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terça-feira, 10 de março de 2020

O espírito que deu alma às catedrais medievais

Beauvais, catedral São Pedro

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







O espírito épico é como um prisma que permite interpretar a Idade Média.

Os historiadores hodiernos, entretanto não sabem discerni-lo. E nos seus relatos esse espírito épico está volatilizado.

Entretanto, este é verdadeiramente o prisma para estudar a Idade Média.

Cada vez mais nós estamos caindo em estudos de caráter puramente historicista, e econômico, e político. Mas desprovidos de alma.

O resultado é que o aluno sente confusamente que o historiador no pegou o fundo da coisa, não entendeu a alma da Idade Média. Então, o estudo fica cassetérrimo.

Os medievais trabalhavam com espírito épico. Esse espírito está presente até na hora de fazer um campanário ou uma catedral.

Eles, então, faziam uma obra para lá de arrojada em relação aos meios do tempo.



Reims, pórtico interior da nave centralNão só arrojada como proporções, mas arrojada como qualidade.

Por exemplo, nunca antes deles houve quem se entregasse ao ideal de transformar uma pedra numa renda.

A renda e a pedra são dois extremos opostos. Transformar pedra em renda é um arrojo medieval.

Como também pegar um pedaço de Céu e fixá-lo numa parede criando um vitral.

Esse foi outro dos muitos arrojos medievais.

Onde está o épico da catedral ou do vitral? Em construí-los desinteressadamente, com o único intuito de dar glória a um ideal.

Eles agiam como uma formiguinha que arrasta pedras para que esse ideal de beleza vencesse.

E o faziam com entusiasmo.

Assim realizavam algo quase inverossímil. Nisto está precisamente o épico.

É o épico, porque é uma coisa que exige um esforço levado ao máximo, para um ideal que está no extremo limite do concebível pelo homem, com uma desproporção de meios tremenda, e um desinteresse completo.

Aí está a definição seca, arqueológica e esquelética, mas verdadeira, do épico medieval.

E do épico bem entendido de todas as épocas.



(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 10 de abril de 1972. Sem revisão do autor)




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5 comentários:

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