Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Por mais que se tente completar as torres de Notre-Dame — talvez um grande arquiteto consiga — não se chega a nenhuma solução satisfatória.
Isso quer dizer que, à maneira de negação, tem-se uma certa noção da torre que se poria lá.
Mas não é nenhuma das que cogitamos.
O que tem a catedral de Notre-Dame que a mim me delicia, me subjuga e me assume, é que aquilo, como está, é tão bonito, que se diria que não se pode pôr nada mais além daquilo.
Ora, era para pôr! Logo, o acréscimo tem que ser um bonito na linha gótica.
Tem que ser a culminância perfeita que daria toda a beleza da catedral.
Quem o fizer merece um prêmio.
Olhando para as torres inconclusas percebe-se que seria possível haver uma culminância suprema.
Mas que não é como nenhuma das torres que habitualmente se poriam.
Olhando para as torres nós podemos apanhar apenas uma insinuação de como elas deveriam ser, se bem feitas.
Agindo assim, nós temos algo à maneira de um conhecimento metafísico.
E nós conhecemos essas torres ideais que não foram feitas mais à maneira de negação, dizendo:
“Não, não seria esta; não seria aquela, não seria aquela outra”.
E assim nós nos formamos uma ideia de como elas seriam.
E isso nos entusiasma.
Esse entusiasmo pelo que conhecemos apenas negativamente nos dá algo da centelha do absoluto refletindo nas torres inacabadas da catedral de Paris.
O arquiteto Viollet-le-Duc em ponto pequeno, percebeu algo desse absoluto na hora de restaurar a agulha da catedral e cuja altura aumentou.
Não se atreveu, porém a completar as torres da fachada.
Nota: Eugène Viollet-le-Duc (18141879), arquiteto francês, restaurou um grande número de monumentos da Idade Média.
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