pronto, com um detalhe importante: para satisfazer à ânsia de modernidade e originalidade, não possuía campanário.

Os habitantes de Dijon eram muito ciumentos de seus abençoados sinos e dos respectivos campanários.

E eles contavam que, na noite anterior à consagração do templo, fadas ou anjos – as opiniões divergiam sobre este ponto especial – combinaram entre si edificar eles mesmos a torre que o capricho dos homens eivados de Renascença recusava.

E trabalharam até a madrugada.

Quando o carrilhão da abadia de São Benigno começou a chamar os monges para a recitação de Matinas, a surpresa estava ali.

Desenhando seu perfil na noite, um campanário se erguia aos céus onde não devia haver nenhum!

Na manhã cedinho, a nova igreja de São Filiberto ostentava o mais brilhante campanário da cidade.

Ele estava feito inteiramente com pedra entalhada, mas trabalhado com tanta perfeição, arte e detalhe que parecia feito de renda.

Com um particular: em virtude de um senso de hierarquia bem graduado, o novo campanário, resplandecente de alvura, fora feito com o cuidado de não ficar mais alto que o da catedral, mãe de todas as igrejas da diocese.


(Fonte: Sophie e Béatrix Leroy d’Harbonville, “Au rendez-vous de la Légende Bourguignonne”, ed. S.A.E.P., Ingersheim 68000, Colmar, França)






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Um comentário:

  1. Interessantíssima a lenda da Catedral de São Feliberto, em Dijon. Vou aprendendo muito com vocês, responsáveis pelas Catedrais Medievais, época pela qual sou fascinada.
    Muito obrigada! Desejo-lhes um bom dia e que continuem a enviar-me esses maravilhosos e-mails. :-)

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