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terça-feira, 9 de agosto de 2022

A luz fugidia dos vitrais falando de Deus

Luz de um vitral batendo na pedra do chão
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








A luz da graça que desceu no começo da construção da Cristandade foi se definindo à medida em que ia tomando conta a Civilização Cristã nascente.

E os artistas e o povo iam se enchendo cada vez mais dessa luz.

Por isso se podia dizer de muito católico medieval aquilo que por excelência se diz dos santos: “Ele é luz”.

Poderia se dizer: “A luz se chama fulano”.

A luz penetrava nele e parecia criada só para estar dentro dele.

Exatamente como num belo vitral onde bate um raio de sol: bate tão bem e passa uma luz tão bonita que se diria que o sol existe para enviar aquele raio para aquele vitral.

E quando a luz do sol atravessa o vitral, projeta no chão não sei que rubi, que esmeralda, que safira ou que topázio.

A impressão é que aquela luz existe para projetar aquela joia no chão. Ainda por cima, a luz vai andando e transformando cada centímetro do granito do chão sucessivamente em joia.

Até que, a tarefa cumprida, a joia vai se desbotando enquanto o sol vai saindo.

A gente já não vê a luz no chão, mas vê ainda o vitral e os últimos lampejos do dia que se manifestam naqueles pedaços que formam o vitral que encantou a gente: verde, vermelho, azul, amarelo, sei lá o quê.

A gente ainda olha.

Quando o sol se põe, a gente tem vontade de dizer:

“Eu também vou dormir, porque eu tive o meu dia cheio. Eu vi a joia passar pelo granito da Catedral!”

Esses encontros de alma definem a vida do católico, e como que falam para nós mais ou menos o seguinte:

“Você foi feito para isto; isto foi feito para você.

“E de tal maneira você ama isto, que se diria que isto existe para você, que isto é você, ou que você é aquilo.

“E quando você lembra daquilo, tem a impressão de ver aquilo que nem está presente, mas que está presente na sua alma.

“Dessa forma você vê, naquele jogo fugidio de cores, o próprio Deus de um modo mais belo que em qualquer realidade policromada e material que existe por aí”.



(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de conferência proferida em 13/10/79. Sem revisão do autor).




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