O palácio de Mont Stuart, Escócia tem sacralidade religiosa |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Pelas altas janelas, guarnecidas de vitrais, entra uma luz abundante mas suave, que se reflete no assoalho, no metal polido das armaduras e das panóplias, no bronze e no cristal dos imensos candelabros, e parece atingir a custo as nervuras e pinturas do teto.
As colunas, fortes e delicadas, se abrem ao alto como imensas palmeiras que protegessem a sala com sua ramagem de pedra, de linhas coerentes, nítidas e suaves.
A sala é fortemente impregnada de um ambiente peculiar, que convida a um repouso sem ócio nem dissipação, um repouso todo feito de recolhimento, gravidade, equilíbrio e força.
As armaduras, os veados empalhados, enriquecem este ambiente com o eco das proezas praticadas na caça e na guerra.
O lambris de madeira trabalhada quebra com sua delicadeza e aconchego o que a austeridade da pedra talvez tivesse de excessivo.
Ao fundo, sobre uma peanha, a imagem de um Santo atrai o pensamento para o Céu.
Sem dúvida esta sala espelha uma mentalidade, que poderá agradar a uns, desagradar quiçá a outros, mas que de um modo ou de outro soube dispor admiravelmente das cores e das formas para se exprimir.
É uma sala de uso civil quotidiano. Apresenta o ambiente em que o espírito de nossos maiores se sentia à vontade para viver a vida corrente.
Capela da Sainte-Chapelle irradia sacralidade para toda a arte católica |
Ela exprime a mesma mentalidade de Mont Stuart, não enquanto entregue à vida diária, mas enquanto voltada para a prece.
A nota de delicadeza atinge ao sublime. Nem por isto a força, o equilíbrio, a gravidade, o recolhimento perdem algo da sua plenitude. Eclesiásticos, artistas, peregrinos de lodos os séculos têm visto na Sainte Chapelle, no ambiente que nela palpita, na mentalidade expressa em suas linhas, suas cores, suas formas, sua configuração geral, a expressão arquetípica da alma cristã.
* * *
Cristã é a sala como cristã é a capela.
E isto não só pelo efeito das imagens e símbolos religiosos que ali se encontram, como pelo ambiente que ali se respira, pela mentalidade que fica subjacente a este ambiente.
De onde se chega a uma noção mais ampla.
Mont Stuart |
É preciso que seja católica a alma que na obra de arte palpita, para que esta se possa dizer genuinamente cristã.
E o ambiente cristão não é susceptível de impregnar apenas um edifício destinado ao culto, mas qualquer local que tenha em sua configuração a marca inconfundível com que a alma cristã exprime tudo quanto faz.
GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS ORAÇÕES HEROIS CONTOS CIDADE SIMBOLOS
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